Faz tempo que não o via.
Tinha esquecido a sensação.
Você usava sua camisa de sempre.
Um sorriso debochado no rosto.
Os cabelos bagunçados.
A visão da pessoa que amei um dia.
Amei com tudo que tive.
Nada te faltou de mim.
Te dei meu melhor.
Provastes do meu céu,
Mas não soube lidar com meu inferno.
Você foi embora.
Deixou-me esperançosa.
Acreditando que ainda não era o fim.
Tanto foi que esqueci de ti.
Esqueci como era teu jeito.
As manias que você tinha.
Até o modo de falar.
Foi tudo arquivado na memória do passado.
Você ficou lá atrás.
Mas hoje, de repente tudo voltou.
Tão rápido que nem pareceu ter ido embora.
As malditas lembranças da nossa historia.
Que escrevi através das poesias que recitei.
Que cantei através das canções que te dediquei.
Você sempre pertenceu à mim.
Mas, sei bem, nunca fui alguém para você.
Talvez um lance.
Talvez um sopro.
Não o fogo e nem a chama.
Não a vida e todo o drama.
Somente àquela que te amou de verdade.
Faz tempo que não olhava os castanhos dos teus olhos.
E me afogava nessa lama.
Foi só te enxergar assim,
Que tudo antes adormecido,
Acordou em mim.
O amor, a dor, a verdade.
Antigos sentimentos e as promessas.
Toda nostalgia de quando a gente revê quem ainda ama.
E a velha saudade que ainda aperta.
Me invadindo sem avisar.
É que você fez muita falta.
Ainda faz.
Meu peito padece quando ouve sua voz.
Não é normal reagir.
Não quero sentir.
Prefiro me esconder de mim.
Não quero sofrer.
Você jamais irá me retribuir.
Que seja do jeito que tem que ser.
Doído, amargo e cruel.
Que o sabor um dia saia da minha língua.
Que a dor não me cause mais feridas.
Eu deixo tudo de nós nesse papel.
Versos que relatam minha vida.
Àquela que juramos viver.
Que eu nunca tive coragem de realizar.
Nem sequer arriscar um recomeço.
Sinto muito, mas ainda amo você.
E não sei se deixarei de amar.
A.F.
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