terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Sonhos insanos


Ainda não sei seu nome.
Não sei como gosta do café.
Nem sei se gosta de café.
Só sei que sonhei com você.
Fiz um mapa no seu corpo.
Com os dedos desenhei minha inicial.
Fiz seu sorriso abrir.
Contei meus segredos pra ti.
Confessei meu amor.
Tive seu apoio.
Me afoguei no seu abraço.
Cantei pra você dormir.
Dei e recebi a paz que me trouxe.
Mas ainda assim, nada sei sobre ti.
Não sei se gostará de mim.
Do meu universo louco.
Das bizarras manias.
Do peculiar trejeito.
Do meu mal jeito de se expressar.
Do meu muito e do pouco.
Nada saberia, afinal, não sei se existiria alguém assim.
Talvez só no meu sonho.
Sonho maldito que insisto em sonhar.
E nele você é muito real.
Nele você me chama e fica.
Me despe e me veste.
Me olha e molha,
Com seus lábios agressivos e macios.
É assim que te conheci.
Dentro dos meus sonhos insanos.
Sonhos de menina.
Lá posso te ter.
Lá posso acreditar em nós.
Não me acorde dessa fantasia,
Não me deixe acordar jamais.
Preciso viver dentro da minha própria mentira,
Para não falecer em ruínas que cavei com meus próprios pés.

A. F.

É Natal


Mais uma vez à cidade iluminada.
No ar um sentimento de união.
O cheiro das ruas é agradável.
No semblante um sorriso tímido, um olhar cintilante.
O ano está acabando.
Muita coisa aconteceu e continua acontecendo.
As pessoas, os passos, a pressa e o peso.
Uma contínua busca por felicidade.
É a vida...
É natal.
E a música que toca a alma ressoa.
A esperança finalmente se renova.
E se pode sonhar mais uma vez.

A F.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Autêntica


Não recuso um bom vinho.
Amo andar descalça no tapete da sala.
Dou escandalosas risadas.
Sinto medo de baratas.
Falo tanto que chego à irritar.
Mas nunca precisei fingir.
Se gosto, exponho.
Se não também.
Sou transparente.
Não posso ser diferente de mim.
Quero continuar do meu jeito.
Dormindo ao som de barulhos estranhos.
Lendo clichês românticos.
Ouvindo coreanos.
Mas sendo autêntica.
Jamais uma farsa.
Narrando minha versão.
Escrevendo minha poesia.
Persistindo na alegria de ser eu.
Autora da minha vida.
Dona do meu coração.

A.F.

Olhos sóbrios


Ao invés de me empurrar, me puxa.
Sussurra pra mim aquelas palavras sujas.
Sente e prova do meu calor.
Cola em mim e causa febre.
Não me deixa pensar coisas tolas.
Me segura e não derruba.
É fácil, se você quiser.
Sou eu te dizendo pra parar antes que tudo suma dos seus olhos escuros e sóbrios.


A.F.

Óbvio


Foi preciso coragem.
Nem eu saberia explicar o que houve.
Aconteceu de imediato.
Já não mais existia a tal ligação.
O coração não oscilava.
A voz não emudecia.
O suor não mais escorria.
E foi ficando óbvio pra mim,
Você não era mais meu.
Eu não era mais sua.
Eu era minha.

A.F.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Olhos de cigana


Meus olhos vazios.
Ainda se enchem ao vê-lo.
Despem sua pele e se lembram,
Do toque macio do teu beijo.
Ainda carregam essas memórias.
Mesmo vazia posso enchê-lo
Das minhas neuras e dramas.
Das minhas frases mal ditas.
Malditas!
São íris enganosas, são.
Elas refletem uma saudade.
Um desejo escondido.
Eu não quero isso!
Não preciso disso!
Só me falta juízo e razão.
A sensibilidade esta por todo meu corpo.
O desejo que não quer passar.
A vontade e o medo de te encarar.
Dizer simples coisas.
Permitir essa ânsia me dominar.
Meus olhos escuros gritam e gemem.
Só querem derramar frouxamente
As lágrimas que eu não deixei rolar.
Toda a mágoa que eu não me permiti expressar.
Sim, meus olhos refletem a alma.
É a janela obscura do meu ser.
Opacos, oblíquos e enganosos.
Uma cigana presa e livre a me enlouquecer.

A.F.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

SEM TI mento


Cansei de me desculpar.
Todo dia é a mesma coisa.
Não existe uma inverdade.
É o que estamos vendo.
As nuvens cinzas pairam.
A chuva ainda cai por sobre meu peito.
Ele ainda está sangrando.
Ainda está doendo.
Eu sinto muito e tudo.
Sou intensa até a raíz.
Essa sou eu.
Não vou pedir desculpas por ser assim.
Se ainda sinto, foi por ser real.
Pelo menos até onde me tocou.
O meu peito sangra ao pensar,
Que foi tudo mentira tua.
Não, isso é inimaginável.
Inenarrável para essa história tão nova e morta.
E mesmo que continue.
Isso não me impedirá de sorrir.
Ainda posso sobreviver.
Não é meu fim.
Eu sei disso tudo.
A teoria é linda e cheia de rosas amarelas.
A verdade é que acoberta a seda que me encobre.
A textura que minha pele quer sentir.
Agora arde e eu não posso fingir que não me afeta.
O coração sente o que quer sentir.
Sempre foi assim.
Eu não posso me culpar pra sempre.
E não irei pedir perdão para quem me atraiu pra essa lama fria e angustiante.
Eu ainda sei o limite do meu fim.


A.F.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Mutuamente


Pisava leve.
Cautelosa.
Eu era assim.
Antes de você era eu.
Não mais prendo.
Solto e me exponho.
Atrevida me tornei.
Provocante é teu cheiro.
Provo do teu gosto.
É cicatriz profunda.
A marca que te identifica em mim.
E o beijo tem mais sabor.
O fogo não queima mais que nós.
Incediamos.
Derretemos nosso corpo mutuamente.
Não sei mais viver diferente.
Viciei em você.
Alucinada de prazer me deixou.
Se existir algo capaz de parar.
Leve-o daqui.
Não preciso disso.
Necessito do teu suor.
Embrigada de amor me deixou.
Não sou mais a mesma.
Nem sequer lembro da vida passada.
Meu coração resetou.
Ele só chama seu nome.
Só tem olhos para os seus olhos.
As cores que sua íris toma e me sufoca.
As dores que senti antes,
Não me importa.
Só quero você em mim
Até perdermos as malditas e infinitas horas.


A.F.

domingo, 13 de outubro de 2019

Outro nível


Usava a roupa mais confortável do mundo.
Uma calcinha e sua blusa larga preta.
No ar um cheiro de roupa lavada.
A música ecoava no quarto.
Dancei pra você me assistir.
Fiz meu show pra te apresentar meu corpo.
Realizei seus desejos e os meus.
Sussurei que te amava demais.
Meus olhos já me acusavam.
Ri da sua piada sem graça.
Você não era engraçado para ninguém, só para mim.
Só para mim que o enxergava diferente.
Seus assuntos eram sempre interessantes.
Seu coração era sempre gigante.
Seu cuidado me afetava.
Sempre fora insegura, mas você me segurava.
Me levava para outro nível.
Estava entregue.
Completamente apaixonada.
Era assim todo dia.
O dia todo te amando e me viciando no seu gosto.
Eu gostava de passar meu tempo contigo.
Era divertido.
Você, meu melhor amigo.
Meu cúmplice e parceiro.
Gastar as horas com você valia à pena.
Sempre valeu.
Era domingo, e eu o encarei sorrindo.
Meus olhos te disseram o que já sabia.
Um beijo quente te dei.
Fizemos nosso universo particular.
Nos prometemos um pra sempre.
Nos perdemos dentro de nós.
O amor nos encontrou.
Ele nos seduziu e estamos dopados.
Loucos e alucinados.
De amar a vida toda e ainda não ter bastado.

A.F.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

The voice

A doce e melancólica voz me assombrou.
Tentei contornar.
Fiz de conta que não ouvi.
A ignorei por completo.
Não funcionou.
Minha mente a ouvia sem pausa.
Berrando por atenção.
Me fazendo refém de sua histeria.
Ela ecoou pra dentro da alma.
Consumida, me entreguei.
Cedi lentamente.
Aos poucos me tornei outro alguém.
Não tinha permissão sobre mim.
Não mais sabia me controlar.
Fui me tornando aquilo que mais temia,
A mulher apaixonada.
Iludida.
Deixei meu orgulho de lado.
Me arrisquei.
Tantas lágrimas, tantos dias sem dormir.
Dramas diários.
Emagreci.
Pra no final de toda essa guerra,
Você vir com bandeira branca.
Pedir arrego.
Pedir pra eu não ir.
Que fora tudo uma loucura.
Que ainda me queria.
Que sabia que precisava mudar.
É mais outra mentira.
Uma armadilha para me vencer de novo.
Não, dessa vez não.
Não mais cairei nesse teu jogo.
A voz pode berrar.
Posso ficar surda de verdade, não ligo.
Prefiro não mais ouvir o coração chamar,
Do que sua voz rouca sussurando em meu ouvido.

A.F.

Só minha

 

A única marca real.
A prova viva de que aconteceu.
Algo ali era, mas não é mais.
Um dia foi doce, hoje é amargor.
Só ela pode confessar.
Vem dela a ferida que não cicatriza.
Saudade, o nome.
Eu a tenho por anos.
Nem ele e nem ninguém saberá.
É meu.
Só minha.
A saudade que cresce e me desalinha.

A.F.

domingo, 15 de setembro de 2019

Não era pra ser um poema sobre ela


Ela é minha pequena.
Não mais morena.
A ruiva que me domou.
Ela ilumina caminhos.
Com os pés pequenos,
Ela toma a cena.
E me tomou.
Suas frágeis mãos acenam.
A bochecha se curva,
E a sua linha mais linda está ali.
No rosto redondo.
No olhar que diz tudo.
Um sorriso que girou meu mundo.
A menina pequena gigante do meu coração.

A.F.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Ninguém além de mim


Quero continuar.
Pisar sem olhar pra trás.
Me sustentar.
Me apoiar.
Me levantar e seguir assim.
Quero lembrar de mim.
Do que eu tenho.
Do que eu já perdi.
Daquilo que conquistei.
Dos desejos que senti.
Quero me permitir.
Ser nuvem e fazer chover.
Provar do doce de ser eu.
Não quero mais ninguém além de mim.
Quero ser por mim.
Olhar no fundo do que sou.
Me admirar.
Me amar.
Me ter e saber,
Que por onde for serei minha.
Por onde eu for, quero ser meu par.


A. F.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Velho sabor do amor


Ainda tenho cicatrizes.
Amores que passaram por mim.
Vidas que me ocuparam.
Pesos que carreguei.
Segredos que me revelaram.
Ainda persisto na entrega.
Uma alma que quer outra.
Uma inteira que busca sua metade.
O velho sabor do amor.
Aquele que há muito não provo.
Cheio de medos, receios e arrepios.
Os beijos e as sensações das primeiras vezes.
Quero de novo e outra vez.
Reencontro de olhares e lábios.
O estômago ansioso.
A ofegante respiração.
Um velho e conhecido amigo,
O "estar apaixonado".
Repleto de genuína afeição.

A.F.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

I found


Eu a encontrei.
Não posso perder.
A doce seiva.
O mel do calor.
O transe intenso.
A onda a pleno vapor.
Agora eu a quero.
Que me dê mais.
Me sacie a sede.
Que eu a beba.
Mastigue.
A respeite e a prenda em mim.
Que fique o gozo.
Frenético.
Insano.
Das nuvens e meus pés sem tocá-lo, no fim.


A.F.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Look me


Você deve saber,
Ele não merece você.
Você é tanto,
Ele pouco e menor.
Seu amor é sem culpa
O dele por dó.
Ele não entende,
Você explica melhor.
E os dois não se encontram ao fim.
É tudo questão de coexistir.
Ele supera bem,
Você sente e mente que superou.
Ele encontra alguém,
Você continua onde ele deixou.
Ele dá risada,
Ontem você chorou.
Você deveria saber,
Ele jamais mereceu você.
Olha pra mim,
Sou igual à você.
Tantos anos após o fim,
Permaneço aqui,
Esperando por você.
Volta pra mim,
Te prometo que ele
Você irá esquecer.

A.F.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Lugar



No suor um gosto peculiar,
E eu segui testando.
A língua suave perdida,
Na pele quente dele.
O peito trêmulo e o calor.
Em um cômodo apertado.
O cinza da cidade fria.
A caneca por cima da mesinha.
O cheiro amadeirado no ar.
Tu podias não me olhar,
Mas eu já te conhecia.
Era certo, não mais errado.
Não fora um engano.
Estava esperando por isso.
Por mim.
Por nós.
O teu suor ainda escorria.
E eu o sequei com meu beijo.
O puxei para o corpo pequeno,
E cochichei algo engraçado.
Queria te ver sorrir.
Quebrar a barreira da timidez.
Te enxergar além do pudor.
Saber que você me esperou,
E quer isso tanto quanto eu.
A língua seguiu um rastro.
Os teus pêlos e o cabelo molhado.
Um convite para continuar.
A sua boca macia em mim.
Teus olhos abertos dizendo sim,
"Pode entrar que o amor tem lugar".

A.F.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Menina


Para buscar inspiração ela se afoga na melancolia da dor que não sente. Ela rabisca algumas rimas, versos ao léu. Ela busca sentido na mente que não para. Ela está absorta e introvertida. Ela é ainda muito jovem, não sabe o que quer e muito menos do que precisa. Se ela soubesse quanto é especial, o quanto seu sorriso é lindo, ela não se esforçaria para ser alguém que não é. Ela só precisa se sentir confortável com seus defeitos normais. Todo mundo tem o direito e a obrigação de cometer erros, só assim alguma lição é aprendida. É preciso provar do inferno para conhecer e reconhecer o paraíso. E ela, ela só queria inspiração para seus textos íntimos. Ela gostaria de expor seus sentimentos, mas teme ser rejeitada. Ela ainda é nova demais e quer amar. O amor nunca teve idade, mas exige maturidade. Ela ainda está verde, e parece ser cedo para provar da fruta doce que ela será. Deixa crescer, menina! Deixa seu corpo falar e te contar seus segredos. Deixa sua cabeça mudar e a vida te ensinar, que essa dor passa, esse amor muda e você é você . Única!

A.F.

Mãos dadas


De mãos dadas.
Seguimos forte.
O temporal passou.
As ondas não mais nos afogam.
Estamos em marisia desse amor.
Estamos ainda sendo um.
Pensamos em desistir.
Olhar para fora.
Sair correndo daqui.
Mas não foi mais forte.
Não foi maior.
Não chegou e arrebentou a corda.
Somos melhores que os erros.
Maiores que todos os problemas.
Os dois superaram juntos.
E é juntos que iremos ficar.
Melhor que ir embora.
Melhor que largar as mãos.
Não.
De mãos dadas somos enormes.
E o amor soma e acrescenta ainda mais.

A.F.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Soul deep


Faz tempo.
Mas ainda sinto o vento.
Lento que me balança.
Por dentro.
Estou balançada.
Inteira, mas sozinha.
Fui partida.
Em pedaços minúsculos.
Mas reerguida.
Por mim mesma.
Minha auto-estima.
Meus desejos reais.
Hoje sinto o tempo.
Insistente em me corroer.
Mas é poeira e o vento,
Que sinto por dentro,
Leva e me eleva.
Das dores e medos.
Das horas perdidas.
E dos momentos que já foram.
Hoje sou o renovo.
Uma versão atual de mim.
E sorrio, me encarando no espelho:
"A alma é linda e isso faz bem por mim."

A.F.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Mudanças


Então tudo mudou.
As linhas e raízes.
A trilha até você.
A antiga rima.
A nova prosa.
A mordida.
O gosto.
O sabor.
Tudo realmente mudou.
E não, não foi você.
Nem o tempo.
Nem eu.
Foi a vida.
Ela sempre muda.
Inconstante entre idas e vindas.
Restou o vazio.
Entre nós.
Um vazio que não some.
Ele cresce e persiste.
Leva seu nome.
Me anula.
Tudo, absolutamente tudo,
Não faz sentido.
E a dor resiste e mora comigo.

A.F.





terça-feira, 5 de março de 2019

Segunda pele


Uma vez me disseram:
- Poesia não enche barriga!
Não perca seu tempo, não.
Engraçado...
Meu corpo sobrevive dias sem comida
Mas não sem coração.
Continuaram falando:
- Poesia não dá dinheiro,
Como vai se sustentar?
Engraçado...
O preço do que eu quero,
Eu vejo e pago.
Mas ninguém nunca soube explicar:
"Quanto vale o amor?
Qual o preço a se pagar?".
Enquanto eles falam,
Sigo me reencontrando.
Desvendando os meus olhos,
Para algo além do palpável,
Algo maior e mais infinito.
Sigo rimando minhas emoções,
Mergulhado nas letras que me escrevem.
Sigo sendo poesia,
A minha segunda pele.

A.F.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Mataria


Hoje eu só não quero  mais.
Todo  o riso  que sorri.
Toda sensação boa e reconfortante.
Todos  os sonhos e desejos.
Todas as músicas e poesias.
Nada disso.
Não quero mais.
Não por hoje.
Não tão cedo.
Quero esquecê-lo.
Aos poucos e me reencontrar.
Assim poderei  pensar em mim.
Em toda dor que me causou.
Em  todo inferno que a vida se tornou.
Pensar que vale à pena morrer.
Morrer para nossas lembranças.
Nossa história.
Nossa memória.
Só por hoje.
Amanhã é outro dia, sabe.
Amanhã posso aceitar.
A verdade que me destrói.
Tão cruel e fria.
Só por hoje, acreditar que superei.
Que  sou forte e eu sei,
O amor não me mataria...

A.F.

domingo, 13 de janeiro de 2019

A liberdade do amor


Se tens aquela pessoa ao lado, não force demais. Deixe-a livre para te amar sem limites. Respire essa liberdade oferecida e ame-a igualmente. Não aprisione o amor. Nunca. Não cometa os mesmos erros de outros amantes. Inocentes, acreditam que amar é ter para si e não soltar. Não, o amor é uma mão aberta que afaga e não afasta, mas também não prende e nada força. Seja sutil e gentilmente afague o seu amado. Diga à ela que tudo ao seu lado é pequeno, mas o sentimento é imenso, profundamente indescritível. Dêem as mãos. O mesmo amor que une, pode também distanciar. Depende de quem ama. Depende do quanto se cuida desse amor. Então, caso tenha alguém, não sufoque com excessos. No fundo, sempre foi uma questão de deixar ir e saber que vai voltar.

A.F.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Ademais


Mesmo que eu me convença.
Ademais, não é o mesmo.
As vezes e o tempo da dor.
A frequência da batida.
O peito que arde na memória.
Antiga sensação que assola.
Mesmo que eu fuja.
Não consigo escapar de mim.
Minha saída não existe.
Ele levou a triste,
Realidade do meu fim.

A.F.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A poesia me roubou



Poesia boa é rimada.
Aquela que toca.
Um remédio que cura a alma.
Poesia de verdade faz pensar.
Dá um nó ou afrouxa.
É suave ou faz sangrar.
Queria eu saber poetisar.
Escrever em mim um poema.
Emocionar.
Emitir nos versos uma bela canção.
A verdade é que não.
Não sou poesia.
É tudo uma grande farsa.
Não sei como me expressar.
Só queria gritar e que alguém me ouça.
Estou cansada.
Exausta de tudo.
Farta de tanto amar e não poder sentir.
A poesia me roubou a vida.
Levou minha lucidez.
Bandida.
Escapou e eu me perdi de vez.


A.F.

Novamente

Não sei como funciono.
Me perdi no meio de nós.
Provei tanto do mel,
Que o salgado é estranho.
Outro sabor não me agrada mais.
Esqueci da vida lá fora.
Passei tanto tempo aqui dentro,
Que a luz ofusca e assombra.
Quero reenxergar.
Me redescobrir.
Recomeçar.
Esqueci de como é lembrar de mim.
Lembrei quando te encontrei.
Não sei.
Definitivamente, não entendi.
Queria assim, pedi por isso.
Mas agora, me assusta seguir em frente.
Ironia do meu desatino.
Esse destino que insiste
Em te reencontrar novamente.


A.F

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Costas nuas


E pensar que o gole final foi meu.
O suspiro pairou no ar.
A última pétala ao chão.
E todas as vozes se calaram.
Foi um pequeno passo.
Grande o suficiente para o fim.
Não houveram aplausos.
Nem as vestes mais belas.
Simplesmente se findou.
Uma carícia final não o dei.
Nem sequer as palavras falaram.
Muda me virei.
Minhas costas nuas fitaram.
O fim outra vez.
Talvez, um começo de algo.
Ainda não saberia dizer.
Somente o registro do amargo.
Da boca macia que beijou um dia,
Hoje morde e blasfema o passado.


A.F.