terça-feira, 25 de setembro de 2018

Ainda menina


Não deu tempo de falar aquilo que queria. As palavras ficaram presas em mim. Logo eu, tão poeta, mas tão menina. Ainda não sou mulher. Pensei que sabia das coisas. Não sei de nada. Admito agora, melhor do que tarde demais. Antes cedo, do que me afundar na minha insignificância. Sou assim. Sempre fui. Falei demais, mas não disse nada. Havia te perdido assim. Perdido pra mim. O perdi por minhas fragilidades. Tive medo de perder o que nunca tive. Sempre me contive. Insistentemente. Perdida nas minhas insanidades. Insensatez de menina que sou. Menina que ainda continuo sendo. Não mulher. Ainda não. Imatura, inconsequente, volátil e imprudente. Sou dona das minhas palavras, mas não dona das mentiras que ouviu. Independente. Apenas pendente das verdades que omiti. Engoli o choro, o orgulho, a falácia e desfaleci diante de ti. Continuo parada, te olhando assim. Esperando uma nova oportunidade de dizer. Dizer que me arrependi logo depois de te ver indo embora. Que ainda estou aqui aguardando seu retorno. Seu volver. Sem palavras, porém cheia de cicatrizes e tentando um dia mulher ser.

A.F.

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