sexta-feira, 26 de junho de 2015

É o começo


Espero que esse não seja o último texto, ainda tenho um livro pra escrever sobre você. Falar sobre a nossa estranha mania de pensar igual, e se olhar rindo sem nada dizer. Sabemos. De andar ao seu lado na rua, e procurar seus olhos, que estão em frente, protegendo os meus passos. Quero falar da sua mania de me irritar, e depois dizer que tenho razão, e que me ama tanto que mal consegue falar. De olhar em sua cara aquela expressão de alegria, de sentir todo dia que o que mais quero é você.
Não pode ser o último verso que digo e repito a mesma história, dos dias nublados que ficaram tão bonitos com você ao meu lado. E não tem como não dizer da imensa agonia de não te ver sequer um dia, se virei uma viciada de você. Somos o que nos preenche, você o pão, e eu a manteiga quente, derretendo em sua boca. Você a taça e eu o vinho, descendo devagarinho, entorpercendo nosso querer. Como dois pardais, que sabem para onde voam, e não se perdem. Regressando pro ponto de partida, encontrando o caminho do lar. Dois que logo serão três, ou quatro quem saberá? Apenas feito de amor, destinados a se amar.
Não, isso é o começo do que podemos chamar de romance, do que apelidamos de lance, do que sentimos ser o nosso eternizar.

A.F.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Muda


Estás cansado, e seu olhar o acusa.
Não aguentas a palavra que te julga.
De verdades que contradizem coisas tuas.
Despido em noite fria, só de lua.
Sabes que mentira não perpetua.
Debaixo dos lençóis a carne crua.
E os andares que perambulam na tua rua.
Não são meus, são de mártires,
São de pretéritos, são das loucuras.
Bater na porta e receber a carência mútua.
Romper os laços e garantir a  antiga frescura.
De cultivar raízes no lugar das mudas.
De não ouvir a verdade surda.

A.F.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Particular infinito


Quando suas mãos tocaram nas minhas, estremeci.
Levei um tempo para raciocinar.
O ar que devia estar em mim, sumiu.
E ficou em meus pêlos aquele arrepio.
De vez em quando olho seu andar.
Vindo em minha direção, é meu calmar.
E o fogo que eu senti, me fez um bem danado.
Queria ir embora contigo dali.
Viajar em outros espaços.
A minha pele gritava em contato da sua.
E mordendo seus lábios,
Descobri e beijei a nuca tua.
Imaginando que fosse bom,
Perder mil horas contigo.
Querendo desesperadamente,
Ser teu particular infinito.

A.F.