quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Dia das bruxas



Dei um beijo doce.
A mordida já foi mais travessa.
E começamos a nos pegar ali mesmo na rua.
Ele de meias pretas.
Eu de vestido costa nua.
Ambos vestindo luxúria.
Ele de jeans desbotado.
Cabelos rebeldes, porém amarrados.
Sem blusa, sujo com uma tinta vermelha.
Eu de meia calça arrastão.
Salta alto e na boca um batom pretão.
Um zumbi e a vítima perfeita.
Ambos não resistindo o desejo inflamado.
Brincando de fazer maldades.
Ele apertando a minha cintura.
Descendo a mão boba mais um pouco.
Eu o segurando pela nuca.
Puxando pra mais perto o seu corpo.
A noite invadia a cena.
Era dia das bruxas, eles queriam brincar.
Uma hora era o doce dos lábios.
Outra era as travessuras das mãos ao tocar.

A.F.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Mar


Afrouxei o nó que nos ligava.
Peguei as pontas e puxei.
Estou mais leve, mais solta.
Estou até admirando outros mares.
O mesmo mar que me banhei.
Aquele onde batizei nosso amor.
Tinha ondas turbulentas.
Me afoguei.
Agora aprendi a nadar.
E nada é como um dia foi.
Eu voltei.
Voltei para a maré branda.
Molho os pés, enquanto admiro o horizonte.
O sol laranja.
Os pássaros que pousam perto de mim.
Estou mais solta e pronta.
Pronta para desfrutar das ondas.
Ondas essas que chegam devagar.
E lentamente lambem minha perna,
Fazem de mim o próprio mar.
É bom saber que estou de alma lavada.
Da água salgada que é amar.
Livre de nós, o nó que prendia
A beleza do que foi um dia
O azul de todo esse mar.

A.F.