segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Antipoético



Ela tinha um hálito insípido.
Uns trocados, algumas coisas banais.
O seu quarto era seu abrigo.
Ela observava o mundo lá fora.
Tudo era muito bonito.
Mas ela tinha medo.
E se trancava, se escondia.
Ouvia os ruídos do progresso.
Mas debaixo da coberta não saía.
Por isso não tinha ideia.
Não fazia ideia do que perdia.
Se mantinha presa em seu colchão.
E um dia, olhou e o viu.
Por um segundo pensou em sair.
Encorajada pelo calor que emanava de seu corpo.
Mas aquilo, depois de três dias, sumiu.
E ela o perdeu de vista.
Repousou no travesseiro.
E coçou o queixo.
Bocejou e sorriu.
Imaginando que por um tolo devaneio,
Deixaria seu mundo inteiro.
Encolheu os pés, e dormiu.

A.F.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Rimas saudosas


Saudades de escrever.
De lêr nos seus olhos aquilo.
O doce que ainda sinto na língua.
Aquela estranha sensação de cair.
E nas suas mãos as minhas.
Saudades de escrever.
De te lêr e continuar buscando mais.
Como um livro que não termina.
É o amor que me faz ser assim.
Você escreveu em mim.
E já não posso evitar.
Que estou apavorada,
Continuamente apaixonada.
Envolvida.
Nas linhas do seu corpo.
E na saudade que me domina.
Invasora e destemida.
Uma saudade doída.
De escrever e ser as suas rimas.

A.F.