quarta-feira, 4 de abril de 2018

O tolo

Se fosse suficiente sentir.
Um toque que seja.
Um arfar.
O sussurro inebriante.
As gotículas do suor na pele.
O cheiro do calor emanado.
A lavanda do pós-banho.
Nem que seja no imaginário.
Seria suficiente, não seria?
Não.
De fato nada seria suficiente para mim.
Pois o amor exige mais.
Mesmo que meus lábios não o digam.
Apenas meus olhos que te fitam,
Enquanto almejo contigo falar.
E que o mundo inteiro saiba,
Da minha verdade guardada
Que nem desconfias.
Ou nem admitas, por fim.
Queria nem que fosse um sorrir.
Apreciar a leveza do ar que paira nela.
Jovial, pura, cândida, flor do meu jardim.
Imaginar que um dia a terei.
Nem que seja por um breve momento.
Para sanar a angústia desse sentimento.
Anos confinados dentro desses desejos.
Ela me tem como prisioneiro.
Mal sabes, a tola.
Ou seria eu o mais tolo dos tolos?
Sim.
Embriagado no beijo que nem provei.
Amaldiçoado no amor que nunca terei.

A.F.

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