sábado, 2 de junho de 2018

Letras


Escrevo para derramar em letras.
Aquilo que exponho, mas não consigo dizer.
E as linhas são amigas amargas. 
Outras vezes doces e singelas.
Na maioria incertas, porém perfeitas.
Traduzindo meu peito que padece por ele.
A escrita vem à mim como fuga.
Do mundo que me consome.
Da mentira que me suga.
E encurta a distância das minhas neuras.
Dos sonhos que sonhei à dois,
Mas não realizei nenhum.
Transborda em mim, me preenche.
Chega, fica, marca e me faz refém.
Sou eu, escrava das letras que me descrevem.
Dos versos que recito nos ouvidos dele.
Das mãos que seguram firme a caneta.
Mas as pernas são frágeis e não me suportam.
Desabo aqui, desmorono nesse recitar.
Sou alguém renovada, diferente.
Sou um mero ser que escreve para gritar:
A vida é muito maior do que está a nossa frente.
Ela é o poema mais difícil de rimar.

A.F.

Nenhum comentário:

Postar um comentário