sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Trajes novos


Estou despida do meu passado. Daquele que vesti diversas vezes. Dessa vez não. Resolvi mudar o look. Estou sem nada. Fico melhor assim. Sem a remenda antiga ou o traje sujo. Melhor minha pele límpida. Tal qual minha consciência. Fiz o que pude, dei o que tinha e parei quando não obtive retorno. Não me impressionei com as marcas e os contornos. Me interessa hoje o conteúdo e não o pano. Quero algo que caiba perfeitamente no meu coração. No tamanho exato do meu querer. Quero vestir algo que me sirva, e que eu também sirva para ele. Que sejamos trajes novos, não mais retalhos. Que me sirva o dele, e que nele eu vire um belo agasalho. E em todas as estações tenhamos tecido e tempo de tecer. O amor é uma roupa confortável capaz de renovar-se e ajustar-se ao inteiror do querer.

A.F.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Solar


Depois de toda chuva que molhou minha janela, o sol chegou de mansinho. Ele tocou primeiro a vidraça ainda embaçada, e depois seguiu o rumo até os móveis do meu quarto. Finalmente aqueceu-me lentamente. A sensação dele em mim era boa. O sorriso do sol me iluminava até no escuro de todo meu coração machucado. Ele veio e ficou. Ele não pediu nada, só quis me acompanhar. Viramos dias e manhãs de outono. Formamos arco-íris, quando em mim a chuva era saudade. Foi assim que fomos nos tornando um. O sol e eu. Eu era um sol e mal sabia. Ele me mostrou. A luz sempre esteve em mim. Eu sou meu próprio sol. Quero iluminar outros dias amenos. Novas chances quero dar. Novos céus e alegrias despertar. Sou sol do meu céu à espera de um novo astro para amar.

A.F.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Putrefação de sentimentos


Espero que esteja satisfeito.
Estou em pedaços.
Não me restou nada.
Nenhum galho para me pendurar.
O vazio tomou meu peito.
Um tão avassalador.
Amargo e frio.
Deixou vestígios.
Suas palavras e os motivos.
Os milhares que não me deixam voltar.
Foi longe demais.
Jamais pensei que seria assim.
Se estou desse jeito.
Se há um buraco no meu peito.
Ele tem seu nome e
Os trejeitos.
As mentiras e seus efeitos.
É bem-feito pra mim.
Não deveria ter aceito.
Era pra ter ignorado,
Toda e qualquer desculpa,
Da sua aproximação repentina.
Agora cá estou, arrependida.
Maltrapilha das vestes de suas palavras.
Que me desampararam,
E nem sequer deixaram migalhas.
Você me matou por dentro.
E se tudo está apodrecendo,
É putrefação de sentimentos.
O que ainda restava e você destruiu.
Você conseguiu.
Espero que esteja satisfeito.

A.F.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Toda vez...


E toda vez que o ver,
Minha mão suará.
Serei sua.
A mente voará.
Imaginando nós.
Em qualquer lugar.
Dentro e fora
Do meu coração.
A vida sorrirá.
Os dias abrirão.
Fará sol.
Provarei do céu.
Cantarei esse amor
Com a minha voz rouca
De tanto gritar.
Era você.
Eu saberia reconhecer.
Mesmo na imensidão
De rostos iguais.
Você.
Tudo sucumbirá.
Só por você.
Até eu.
De tanto amar
Morrerei.
E se morre de amor?
Sim.
De amor aos poucos
Se nasce e desfalece.
Faleci.
Tanto prazer e agonia
Que me abraça e
Acaricia.
Dia e noite.
Noite e dia.


A.F.

Meu problema


Esse é o problema. Não sei ser de outro jeito. Sou assim. Nua e crua. Me exponho até a alma. Recito os versos que queria gritar para alguém. Sou inteira, não pela metade. Verdadeira. Eu mesma. Não consigo ser diferente. Sinto muito. Isso de falar à toa e fingir, definitivamente, não é comigo.

A.F.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O vinho


Pegue uma taça.
Sirva-se.
Prove à gosto.
Deguste o prazer.
Sou suave.
Doce.
Sou perfumada.
Embriago.
Às vezes vicio.
Sou assim.
Vamos, beba-me.
Vagarosamente.
Sinta e desfrute.
Sou peculiar.
Um gole após o outro.
Você vai gostar.
Em seus lábios quero estar.
Vou inspirar reflexões.
Pensamentos mil.
Revelações.
Sou assim.
Uma experiência deliciosa.
Um delírio.
E quanto mais velha fico,
Melhor me dedico.
Sou tinto e seco também.
Sou do jeito que convém.
Uma poesia alcoolizada.
A bebida santificada.
Na sua língua a passear
Suavemente.
Envenenando o corpo,
A mente.
Enlouquecendo.
Ou companhia sendo.
Sou assim.
Prove-me agora.
Sou a sua resposta.
Pois, toda hora quero você em mim.

A.F.

Sufocado


Foi como pisar no vidro.
Provar do azedo da bala.
Encher a boca de comida,
E querer tossir enquanto fala.
Foi apertar a barriga.
Encher o pulmão de ar e não soltar.
Falar de tudo com ninguém.
Ser vazio e não poder se achar.
Estar perdido.
Sufocado.
Foi assim essa relação.
Não pude ser eu, e
Não pude ver você.
Embaçados pela cegueira da visão.
Foi um tiro no pé.
Foi aquilo que nunca se sabe.
Querer dizer e não entender.
Foi assim, eu, você e a saudade.
Saudade do que não vivemos.
Não provamos.
Não sentimos.
Saudade das vontades e verdades.
Por fim, partimos.
Não lutamos.
Nos deixamos vencer.
Restou só isso.
A dor de um dia ter amado você.


A.F.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Confissões sinceras de uma adulta de vinte e poucos anos


Você pediu para ser sincera. Abrir o jogo. Okay. Vamos lá: Moço, a gente não se conhece direito, bem sei. Vou dizer algumas coisas sobre mim, no final você decide se quer ficar.
Sou aquele tipo clássico de mulher, sensível demais, mas estressada ao ponto de me irritar até com o jeito que você bebe água. Pois é! Essa sou eu. Adoro escrever no tempo livre. Desde poesias até canções. Não tem tempo ruim para a literatura na minha vida. Falando em vida, não me chame assim. Eu não sou a vida de ninguém. Muito menos a sua. Não, não era para soar de maneira grosseira, mas é que se tem algo que eu sei fazer é isso. Falar algo normal, mas as pessoas acharem que estou brigando ou sendo rude. Foi mal. A minha cara é fechada desse jeito mesmo. Não vou mentir. Ta aí outra coisa que eu odeio. Mentiras. Ou você é sincero comigo desde o início, ou nem precisa ficar. Tudo bem, eu sei ser flexível, mas não abusa. Odeio gente abusada, que se aproveita da situação. Aliás, pessoas mesquinhas e esnobes não fazem parte do meu ciclo. Elas naturalmente  se afastam de mim. Não dá! Ah! Mas eu amo conversar, contar minhas loucuras, dividir boas risadas. Isso eu valorizo. Gosto de ouvir músicas de todos os tipos. Mas no fim sempre acabo com os meus hits dos anos 80 e 90, que na minha humilde opinião são os melhores. Confesso que sou tímida às vezes. Isso depende do nível de intimidade que eu tenho com a pessoa. Sou fã de orgulho e preconceito, mas me amarro em sagas bem atuais também. Sim, aquelas que envolvem vampiros e anjos. Pois é! Essa sou eu. Olha, quando o assunto for comida, não tem meia conversa. Meu prato é de pedreiro, mas o coração é de mocinha. Uma moça muito louca, porém responsável e amiga. Se tem algo que busco sempre cuidar é das minhas amizades. Só que eu não sou besta. Isso eu não sou mesmo. Me irrito fácil quando estou achando que alguém está se aproveitando de mim. Sobre se irritar, é bem fácil me ver desse jeito quando estou de barriga vazia. Acho que pelo que deu para perceber, me abri totalmente. Pensei bastante sobre tudo, e acho que você merecia saber dessas pequenas e grandes coisas. Ah! Antes que eu me esqueça. Meu perfume é doce, mas meu sabor favorito é o azedume. Agora que ficou claro, diga de uma vez. Não perca seu tempo se não me considera. Não me faça perder o meu também se não quiser se envolver. Sou assim. Uma mulher cheia de defeitos, mas que sabe cuidar e deixar ser cuidada. Um dia isso tudo fará sentido. Até lá, muita coisa pode mudar. O que nunca mudou e nunca mudará em mim é meu amor pelo flamengo. De resto, deixo o tempo agir e a sabedoria chegar. Pense bem antes de retornar. Não sou fácil de lidar.
Uma ruiva, pequena e brava. Essa é a que vos fala. Antes que seja tarde, seja franco. Diga o que realmente importa. Dependendo da sua resposta, posso retribuir sem cobrar. A vida é uma loucura, e eu não tenho medo de suas crises. Aprendi a conviver com ela. Quero mesmo sorrir e ser alguém melhor. Esse é o plano. Seguir o plano sem desviar. Espero ter sabedoria e paciência, essa última em mim é difícil de achar.

A.F.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Still Love U

Faz tempo que não o via.
Tinha esquecido a sensação.
Você usava sua camisa de sempre.
Um sorriso debochado no rosto.
Os cabelos bagunçados.
A visão da pessoa que amei um dia.
Amei com tudo que tive.
Nada te faltou de mim.
Te dei meu melhor.
Provastes do meu céu,
Mas não soube lidar com meu inferno.
Você foi embora.
Deixou-me esperançosa.
Acreditando que ainda não era o fim.
Tanto foi que esqueci de ti.
Esqueci como era teu jeito.
As manias que você tinha.
Até o modo de falar.
Foi tudo arquivado na memória do passado.
Você ficou lá atrás.
Mas hoje, de repente tudo voltou.
Tão rápido que nem pareceu ter ido embora.
As malditas lembranças da nossa historia.
Que escrevi através das poesias que recitei.
Que cantei através das canções que te dediquei.
Você sempre pertenceu à mim.
Mas, sei bem, nunca fui alguém para você.
Talvez um lance.
Talvez um sopro.
Não o fogo e nem a chama.
Não a vida e todo o drama.
Somente àquela que te amou de verdade.
Faz tempo que não olhava os castanhos dos teus olhos.
E me afogava nessa lama.
Foi só te enxergar assim,
Que tudo antes adormecido,
Acordou em mim.
O amor, a dor, a verdade.
Antigos sentimentos e as promessas.
Toda nostalgia de quando a gente revê quem ainda ama.
E a velha saudade que ainda aperta.
Me invadindo sem avisar.
É que você fez muita falta.
Ainda faz.
Meu peito padece quando ouve sua voz.
Não é normal reagir.
Não quero sentir.
Prefiro me esconder de mim.
Não quero sofrer.
Você jamais irá me retribuir.
Que seja do jeito que tem que ser.
Doído, amargo e cruel.
Que o sabor um dia saia da minha língua.
Que a dor não me cause mais feridas.
Eu deixo tudo de nós nesse papel.
Versos que relatam minha vida.
Àquela que juramos viver.
Que eu nunca tive coragem de realizar.
Nem sequer arriscar um recomeço.
Sinto muito, mas ainda amo você.
E não sei se deixarei de amar.


A.F.

sábado, 24 de novembro de 2018

De mais ninguém


Gosto de olhar para o espelho e enxergar alguém comum. Um rosto nada perfeito, cheio de marcas que a vida deu. Olho tanto para mim que não sei como admitir o quanto me encontrei. O quanto é bom me admirar. Carrego um fardo leve. Consciência tranquila após tanta turbulência. Peito aberto e mente sã. Nunca pensei que seria capaz de me sentir desse jeito. Totalmente de bem comigo mesma. Livre dos medos que um dia me fizeram refém. Desinibida. Desimpedida. Entregue à novas experiências. Disposta a sorrir pra vida. Principalmente, grata por acordar todos os dias e encarar esse rosto tão comum, mas tão real e meu. Sim, eu sou minha e de mais ninguém.

A.F.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A liberdade de ser sozinha


Sozinha.
Já me senti assim com ele.
Sinto que estou do mesmo jeito sem.
A solidão me conforta.
Somos amigas, afinal.
Não me sinto mal.
Na verdade me encontro.
Há anos estou atrás de mim mesma.
Me perdi entre laços mal feitos.
Perdi minha identidade.
Hoje preciso me reencontrar.
Sentir a solidão não me desponta.
Na verdade me torna pronta.
Pronta para encarar minha vida
Sem ele, sem laços, sem mentiras.
Uma vida por mim dirigida.
Àquela que venho tentando entender.
Sozinha me sinto, às vezes.
É normal e confortável.
Me desprende da dependência.
Sou livre para me amar.
A liberdade de ser sozinha.
É por ela que corro, respiro e luto.
Uma busca incansável por mim,
Dentro da minha própria alma.
Todos os dias.
Independente.
Sozinha e
Feliz.


A.F.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Pelo prazer

Ele segurou meu quadril. Desceu os dedos na pele quente. Os olhos famintos em mim. A boca querendo morder. Contou seus segredos. Senti sua verdade. Osculamos sem medo. Envolvidos sem vaidade. Só pelo prazer. Não existe receios. Onde há amor, não existe medo. O coração acelerou. Ele chamou por mim. Gritei seu nome. O calor em nós. A chama que se consome. Os cabelos banhados de suor. A pele marcada de paixão. Os dentes rangendo. A fúria em nosso colchão. Ele mantendo sua promessa. O desejo não se calou. Jogou-me na mesa. Meu corpo estudou. Saboreou cada parte. Repetiu a dose. Se viciou. Deu-me tudo e por sorte o amor ficou. Das carícias a vontade. Dos delírios ao contemplamento. Descaramento de nós dois. Cada segundo é raridade, não deixamos nada pra depois. Nos interessa o aqui. A nossa verdade. Os carinhos e as mordidas. A ousadia de ser a menina, com tesão de mulher. A nudez que atiça o amante, faz dele refém e réu. Excita e goza. Do prazer que saiu do papel. Virou eu. Virou ele. Poesia que se escreve e recita. Versos que fazem amor. A prosa. Dois culpados, na alegria ou na dor.

A.F.

sábado, 10 de novembro de 2018

Atrevida


Me atrevo a dizer que não resisto ao teu cheiro. Um perfume que me deixa tonta. Pronta. Estou aqui só para me deixar provar. Quero sentir teu gosto. Minha boca clama por teu sabor. Tento de tudo. Sou tua escrava. Nascida só para te adorar. Não é exagero. É desejo. É fogo. É meu corpo inteiro se contorcendo por te esperar. É tuas mãos tocando e invadindo meu mundo. Universo particular. São os pecados, todos enraízados em mim. As palavras que saem do teu peito. A tua cor e o jeito que você me prende assim. É a loucura. Vício maldito que vem me corroer. Nós na tua casa ou na rua. Insanos até o amanhecer. Minhas unhas deixando um caminho na tua costa. A tua língua áspera na minha orelha. Os dois sem ar. Sem vergonha nenhuma. Dispostos. Em chamas. Donos do mundo. Da luxúria. Do intenso desejo. Reflexo do nosso querer. Ouso dizer, você não imagina o quanto me perco. A imensidão é teus olhos e a nuca salgada. Teu ombro e as pernas em mim enrroscadas. Nossa dança íntima em cima da cama. Em qualquer lugar que nos satisfazer. Sou atrevida, por isso digo, o culpado de tudo isso é você. A culpa sempre foi sua, que me mostrou o que é prazer.

A.F.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Nudes


Ele me pediu um nudes. Enviei uma foto do meu poema. Quer algo mais explícito que isso? É obsceno o jeito que meus versos me expõem. Sou inteira ali. Estou nua. Estou de corpo e alma escancarada. Ninguém pode dizer o contrário. Não tenho como mentir. Basta ler.
Ele não entendeu a minha essência, e ainda quis desmerecer minhas palavras. Que pena! Desse tipo de homem quero distância, obrigada. Prefiro alguém que arranque de mim as vestes da alma. Que desperta as poesias a serem recitadas.

A.F.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

My sin


Nos meus sonhos você é real.
Os olhos misteriosos.
A boca macia.
As mãos gentis.
A febre que arde em meu corpo.
Parece tudo muito real.
Mas quando acordo, sofro.
Nada é tão cruel quanto o despertar.
É como me sinto.
Sinto que não posso mais viver assim.
Me diga, antes que eu morra,
Como posso suportar essa situação?
Se tudo que quero é tocá-lo.
Chamar teu nome,
Em alto e bom som.
A triste realidade é o que me mata.
Acompanhar teus passos na surdina.
Temerosa de tudo e todos.
Não poder gritar o meu amor.
Ser a outra.
Aquela que é mal vista.
Subjulgada por esse pecado.
Devastada dentro e fora do meu peito.
Como aguentarei desse jeito?
Diga! Antes que seja o meu fim.
Não é culpa minha.
Não quero buscar uma justificativa.
Apenas desejo amá-lo livremente.
Sem temer olhares.
Poder dizer que és meu, simplesmente.


A.F.

O que mais temia


Eu já deveria saber que você não estaria disposto. Não sentiria o que eu continuo sentindo até hoje. Você pegaria o pouco que ofereceu. Sumiria. Você seria esse tipo de pessoa. Alguém que fala sobre seus sonhos e nos faz sonhar junto. Alguém que encanta com o jeito de olhar. Um tipo que parece familiar. A verdade é que você nunca quis ficar. Será que foi tudo real? Os beijos, as promessas e os dias no nosso calendário. Será que foram todos premeditados? As respostas continuam vagas. Me avisei todos os dias, mas todos os malditos dias você me envolvia de uma forma diferente. Virei presa fácil. Me tornei o que mais temia, uma pessoa fria. Resultado do teu descaso. Aquela que finge que sente. Querido, eu não sinto nada. Nada por mim. Tudo só por ti. Tudo que um dia quis sentir por alguém. Sim, essa sou eu. Meu maior medo se realizou quando você entrou na minha vida. Piorou ainda mais quando você saiu dela. Se hoje carrego todas essas feridas, foi por ter acreditado que com você tudo seria diferente. Não foi. Pois é, eu já deveria saber...

A.F.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Da traição


Ela está cansada. Não é a primeira vez que alguém vai embora. Dias atrás ela aceitou um pedido. Chorou e ligou para mãe contando a novidade. Estava tudo indo bem. Maldito seja os esquecimentos de livros! Ela o viu com outra. A dor não pode ser medida. Ela está fria. Os dias passam e ela os deixa passar. Ela só espera por algum motivo. Seja nos palpáveis ou além dos sentidos. Seja de dentro ou de fora da sua bolha mental. Ela só quer esquecer o ocorrido. Precisa de companhia, mas ninguém liga. Não existe memes capazes de deixá-la feliz. Ela cansou de verdade. Não é a primeira vez, mas é a última. Ela quer só ir dormir. Anestesiar a lacuna que ele deixou em seu peito, e ela preencheu de dor. Dormir. Esquecer o que um dia foi perfeito. Pegar suas memórias e de uma vez por todas sumir. De si. Dele. De qualquer um. Ela não precisa de opinião. Ela só quer sossego para sua alma. Só quer se preservar de sentir coisa alguma. A traição é sempre dura, tal qual a lápide em que ela emoldura seu corpo inerte. Assim, que ela durma e só levante quando valer a pena voltar e se permitir amar outra vez.

A.F.

Poema que escrevi sobre ela


Ela nua é meu ponto fraco.
A pele dela é poesia em mim.
A cor dos olhos cantam.
É uma melodia e me seduz.
Lentamente.
Sou refém desse corpo.
O corpo dela é veneno.
Meu desejo invade.
Não sei mais sobre nada.
Só sei admirar suas curvas.
O jeito que ela me deixa bobo.
A boca que abre e mal diz.
De novo, sou o caos.
Culpa dessa mulher.
Não posso confiar em mim.
Sinto que não devo.
Inseguro.
Dependente do calor que ela emana.
Dos cabelos em chamas.
Da luz que ela refletiu.
Naquele fatídico dia.
Que deveria ir bem ali.
Fumar um cigarro e ler o jornal.
Não era para me apaixonar.
Tão pouco me viciar.
Na beleza e inocência daquela
Que fez meus dias infinitos.
Do amor, o afago e o gemido.
Da loucura, companheira real.
A jovem que desgraçou o poeta.
O desfez em linhas retas.
Que mal começou, e pôs um ponto final.

A.F.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Solidão

Então o amanhã chegou.
Trouxe com ele um vazio.
O mais temido por todos nós.
A solidão do cotidiano.
Aquela que mora com a gente.
Divide o mesmo quarto.
Nos mantém refém.
Consola e assola.
Aquela que bate em nossa cara.
Sabe nosso nome.
Nos chama por apelidos.
Ela que nos conhece bem.
Às vezes a esquecemos.
Mas ela está sempre por ali.
E quando ela grita,
Não tem como não ouvir.
Ela me fez uma visita.
O sol mal rompeu o céu,
Invadiu a janela e disse "oi".
A solidão me puxou para debaixo da coberta.
Contou uma história triste.
Me viu chorar.
E se foi.
Não, ela fingiu que saiu.
Eu sei que ela ainda está aqui.
Ela é real, posso sentir.
De vez em quando puxa um assunto.
Ela sabe como confrontar.
Eu e ela somos uma só.
Ambas cansadas, indiferentes.
Aguardando algo que não temos,
Possuindo coisas que não precisamos.

A.F.

O amor em sua mais louca definição

Defini o amor quando te vi. Era intenso, alto, forte e encantador. Era assim o amor. Foi sedento, consolo e proteção. Senti o tal amor diversas vezes em poucos dias. Foi assim. Era o abismo que eu me coloquei na beira. Era a vontade de se jogar e o desejo de continuar a viver. Só queria viver ao teu lado. Foram as promessas felizes que me seguraram. Todos os sonhos e as palavras que me incentivaram. O amor foi palpável. Era onde me apoiava nos momentos difíceis. Chorei quando nos despedimos. Não saberei dizer se algum dia serei a mesma. Talvez não será a última. O amor existe de várias maneiras. Quero prová-lo em todas as suas facetas. Permitir que ele me consuma em sua mais louca definição. Só serve se for para extravasar. Do contrário, prefiro a paixão.

A.F.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Dia das bruxas



Dei um beijo doce.
A mordida já foi mais travessa.
E começamos a nos pegar ali mesmo na rua.
Ele de meias pretas.
Eu de vestido costa nua.
Ambos vestindo luxúria.
Ele de jeans desbotado.
Cabelos rebeldes, porém amarrados.
Sem blusa, sujo com uma tinta vermelha.
Eu de meia calça arrastão.
Salta alto e na boca um batom pretão.
Um zumbi e a vítima perfeita.
Ambos não resistindo o desejo inflamado.
Brincando de fazer maldades.
Ele apertando a minha cintura.
Descendo a mão boba mais um pouco.
Eu o segurando pela nuca.
Puxando pra mais perto o seu corpo.
A noite invadia a cena.
Era dia das bruxas, eles queriam brincar.
Uma hora era o doce dos lábios.
Outra era as travessuras das mãos ao tocar.

A.F.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Mar


Afrouxei o nó que nos ligava.
Peguei as pontas e puxei.
Estou mais leve, mais solta.
Estou até admirando outros mares.
O mesmo mar que me banhei.
Aquele onde batizei nosso amor.
Tinha ondas turbulentas.
Me afoguei.
Agora aprendi a nadar.
E nada é como um dia foi.
Eu voltei.
Voltei para a maré branda.
Molho os pés, enquanto admiro o horizonte.
O sol laranja.
Os pássaros que pousam perto de mim.
Estou mais solta e pronta.
Pronta para desfrutar das ondas.
Ondas essas que chegam devagar.
E lentamente lambem minha perna,
Fazem de mim o próprio mar.
É bom saber que estou de alma lavada.
Da água salgada que é amar.
Livre de nós, o nó que prendia
A beleza do que foi um dia
O azul de todo esse mar.

A.F.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Ainda menina


Não deu tempo de falar aquilo que queria. As palavras ficaram presas em mim. Logo eu, tão poeta, mas tão menina. Ainda não sou mulher. Pensei que sabia das coisas. Não sei de nada. Admito agora, melhor do que tarde demais. Antes cedo, do que me afundar na minha insignificância. Sou assim. Sempre fui. Falei demais, mas não disse nada. Havia te perdido assim. Perdido pra mim. O perdi por minhas fragilidades. Tive medo de perder o que nunca tive. Sempre me contive. Insistentemente. Perdida nas minhas insanidades. Insensatez de menina que sou. Menina que ainda continuo sendo. Não mulher. Ainda não. Imatura, inconsequente, volátil e imprudente. Sou dona das minhas palavras, mas não dona das mentiras que ouviu. Independente. Apenas pendente das verdades que omiti. Engoli o choro, o orgulho, a falácia e desfaleci diante de ti. Continuo parada, te olhando assim. Esperando uma nova oportunidade de dizer. Dizer que me arrependi logo depois de te ver indo embora. Que ainda estou aqui aguardando seu retorno. Seu volver. Sem palavras, porém cheia de cicatrizes e tentando um dia mulher ser.

A.F.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Um soldado


Não será pela força.
Muito menos pelo ódio.
Nós vamos fazer a diferença
Na base da voz lúcida,
Da coragem exposta,
Da vontade de mudança.
A verdade está ao nosso favor.
Poucos ainda insistem em ignorar.
Poucos não aceitam o que veio para ficar.
Mas o tempo chegou.
E que venha os novos desafios!
Diante de tanta sujeira,
De tanta barbárie,
De tanto falso comprometimento.
Nós cansamos de ideologias.
Farta de toda essa hipocrisia!
Se ainda existe esperança,
Ela veio através de um homem.
Outro Messias.
Jair é seu nome.
Não que ele tenha todas as respostas,
Mas é que ele não espera por perguntas.
Tudo está tão claro.
Um entre tantos que se realça.
E que Deus dê à seu filho Bolsonaro
A força, a fé e a capacidade que se destaca.
A coragem de assumir um país,
De vê-lo grande outra vez.
Não, ele não é um heroi.
É um soldado, um capitão.
Um homem que resolveu se arriscar.
Dando seu sangue por uma nação,
Que espera de novo ver o Brasil brilhar.

A.F.

domingo, 16 de setembro de 2018

Gratitudine


Meus olhos te viram.
Aquilo foi o início do meu fim.
Sabia até mesmo de longe.
Era você que eu tanto esperei.
Tantos poemas mal gastos.
Tantas lágrimas ao vento.
Tantos beijos sem gosto.
Tantos corpos sedentos.
Mas nada poderia me preparar
Para recebê-lo em minha vida.
Nada poderia se comparar
Ao seu sorriso em meus dias.
Ao doce desejo que me contagia.
As horas que passam sem ao menos sentir.
Ao teu lado tudo é intenso.
Posso finalmente sorrir.
Teus olhos são meus guias nessa estrada.
Nunca mais me sentirei perdida.
Diante das dificuldades me sinto amparada.
Seus braços me consolam, me cuidam.
Sinto-me privilegiada.
Não há mais nada além de nós.
O amor me ensinou a ser mais grata.
Teu carinho me aquece e tudo é recíproco.
Diante dessa imensa felicidade,
Resta apenas olhar pra cima e pedir
Com muita alegria e emoção:
''Que se faça a Tua vontade''.
Os céus abençoam a nossa união.

A.F.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A culpa sempre foi minha


Estou afastada deles.
Das vozes que ainda ecoam.
Não os vejo  mas os sinto.
Tão vivos e torturantes.
Avassaladores.
Em fúria de me ferir.
Já não posso suportar.
Fui forte, mantive minha palavra.
É demais pra mim.
Tentei esquecê-los.
Mesmo sob os olhares.
A culpa me corroendo.
Foram eles que fizeram isso.
Me tornaram o que eu mais temia.
A mentira.
A farsa.
A falsa.
Aquela que acha que sabe,
Mas não sabe de nada.
Continuo ouvindo as frases.
Estão na minha mente.
Tão vivas e me matam.
Morro só de pensar que fiz parte.
Fui cúmplice desse erro.
De toda essa sujeira.
Que apesar de saber, ainda estou aqui.
Enterrada nas minhas ilusões.
Buscando um culpado.
Mas é no reflexo da minha feição de mulher,
Ferida, amarga, prepotente.
É diante de mim que admito,
Sou eu a errada.
A culpa sempre foi minha.
Melhor aceitar a dor da verdade,
Do que morrer por dentro das mentiras.

A.F.

domingo, 2 de setembro de 2018

Carta para ela


Hoje só o que posso dizer é obrigado. É, você não vai ler isso daqui. Talvez nunca lerá. Mas não escrevo por isso. Escrevo por mim. Pelas coisas que aprendi ao seu lado. Pelas horas que olhei em seus olhos e achei um motivo para sorrir. Pelos diversos beijos que demos. Pelas risadas que provoquei em você. Pelas milhares de vezes que só queria te ver dormindo. Admirar sua beleza. Seu jeito de andar com pressa. A sua forma de dizer que me amava, mas que queria me bater bem forte. Seu cabelo ao vento. Suas sardas mais fortes no sol. Agradeço por poder compartilhar momentos únicos. Pelas brigas onde aprendemos. Pelas lágrimas que nos fizeram crescer. Um homem só pode ser grato por amar tanto assim. Por ser correspondido. Pelos sentimentos que me fez despertar. Mesmo que não se lembre daquela tarde na praça, do sabor do sorvete na sua boca, da cor da roupa que você usava. Eu lembro de tudo. Recordo de cada detalhe daquele dia. A hora que combinamos, e o sol se pondo atrás de nós. Lembro de dizer que escreveria um livro sobre nós. Você me apoiava em cada nova ideia. Você me ajudava a ser melhor sem eu pedir. Você simplesmente ficava ali. Me trazia seu doce, seu calor, suas mãos nas minhas e selava tudo com beijo. Você era assim. E hoje não resta mais nada do que um dia conhecemos. Que fique somente em mim a memória. Sei que foi real. O livro não prometo mais, porém te garanto que essa carta é sobre o quanto sua presença mudou minha vida. O quanto amar curou e foi ferida. Mais cedo ouvi aquela música que você adorava. Suspirei ao saber que ela ainda continua bonita. Nenhum de nós estragou as canções de amor. Nenhum de nós está em dívida. Hoje o meu coração é grato por sua existência. Por todas as vezes que preferiu a mim do que outras coisas. Me escolhendo e me amando de um jeito particular. Agradeço e agradecerei pelo resto que tiver de suspiros. No último fôlego saberei que você foi o amor da minha vida. Não tinha como ser outra. Obrigado.
Ass: eu


Freire A.

sábado, 1 de setembro de 2018

Outro


Vou escrever enquanto em mim bater as singelas melodias que me despem e desmoronam. As minhas angústias e crises deixo para depois de amanhã. Melhor seria deleitar-se de momentos que podem valer um por cento das mentiras que me contam. As mentiras que são verdades para alguém. O alguém que não tenho aqui. Mesmo que digam que o ontem não existe mais, sei que no final tudo se torna passado. E passei minha vida toda esperando por mais de algo que nunca tive. Saudades das coisas que não vivi. Vontade de ser outro no lugar de mim.

Freire A.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Ignorar


Às vezes a gente precisa ignorar. Ignorar pessoas negativas, sentimentos não correspondidos, palavras cruéis e feridas que ainda não cicatrizaram. É difícil, eu sei. Mais difícil ainda é suportar essas dores sozinha. Ignorar acaba sendo uma boa saída. Uma porta para novos dias. Dias melhores que merecem nossa atenção. Deixar de lado todo tipo de fardo que nos faz lamentar rotineiramente. Tentar ser um sim no lugar do não. Buscar novos rumos, olhar em outra direção. Às vezes ignorar é melhor do que rebater. Ter amor ao invés de razão. Ser paz onde só há guerra. Oferecer seu melhor sem nada receber. Enxergar na vida coisas belas, não desperdiçar seu tempo com o que só te fazer perder. Ou a si mesmo ou as coisas importantes que precisam ser valorizadas. Às vezes ignorar te rende mais risadas, e te tira de lugares errados com pessoas erradas. Porém, não se pode ignorar para sempre. Existe tempo para tudo, inclusive para encarar a realidade. Ignore só as coisas ruins, mas valorize as coisas boas que te trazem algum tipo de felicidade.

Freire A.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Melhor no futuro


Das muitas vezes que chegamos aqui
Nós prometemos a verdade acima de tudo.
E mais que isso,
Dizíamos respeitar nosso ideal.
Nos enganamos facilmente.
Nos precipitamos cegamente.
Movidos pelo rancor,
Pela soberba, pela ira espontânea.
O calor do momento gritou bem alto.
Dissemos mentiras atrás de mentiras.
Nos perdemos dentro de nosso ódio.
É mais fácil destruir do que reconstruir.
Mais simples acusar do que perdoar.
E nós erramos outra vez.
Optando pelo caminho mais acessível.
Cada um na sua ignorância e verdade.
Dificilmente seria de outro jeito.
Meu bem, quero te dizer hoje que entendo.
As inúmeras brigas, os dedos apontados,
As indiretas e as lágrimas debaixo do chuveiro.
Entendo que foi uma fase ruim,
Que nós fomos imaturos, duas crianças mimadas
Adolescentes idiotas, adultos que não sabem de nada.
Que a lição não foi aprendida, e que o fim foi o melhor.
Talvez de uma vez possamos aprender,
E a vida seja melhor no futuro para nós.

Freire A.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A gente não precisa adoecer


Vou passar a respeitar mais a mim mesma. Meu tempo. Minhas ideias. Minhas vontades. Meus desejos mais absurdos. Respeitar o que eu quero, mas também o que não posso nem chegar perto. Respeitar minha demora e minha pressa. Respeitar quem me respeita, inclusive aqueles que não sabem nada sobre isso. Entender que estou no meu ritmo, e não faz mal. Não faz mal algum pra mim, pra ninguém, nem pra você. Todo mundo passa por isso. Respeitar e entender que faz parte. Tentar não enlouquecer enquanto a vida passa correndo que nem louca desavisada. Respirar. Refletir. Evoluir na minha velocidade. Tudo bem. Todo mundo sente. O sentimento é parte do processo infinito das mudanças que rompem nosso coração. Respeitar a partir de hoje que eu posso errar e acertar. Uma, duas, três vezes ou mais. A vida sempre será essa loucura, a gente não precisa adoecer por conta disso. Não precisa. Para. Respira. Olha pro céu e lembra que ainda existe esperança. Ela não morre. Ou pelo menos é a última. 

Freire A.

domingo, 26 de agosto de 2018

Sincera


Quero ser sincera dessa vez. Das outras vezes fingi muita coisa. Estou exausta. Sinto pena de mim, das minhas mãos calejadas e do meu peito aberto por tanto tempo. E nada. Sinto que nada mudou. Porém quero ser diferente de antes. Não vamos contar aqueles outros problemas. Vamos focar somente nesse. Nós dois. O problema começou em nós. Terminou sem nós. Apenas eu aqui e você ai. Bem definidos. Separados. Assim que tudo termina, certo? Errado! Foram erros inacabados. Meus e seus. Nossos. Sinceramente, estava mais do que na hora. Todos já sabiam, menos a gente. É palpável a nossa indiferença. Nos separamos muito antes de se despedir. A dor ainda não passou, sabemos. Coisa normal onde um dia houve sentimento. Normal. Anormal seria sacrificar os dias, remoer agonias, forçar sorrisos e forjar fantasias. Ser somente por ser. Não ser por querer. Apenas assumir um papel. Não ser autêntico ao seu eu. Não era pra ter sido assim nem por um momento. Acabou sendo e a gente não percebeu. Mas passou. Ainda bem que passou. Tudo um dia passa, você repetia isso naqueles dias. Nos últimos dias da nossa vida. Da vida que aprendemos a amar e vamos agora esquecer. É melhor para os dois. Para as promessas que jamais se cumprirão. O amor mesmo forte se acaba, a dor talvez demore mais. Resolvi ser sincera, e estou sendo desde quando te conheci. Obrigada pela paz e pela guerra que travei em mim por ti. Pelas lágrimas e pelas levezas dos dias que me encheu feito água. Sinto que tudo tem um motivo, e o teu não era ficar para sempre comigo, apenas ficar, deixar ser e se permitir. Abrir mão e mesmo assim sorrir. 

Freire A.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Fantasias


Aquela insana vontade que arde de dentro pra fora.
A absoluta certeza de começar e terminar tarde.
Muito tarde.
Até amanhecer o outro dia.
Um dia todo só pra gente.
Dentro do seu quarto, envolvidos, loucos.
Desinibidos, amarrados e molhados.
Um por cima, depois por baixo.
Naquela sincronia incrível dos corpos.
Daquele jeito que deixa sempre ofegante.
Sem se preocupar com qualquer coisa.
Só nós dois.
Nosso particular.
Um tempo que deveria se eternizar.
Dois amantes de alma, mente e coração.
Fantasias realizadas no colchão.
Na mesa, no tapete, em pé na parede.
Que loucura!
Bem que poderia tudo isso se realizar.
Mas você não está aqui.
Você nem sabe onde moro.
Não sei seu nome.
Só te conheço dentro de mim.
Nos sonhos mais loucos que tenho.
Fantasiando com um estranho.
Um alguém que ainda não conheço.
Quem sabe algum dia.
Quem sabe vou te encontrar.

A. Freire

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Easy e Hard


Gostava mais quando ainda não entendia a vida. Era tudo mais simples, easy, cômodo, sabe? A vida era só uma eterna lição de casa, não me preocupava com o resultado final. A verdade é que nunca desconfiei que esse final seria assim. Trágico. Pelo menos não tinha preocupação, e me apoiava nessa condição de insensatez e ignorância jovial. Mas não se é jovem para sempre, certo? Uma hora a gente cresce, e que dor! Dói demais ter que caminhar com as próprias pernas. Que sensação desconfortável ter que depender de nós mesmos para levantar, cair, levantar outra vez e aprender cada lição. Ser adulto é tão maçante. Oh se é!
A vida era tão mais azul quando não sabia como resolver os meus problemas, ignorar as vozes alheias e lidar com as despesas físicas, mentais e financeiras. A vida simplesmente tinha sua magia, quando ainda era uma menina, inocente, ingênua e desprovida de sabedoria. Não que agora seja sábia, tampouco dona de toda razão, mas é que agora é mais hard acreditar nas pessoas, ser otimista e esperançosa. Os problemas são diários, mas não os matemáticos, que antes reclamava, quem dera fosse só esses os problemas a serem solucionados. Hoje envolve o emocional, o mental, o operacional e tudo que faz de nós seres pensantes. Queria ser irracional, fingir que nunca vi algo semelhante, ou quem sabe que tudo não passa de uma eterna brincadeira. Mas cresci, e não teve outro jeito. E o jeito é aceitar que a vida é efêmera, nós nada mais do que pó diante dessa imensidão. Eternos seres mutáveis, reféns de situações que nos surpreendem, nos tornam cada vez mais experientes e racionais.
Talvez o que nos resta é imaginar como tudo deveria ser. Acreditar que no fundo existe mesmo uma criança incapaz de amadurecer. Ela gosta de sonhar, ela te faz sorrir ao lembrar de momentos passados. Essa criança que é eterna em cada ser humano, talvez ela queira nos alertar que nem tudo está de fato perdido. Que ainda existe uma chance de sentir a magia da vida, a beleza da simplicidade e a notória visão de que tudo pode passar, cair em nós, desabar, mas sempre nos resta a luz do amor em nosso coração que torna tudo muito mais bonito.

Freire. A.

domingo, 22 de julho de 2018

Eles acabaram comigo


Muitas vezes dou atenção,
E isso me mata por dentro.
Queria parar de ter medo
Dos olhares, das línguas afiadas,
De todo lixo que depositam na minha mente.
Se sou o resultado dessa merda,
É algo que ainda não consigo admitir.
Mas quem sabe, eu saberia?
A gente nunca sabe quando chega no limite.
Nós vamos engolindo,
Vamos nos torturando.
E isso aqui, um dia foi um coração.
Um dia foi algo pulsátil.
Nada me resta.
Não sobrou nada de mim.
Ficam apenas as feridas,
Todas abertas,
Todas agonizantes.
Meus gritos, meus anseios.
Toda merda que me cobram,
Todo lixo que me jogam.
Os problemas já não mais me afetam.
Estou farta, esgotada.
Inundada das minhas próprias lágrimas.
Apenas na sombra,
Beirando a loucura desse mundo.
Da vida que morreu por dentro.
Da ruína que me possuiu.
Cansada.
Simplesmente uma humana.
Julgada, desafiada a olhar pra cima,
Acreditando ter saída.
Mas não há.
Hoje é melhor aceitar,
Que tudo acaba,
E eles acabaram comigo.

A.F.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Poetas não sabem amar


Poetas não sabem amar.
Eles zelam pela beleza textual.
Escolhem as melhores palavras.
Recitam seus versos apaixonados.
Uma paixão pela letra, não se engane.
Poetas não sabem amar.
Eles optam por rimar.
Brincam com os léxicos.
O amor é pura poesia.
A poesia é tudo que eles tem.
Melhor assim.
Não sentem, mas expressam que sim.
Tamanha dor, tamanho amor.
Poetas não sabem amar.
São bons em escrever sobre sentimentos,
Mas lhe faltam sensibilidade.
Talvez pela confusão de serem tão obstinados.
Envolvidos e alucinados por falar de amor.
Quem muito fala, pouco sabe.
E os poetas amam versificar a emoção.
Mas na hora de sentir, na hora de provar
Eles preferem só usar um papel, uma caneta
E deixam pra fora o coração.
Poetas não tem culpa de não saberem amar.
Não esse amor que todos dizem sentir.
Não esse amor que muitos jogam fora por aí.
O amor dos poetas é maior, é complexo, vem dos versos.
O amor é sua forma mais singela de abraçar.
O poeta não sabe amar de mentira,
Pois quando ama, ele é toda e pura poesia.
Ele é o amor que escreve durante toda sua vida.
E quem ousa em se apaixonar por um poeta,
Está fadado a ser a inspiração, o motivo, o culpado
Pelo amor de um poeta que só encontra o amor uma vez,
E para sempre vive condenado.

A.F.

Luz no fim do túnel


Queria conseguir pensar em outra coisa, mas não dá. Você me prometeu várias vezes aquelas coisas que nos tornariam melhores, e eu acreditei, esperei e quebrei a cara. Também falei várias vezes que teria mais paciência, seria menos orgulhosa. Olha só pra gente, competindo pra ver que tem mais razão. No fundo fomos nos perdendo, e encontrando cada um sua verdade sobre si e sobre o amor. As promessas não foram cumpridas, as palavras não foram ditas e a solidão de nós foi tomando conta. Tudo que pedi foi um pouco mais de compreensão, um pouco mais de atitude, um pouco mais de nós... Meu bem, a última coisa que quero é lamentar um fim entre nosso eterno sim. Nos restou somente a esperança. A esperança de um dia entender que tudo isso não passou de um sonho maluco, que nossa vida só sabe ser vivida juntos, e que o amor superou tudo que nos tornou frio. Enquanto isso, deixamos um pouco de lado, deixamos reviver aquele passado que não existia mentira e indiferença. Quem sabe de fato exista a luz no fim do túnel, e voltemos a sorrir e nos olhar com expectativa de dias melhores para o nosso sentimento. Um sentimento que ainda persiste, mesmo em dias tristes, mesmo diante de toda dor. Talvez seja ele o motivo, talvez venha dele a vontade de continuar, de acreditar que tudo possa ser outra vez aquilo que nos uniu e nos trouxe a felicidade desse amor.

A.F.

Volátil


O beijo ainda guardado.
O gosto de menta,
A saudade que deixou cicatrizes.
Nossa história bonita.
Finita, porém bonita.
Mesmo que curta, rápida.
Fomos imaturos.
Inseguros.
Nos permitimos.
Nos perdemos.
Nunca mais nos encontramos.
Se foi verdade,
Apenas posso imaginar.
Lembrar do nosso calor.
Dos corpos nus e suados.
Do carinho debaixo do cobertor.
Das noites olhando as estrelas.
De todo o clichê que criamos.
Não durou tanto, bem sei.
Mas durou suficiente para ser único.
O suficiente para marcar minha vida.
Mesmo que volátil sua passagem,
Foi bonita, bonita, bonita...

A.F.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Ilusão


A boca em si já a deixou encharcada. Só pelo jeito que o beijo aconteceu. Inesperado. Impróprio. Ousado. Foi daqueles chupados que deixa uma marca de adeus. Não adeus de não vai rolar outra vez. Um até logo e não demora seria mais sensato. Mas ela tinha que ir embora. O busão partia às quatro. Era insano esse lance. Mais que lance, uma aposta. Ela apostava que estava disposta a jogar tudo pelo amor, pela loucura dessa aventura. Do sexo casual. Das insanidades que a gente comete quando dá muito bem. Ela dá tudo que tem. Recebe também. E nessa de dar e receber ela gemia gostoso, sentia de novo seu corpo renascer. Ela queria voltar era para o quarto. Lá onde seus gritos não eram abafados. Os cabelos bem puxados. Os dedos encaixados. Os corpos suados. As línguas e seus rastros. A perfeita posição do momento exato do ápice daquela sensação que a embriaga toda vez que prova. O gosto de todo esse acaso. É isso que ela queria de volta, mas já passava da hora. Tinha que se tocar que nem tudo é possível, nem mesmo aquele corpo, aquele olhar, o maldito e insano momento do prazer mais abundante que provara. Era hora de aceitar, a realidade é cruel. Ela não tinha quem queria. Tinha apenas a doce ilusão. Na cama uma insana. Na vida uma cigana. Uma delícia de várias bocas que já percorreram seus seios, as coxas e as nádegas. Mas nem que ela quisesse seriam suas. Nada. Ela só molhava, a calcinha e o rosto, de vez em quando.

A.F.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Identidade subversiva

Meus versos são partes do que eu sou.
Também pedaços que me foram tirados.
Minha identidade subversiva.
A ótica oculta do meu peito.
São esses os meus motivos.
Culpados pelas noites vazias.
Madrugadas criativas.
Cúmplice dos amores sigilosos.
Fonte das minhas mais sinceras confissões.
Um amigo que nada me diz
Apenas ouve minhas feridas e
Cuida da cicatriz.
Preserva a esperança que insiste em não morrer.
São eles os mais complexos,
Porém tão simples e singelos.
Expressando meus anseios,
Erros, culpas e medos.
Tão íntimos que não me vejo
Longe desses companheiros.
Versos que tornam-me mais,
Não apenas o que enxergam.
Algo que poucos entendem,
Mesmo que leiam; recitem.
Uns versos que vão além da literatura.
Cobrem-me de poesia.
Banham-me de uma verdade nua.
São eles as luzes que me fazem enxergar.
Donos da linha do meu coração.
O sim e o não daquela indagação.
Versos esses que me inspiram a amar.

A.F.

domingo, 3 de junho de 2018

Lips


Já beijei lábios que me enganaram.
Lábios recheados de promessas vãs.
Beijei lábios de mel,
Carregados de verdades e desejos.
Senti no oscular o sabor da paixão.
A doce sensação de ser amada.
Como também já beijei bocas erradas.
Lábios traiçoeiros,
Que mal me queriam, me desfizeram.
Bocas que se encaixaram perfeitamente.
Outras que não deveriam ser.
Beijos suaves, inexperientes.
Doces, amargos, cheios de prazer.
Mas foi quando te provei,
Foi quando percebi
O paraíso tem nome,
Um sorriso incrível e
Um gosto delicioso que fica aqui.
Aqui em minha boca que viciou nesses lábios.
Uns lábios cheios de mistérios,
Porém que carregam a sério
A minha devoção estampada.
Foi nesses lábios que encontrei
A saída da minha vida,
Para a chegada dessa nova estrada.

A.F.

sábado, 2 de junho de 2018

Letras


Escrevo para derramar em letras.
Aquilo que exponho, mas não consigo dizer.
E as linhas são amigas amargas. 
Outras vezes doces e singelas.
Na maioria incertas, porém perfeitas.
Traduzindo meu peito que padece por ele.
A escrita vem à mim como fuga.
Do mundo que me consome.
Da mentira que me suga.
E encurta a distância das minhas neuras.
Dos sonhos que sonhei à dois,
Mas não realizei nenhum.
Transborda em mim, me preenche.
Chega, fica, marca e me faz refém.
Sou eu, escrava das letras que me descrevem.
Dos versos que recito nos ouvidos dele.
Das mãos que seguram firme a caneta.
Mas as pernas são frágeis e não me suportam.
Desabo aqui, desmorono nesse recitar.
Sou alguém renovada, diferente.
Sou um mero ser que escreve para gritar:
A vida é muito maior do que está a nossa frente.
Ela é o poema mais difícil de rimar.

A.F.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Hurt


Uma atitude ou a falta dela.
Tudo ao fundo toca na pele.
Pode arder, queimar, doer.
E você fez sangrar aquela.
Aquela que jurou um dia amar.
Devotou sentimentos.
Falsos sentimentos.
Disse que seria justo.
Bastaria um acenar de mãos.
Mas não.
Você jogou ela no chão.
Falou besteiras sobre ela.
Pisou no seu orgulho.
Escancarou o íntimo que ela,
Somente revelou para você.
Foi egoísta.
Estúpido.
Cuspiu na cara e na boca de quem te amou.
Pelas costas a esfaqueou.
Não teve consideração.
Sorriu debochado,
Enquanto ela pedia uma razão.
Mas não, você não tinha motivo.
Tinha somente um ambíguo coração.
Talvez nem o tivera.
Quem sempre promete demais,
Não cumpre e fere.
Você feriu aquela que só queria te amar,
Ou pelo menos mostrar que o amor
Pode ser um renovo, um novo olhar.
Mas de nada adiantou.
Só resta agora o corpo dela lá fora,
Onde você a mutilou e a jogou.

A.F.




terça-feira, 15 de maio de 2018

Palavras amargas


Lamentei calada aquelas palavras amargas.
Você as vomitou sem preparo, nem distinção.
Deixou-me sozinha com as ideias loucas.
E seguiu sem ao menos ouvir minha indignação.
Quisera eu ter mais fôlego.
Quisera ter mais audácia.
Para avaliar-te, como assim o fizera.
Poder jogar em sua cara,
As palavras ácidas que me expusera.
E cá estou, melindrosa.
Um pouco chorosa.
Um tanto sentida.
Mas o mundo sempre dá voltas.
E um dia será você que provará dessa ira.
Entenderá mais tarde a dor.
Com tão pouco dissabor me deixou.
Mas não mais estarei aqui.
Para sentir que a justiça é doce nos lábios,
Sobre quem outrora me tirou o sorrir.


A.F.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Infortúnios


Teu toque arde ainda em mim.
Como se meu corpo só soubesse te reconhecer.
Tipo como antigos amantes
Dos livros que amo ler.
E quando se beijam,
O reencontro nos entorpece na expectativa.
Sentimos que o amor pode superar
O tempo, a distância, a própria ruína.
Assim que me sinto ao menor pensamento.
Mas assim como no livro,
Nada de fato é real.
Está tudo dentro de mim.
Frias e abrasadoras lembranças.
Que me são tão vivas.
Um tipo de prazer encontro nessa dor,
E provo do meu próprio veneno...
Não se pode matar o que não existe.
Mesmo que sejam desejos,
Infortúnios que me acalentam.
Vou vendo e vivendo nesse rebuliço
De amar o que não tenho, e
Recordar quem nunca me teve.

A.F.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

O tolo

Se fosse suficiente sentir.
Um toque que seja.
Um arfar.
O sussurro inebriante.
As gotículas do suor na pele.
O cheiro do calor emanado.
A lavanda do pós-banho.
Nem que seja no imaginário.
Seria suficiente, não seria?
Não.
De fato nada seria suficiente para mim.
Pois o amor exige mais.
Mesmo que meus lábios não o digam.
Apenas meus olhos que te fitam,
Enquanto almejo contigo falar.
E que o mundo inteiro saiba,
Da minha verdade guardada
Que nem desconfias.
Ou nem admitas, por fim.
Queria nem que fosse um sorrir.
Apreciar a leveza do ar que paira nela.
Jovial, pura, cândida, flor do meu jardim.
Imaginar que um dia a terei.
Nem que seja por um breve momento.
Para sanar a angústia desse sentimento.
Anos confinados dentro desses desejos.
Ela me tem como prisioneiro.
Mal sabes, a tola.
Ou seria eu o mais tolo dos tolos?
Sim.
Embriagado no beijo que nem provei.
Amaldiçoado no amor que nunca terei.

A.F.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Best friend

E quando lembrar dele, irei sorrir.
Minhas melhores risadas, ele tirou-as de mim.
Às vezes na intenção, outras só por estar ali.
De peito aberto e suas mãos,
Estendidas para me fazê-lo sentir.
São diversas as historias.
As brincadeiras por noites que nos fazem esquecer o dia.
Um carinho especial
Aquele olhar que fala tudo,
E as canções que resumem tantas coisas.
São esses alguns dos motivos de mantê-lo sempre aqui.
Perto de mim,
Fazendo parte da minha vida.
Essa que não teria graça, sem a sua presença e alegria.
É um misto de querer bem e saudades entre nós.
Mas uma certeza que a amizade é o laço mais forte que nos une.
Um homem de verdade!
Um coração de menino...
Melhor amigo.
Minha raridade.
Presente do meu destino.

A.F.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Aceitação


Queria aceitar meu corpo
Assim como aceito os erros alheios.
O meu próprio, conduzo longe de mim.
Das críticas que me faço
Todo santo dia.
Mesmo que seja difícil
Olharia pra cima e não pra baixo.
Sorriria.
Mesmo que de mentira.
No final nada é mais verdadeiro
Que a própria hipocrisia.
Queria me aceitar por inteiro.
Não só a parte que lhe convém.
Sentiria-me bem.
Satisfeito.
Alguém que merece o inteiro
Não só o meio amor e o desdém.

A.F.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Nunca


Deveria ter falado enquanto podia.
Não adianta muito lamentar agora.
Seus olhos me destruíram aquele dia.
E até hoje tenho pesadelos com eles.
O último beijo ainda está guardado.
Talvez sem tanta precisão, mas está aqui.
Tudo que você deixou
Não tive coragem de tocar, de devolver ou jogar fora.
Está exatamente no mesmo lugar.
Estou inclusive lendo mais,
Ouvindo mais Elis, lembrando sempre de ti.
Das inúmeras vezes que sorrimos.
Da tua voz ao meu ouvido
Falando besteiras como nunca alguém falou...
Melhor parar com essa de te reviver.
Toda noite antes de dormir,
A cada novo raio solar.
Melhor me deixar esquecer.
Você não foi justa,
Me matou e eu não posso nem me enterrar.
Não posso sequer sumir desse mundo
Que me fez te conhecer, te amar
Mas não me permite te deixar partir.
Nunca.

A.F.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Escolar


No silêncio do meu sorriso amei você.
Ninguém notaria, mas notei você.
De calça comprida, blusão e tênis azul.
Passando por mim na hora do intervalo.
Daí foi pior para mim o resto dos dias.
Findando aos poucos as minhas fantasias.
Deixando que eu sonhasse de dia,
Sem poder pregar os olhos de noite.
Buscando algum jeito de chegar.
Confessar meu amor.
Na maioria das vezes travava antes de pisar no corredor.
Decidi que seria melhor assim.
Te amei em silêncio,
Do sorriso ao all star colorido.
Do cabelo ao jeito de falar.
Ficaria melhor em uma rima.
Mesmo que sem rima.
Apenas nos versos para te eternizar.
Quando ler me lembrar de você,
Meu amor escolar.

A.F

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Versos de um apaixonado


Você que mal sabe de mim,
Recebas estes versos humildes.
Palavras que uso ao meu favor
Para tentar lhe convencer
Que meu peito chora pela tua insensatez,
Que meus sonhos lhe buscam
Todas as noites que me deito.
Nesses vinte e poucos anos
Jamais saberia compreender
A loucura que me habita
Noite e dia, por culpa tua,
Maldita!
Enganosa, porém angelical.
Venenosa, mas docemente sutil em seu mal.
Rosto delicado, de uns olhos cor de mel.
Nos lábios os rios se banham,
No hálito uma brisa do imenso céu.
A sua cor me deixa atormentado.
Ela me parece única,
Tudo em você me afeta,
Me permite ser um infeliz apaixonado.
Um desgraçado!
Admito minha parcela de culpa,
Mas foi teu sorriso que me matou, pequena.
Sei bem, não mereço seu amor.
Vou me alimentando dessa ilusão.
Meu peito não sabe para onde ir,
Apenas te sigo de longe.
Desde quando te reconheci
Foi um tiro certeiro no meu coração.
Destruído, acabado!
Deixou-me assim em pó.
Desnorteado.
Desejando ser teu,
Mesmo que em poemas nunca recitados.

A.F.

Continuar


Leveza.
Nos pulmões um ar mais puro.
Sorrisos frouxos.
Positividade.
De mãos dadas.
Peito aberto.
Sem medo.
Sem vergonha.
Apenas ser.
Diferente.
Revigorante.
Novos ares.
Novo jeito de viver.
Entender um pouco.
Questionar.
Mudar.
Reinventar.
Fazer o certo.
Errar.
Tentar, sempre tentar.
No íntimo se respeitar.
Plantar amor.
Colher bons sentimentos.
Ir em frente.
Continuar.

A.F.