quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

If one dies of love, yes.

Por que você não é como ele.
Você me entorta.
Me traz pra vida real.
Me diz coisas sujas.
Me seduz com o seu verbal.
Você não pede desculpas.
Suga minha alma e desaparece.
Me deixa com saudade.
E volta, mas me esquece.
Você não é como ele.
Porque você acaricia o ombro.
Briga na hora errada.
Você não tem paciência.
Me despe e me envolve.
Não entende meus olhares.
E testa minha fé.
Me põem em prova de fogo.
Me deixa exausta.
Me revive de novo.
Você nunca será igual a ele.
Você é humano.
Você erra.
Nunca mentiu em ser do seu jeito.
E é por isso que o amo.
Por que você não se importa.
Sua ferida é minha.
Minha ferida é sua.
Você sou eu.
E eu me achei em você.
Nada mudou.
Exceto o amor.
Hoje você o salvou.
E acabou me libertando.
Se hoje sou o que sou.
É por culpa daquele que nos suicidou.
Se se morre de amor, sim, se morre.

Amanda F.

Pausar

E o mais engraçado é que tudo que leio serve como luva, uma luva de box que me esbofeta de jeito. Sou insegura. Parece que tudo que acontece me afeta. Não aceito certas coisas, mas as deixo rolar. Sou estranha. Mas isso não foi pra falar de como ser estranho ou algo do tipo. Se é ou não bonito. É só: sou estranha e ponto. Tenho manias, como qualquer garota da minha idade. Costume ler poemas, me identificar e vivê-los. Sou muito frágil, mas também sou muito má. Uma estranha perfeita. Ou não. Falar sobre mim nunca foi algo admirável. Odeio biografias. Odeio forçar as coisas. E me odeio por teimar. Dá vontade de rir das minhas desgraças. Dá vontade de chorar das minhas ilusões. Dá vontade de sumir, ir pra outro livro e me imaginar na historia mais romântica do mundo. Seria muito bom viajar. Ir pra algum lugar que me faça pensar. Preciso pensar. Mas já penso demais. Preciso ousar, mas não sou capaz. Preciso de tanta coisa. Preciso parar de me torturar. São coisas que só eu sei o que rola. Não sei se me enrolo, ou deixo enrolar. Deveria aprender, mas costumo errar. Deveria esquecer, mas sou a primeira a pensar. Deveria viver, mas insisto em me matar. E o mais engraçado é que tudo não passa de um pesadelo. Onde acordo e vivencio sem pausar.


Amanda F.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Camuflagem


E dessa vez será tudo calmo.
Meu silêncio falará por mim.
Só o pulsar do coração saberá.
O quanto de amor existe.
Não vou gritar, não vou publicar.
Oficializei em meu interior.
Que é pro amor ficar sublime.
Na marisia do que será daqui pra frente.
Vou deixar debaixo das cobertas.
Só nós saberemos.
A inveja tem ouvidos, pequeno.
Vou falar que te amo por olhar.
Você vai entender e demonstrar.
Não me falta nada, encontrei meu ar.
É melhor deixar como está.
No silêncio a gente se entende.
O segredo é camuflar.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Serve pra isso

Conversando com um amigo, cai na real. Porra, levei um soco sabe. Um bem dado, só pra eu parar de ser ridícula. Alguém como eu não deveria tá pelos cantos, relendo as mesmas histórias mal resolvidas, sonhando em acordar desse tormento, pensando no ontem e amanhã. Alguém como eu deveria estar pelas ruas sorrindo, escrevendo novas histórias, realizando meus sonhos e vivendo o agora. Ele me falou que eu não preciso agir diferente com alguém que me fez mal. Só preciso olhá-lo, cumprimentá-lo, questionar se esta bem e fazer meu papel de amiga e pronto. Não deveria temer nada. Deveria saber me portar com elegância, com humildade e reconhecer que o que passou já tá passado. Que está na hora de seguir em frente. Que o gostoso da vida é isso, estar disposto a se aventurar. Ele me puxou pelo braço e disse: "Vem, você precisa acordar". Mas ele foi bem direto e nada sutil, quando falou sobre não esperar nada de ninguém. E no fundo é verdade. Tem que partir de mim a mudança tão necessária, a coragem tão essencial e a disposição de conhecer o desconhecido. No beco escuro, será só eu e Deus, mais ninguém. Meu amigo me disse que com tantos atributos, alguém como eu deveria estar se divertindo, não se lamentando. E o amor próprio é o que me inspirará a se reerguer e sair da lama. Me afundei sozinha e será sozinha que sairei. A força que vem das minhas veias serão meu alicerce de libertação. Preciso ser livre antes de tudo. Preciso me sentir segura antes de dar o primeiro passo. Não será uns dias, uns meses, talvez anos, ou mesmo horas. Não importa o tempo. Meus olhos voltarão a sorrir como antes. Hoje tão frouxos e opacos. Eles serão dois sóis. E o culpado disso tudo será o meu amor por mim mesma. O amor pela vida, pelo bem querer do próximo, pelo olhar ameno e sincero.  De tantas mil conversas, ele veio justamente cutucar a ferida aberta. Ele se sensibilizou como ninguém, e me deu o apoio que tanto suplicava e que poucos ouviam. Obrigada, amigo.


Amanda F.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sou FLAMENGO

Se é pra falar de amor.
FLAMENGO.
Se é pra sofrer de angustia.
MENGO.
Se é pra chorar de alegria.
MENGÃO.
É que vai além do campo.
E vem pra alma.
Minha oração é o hino cantado.
Meus votos são seus.
A dívida será eterna.
O amor indescritível.
Se é pra ser a maior torcida.
FLAMENGO
Se é pra cantar com a massa.
NAÇÃO RUBRO NEGRA.
Se é pra ser feliz.
MENGÃO.
E como sei que se é.
Serei FLAMENGO até morrer.
Serei FLAMENGO além da morte.
Sou FLAMENGO muito antes de nascer.
Porque o Flamengo é muito mais que um time.
É um pedaço do que me torna alguém.
É a essência que me fortalece.
Se é pra perder a voz.
Se é pra enlouquecer a cada conquista.
Se é pra fazer parte da loucura mais linda.
Serei o que Deus me fez,
A mais fanática e alucinada FLAMENGUISTA!


Amanda Flamengo.


I just need a light


Não me faltam palavras.
O que verdadeiramente me padece
São os sentimentos nobres.
Sempre fui um livro aberto.
Mas as folhas eram frágeis sedas.
As letras cursivas e desenhadas.
Os versos carregados de tristezas.
Não me faltam motivos.
Permaneço imutável e inconstante.
Mendigando sonhos de outrem.
Não me faltam desejos.
Só preciso de uma luz
Nessa caverna funda e sufocante que é meu peito.
Juvenil aparência de mulher.
Delicada voz ao cantar o dia.
Mas só de olhar a íris feminina.
É que se sabe o quanto está perdida.
Tenho a doçura de menina.
Mas o fulgor de mulher.
Não me faltam linhas.
Tenho nos calos histórias vividas.
Mas o passado não mais me sorri.
E só escrevo o que o pesar me permite.
O silêncio é o meu refúgio.
Vivo das cinzas que pari.


Amanda F.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sobre promessas, homem ideal e refri.


Acho que perdi as contas de quantas vezes prometi que não beberia mais refri. É sempre isso, ano novo chegando e uma promessa é obrigatoriamente feita, pra quem sabe no próximo ano as coisas sejam diferentes. Balela. E isso não é só pro refri, vai além. Envolve exercícios físicos, estudos e claro, homens. Desde quando comecei a me importar/ interessar pelo sexo oposto foi assim. Nunca me envolvi com caras que considerava "fora do meu alcance", ou também aqueles que eu tinha certeza que nunca olhariam pra mim. Esses dai só ficavam nos meus sonhos e só. Sempre me limitei aos caras inteligentes. Aqueles que me faziam rir e que gostavam desse meu jeito idiota de ser. E mesmo assim, tá difícil. Não sou seletiva. Coloquei isso em mente. Mas um dia cai na real. Sou sim. Puta merda, sou sim. Quem eu quero enganar? Eu tenho os meus gostos, eu tenho uma lista mental de quem será o cara perfeito pra mim. E foi assim que tentei encontrá-lo em cada carinha que me relacionada. Um estúpido erro de equação. Homens não gostam de ser comparados. Assim como as mulheres, eles tem sua vaidade. Me perdi na tentativa de encontrar o meu homem perfeito. Mas quem sabe ele já tivesse aparecido. Quem sabe não. Não posso e nem vou culpar o meu dedo. Ele pode sim ser bem podre, mas a culpa é minha. Totalmente minha. Não tenho vocação pra romances. Prefiro escrever um livro sobre tal. Escrever poemas, escrever alguma coisa. Participar ativamente de um, não dá. Minha sina pelo romantismo chega a ser torturante. Sempre briguei com minhas amigas que escolhem os caras pela beleza, pelos olhos azuis ou verdes, ou pelo estilo. Mas acho que sou tão fútil quanto elas. Escolho o cara pelo o que ele tem a me oferecer, sentimentalmente. Faço um tipo mental e tento adequá-lo ao meu gosto. Ou quem sabe nem um e nem outro. Simplesmente escolho por que como já disse, sempre me considerei insuficiente. Deve ser por isso que sou tão desencantada nas minhas relações amorosas. Refleti muito sobre isso. Acho que nunca alguém será a pessoa que você constrói na sua mente fantasiosa. A pessoa é aquilo ali que você tá vendo e o que você poderá ver se deixar ela te mostrar. Não preciso de um Mr. Darcy para ser feliz. Tão pouco de um Edward da vida real. Só preciso entender que o cara perfeito é aquele que nos faz rir de uma piada idiota. Nos convida pra tomar sorvete na praça. Brinca com nosso cabelo e confia na gente acima de tudo. O famoso príncipe, ele existe. Existe sim, porque o cara que você ama ele é o SEU príncipe. E se você  é como eu, nunca acreditou em príncipes, talvez exista vampiro, gatinho, môzão, vida etc etc. São apenas adjetivos. São coisas que acontecem naturalmente. A questão aqui é não exigir aquilo que você sabe que é pedir demais. Os homens são imperfeitos. Nós somos imperfeitas. Só sei que pra mim já chega de fazer promessas. Vou cumprir aquilo que me der vontade. Promessas foram feitas para serem quebradas, não é o que todos dizem? Então não prometo mais nada. Por que ninguém precisa de uma promessa pra acreditar, e sim de confiança, de foco e objetivo. Dessa vez não tomarei mais refri, e nem beijarei bocas à toa. O que tô querendo de dizer, é que CHEGA de esteriótipos. Quero mais que se dane quem inventou o belo e o não belo. Beleza pra mim vem de dentro.  Pode até parecer papo de gente feia ( quanta sensibilidade!), mas é o que realmente importa. Pessoas que só olham o físico, que esperam muito, sempre ficam com nada. NADA. Quando você perceber, tá em uma cadeira de balanço, esperando o homem ideal, o de seu sonhos chegar montado no cavalo branco, ou dentro do carrão. Enfim, você morrerá a espera do ego que nunca foi inflado. E se você acredita que o cara da música do Luan (vesguinho) Santana existe, você também ficará na mesma cadeira de balanço, de preferência chorando, e passará vinte, trinta anos e seus cabelos brancos serão as únicas coisas que você verá mudando. De resto, você será a frustração em pessoa. Fim. Por isso se o cara for lindo aos olhos, ele terá toda minha atenção. É a vida.  Então, que venham os homens lindos de coração, lindos de caráter. Não estou sendo hipócrita. E quem duvida, continue duvidando. Nunca me importei com a opinião de ninguém, e não vai ser hoje que isso irá mudar. Prometo.

Amanda F.

Mulher macho, sim senhor.

Criei esse blog a quase 3 anos atrás, e um dos muitos motivos é porque sempre adorei escrever. Escrever é como falar tudo aquilo que te passa na cabeça, só que não necessariamente você usará a voz. Hoje posso perceber que amadureci em muitos aspectos, literalmente falando. Mas sempre me pego relendo as coisas do passado. O passado é sempre muito atrativo pra mim. Enfim, o blog sempre foi inspirado em uma só coisa: no sentimento. Especificamente no meu sentimento em relação a tudo que vivi. É estranho lêr tanta coisa e perceber que o que deveria mudar, ainda não mudou. Existiu um cara. Sempre existe né. Hoje ele não faz parte mais da história. Ele se mandou. Bem típico. Não quero dizer aqui o que todo mundo diz por aí, que homem é tudo igual, que não presta, e blá blá blá. Só que acho que quem errou no final disso tudo foi eu mesma. Se eu tivesse me ligado no primeiro momento que ele não queria nada, eu não estaria agora escrevendo sobre isso. O fato é que homem é um bicho muito esperto. Ele finge que não nos entendem, mas eles entendem muito bem. E é por entender que eles agem assim. Sorrateiros. Mestres. É claro que não tô falando de menino, é de homem, ok? Menino é o cara. Ponto. O que to querendo dizer é que homem quando gosta, gosta e pronto. Homem se duvidar sofre mais que mulher em términos. Homem é direto, sabemos. Mas é essa certeza que me atrai. Acho que sou homem. Só pode. É claro que tenho meus toques femininos. Seios.Rímel.Gostos musicais gays. Romance vampiresco. Enfim, eu tenho. Mas no fundo, acho que sou mais homem que muito homem por aí. Falo grosso (figurativamente), sou objetiva (em alguns casos), insensível (ou vão dizer que não), até sensível demais ( isso sim!), gosto de estar rodeada de amigos (homens, de preferência), falo sobre futebol como ninguém (meu orgulho), assisto partidas e palpito, enfim eu gosto do universo masculino. É tão mais fácil. Acho que é por isso, pela agilidade das coisas. Homem não enrola, ele diz e pronto. Ele não dá indiretas, até porque ele não entende as indiretas. Vou pegar o meu homem e expor mais. Não tô querendo dizer que sou lésbica. Não SOU. NÃO mesmo. Mas é que ser homem em um corpo de mulher tem lá suas vantagens. Acho que deve ser por isso que nenhum homem ainda me suportou. Homem que é homem gosta mesmo de mulher, não? Mas e se a mulher vier carregada de peculiaridades comportamentais masculinas, ainda sim gostariam? Isso é preocupante. É um grande dilema. Mulher que é mulher, é os dois gêneros em um só corpo, em uma só mente. Talvez. Acho que na verdade isso tudo, de mulher, de homem, de querer compreender essas diferenças de sexo, é a grande sacada dos melhores autores. Por que no fundo homem sempre será homem. E mulher sempre será mulher.

Amanda F.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Amor que não verei

Foi um amor.
Uma dor na ponta do pé.
Uma neblina cinza.
Foi um abraço apertado.

Foi um nó na garganta.
Um leve sussurrar.
Uma brincadeira de criança.
Foi um sorriso no olhar.

Foram as flores da primavera.
E também o frio do inverno.
Um cochilo na rede.
Foi uma porta semi aberta.

Foram cartas que não enviei.
Os lugares bonitos onde nunca pisei.
Uma discussão que não causei.
Foi assim, um amor que não verei.

Amanda F.

No more dreaming

Ontem a noite sonhei com você. Mas não exatamente. Sabia que era você por causa do meu coração. Só ele se agitar e eu já sei. Você estava com outro alguém. Não, não fiquei bem. Chorei. Acordei chorando. Não sabia como gritar minha dor. Você que um dia fez parte da minha história. Agora escreve outra com outra pessoa. E eu não posso aceitar as suas escritas externas. Desculpa. Por favor, eu prometi que não mais escreveria assim. Mas é que eu tento, tento muito, porém você não sai do pensamento. É sem querer. Não tenho vontade de pensar, de recordar os momentos, de lembrar dos beijos, mas me vem. Tão urgente eu corro pra sua camiseta, aquela que você me deu. Me enrolo nela e fico pensando, "por que meu DEUS?!?", porque é tão difícil ter alguém pra amar. Hoje você nem sequer me olha. Acho que nem lembra do meu nome. Mas é assim que foi, e é assim que será. Escolhi não mais dormir, pra não ter a chace de contigo de novo sonhar.


Amanda F,

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ame uma mulher que ame futebol

Ela não vai neurar quando você quiser assistir um futebol no domingo.
Ao contrário ela vai junto contigo.
Ela é daquelas mulheres sem frescuras.
Bebe no mesmo copo que o seu, usa a mesma escova de dentes também.
Ela vai xingar a mãe do juíz.
Ela vai roer as unhas pintadas de vermelho.
Gritar até ficar rouca com um gol.
Ela vai te beijar tanto em uma comemoração.
Você vai pensar que ela não é real.
Mas é sim, camarada.
Ela é aquela mulher que ri sem vergonha.
Que entende o futebol.
Assiste, acompanha os campeonatos, ela adora isso.
Talvez ela te cause um certo medo.
Essa mulher é tão independente.
Mas daí você olhará aqueles olhos.
E ela estará vestida com a camisa do seu time do coração.
As duas coisas que você mais ama no mundo em uma só pessoa.
Sim, ela é real e está por aí.
Mulher que entende sobre futebol não é rara.
Ame uma mulher assim.
Ela vai sentar do seu lado pros jogos da quarta.
Ela vai preparar umas fritas e separar a sua gelada.
Ela vai chorar com uma derrota.
Ou talvez secar suas lágrimas por causa de uma eliminação.
Vai amar te assistir jogando bola.
Vai ser sua fã número um.
Ela arriscará umas partidas.
E ficará tão linda com a sua chuteira da sorte.
Mas ela não só gosta de assistir uma partida de futebol.
Ela vai querer encarnar os times rivais.
Vai se enturmar tanto nas conversas sobre os jogos,
Que você se sentirá orgulhoso por ter uma mulher assim.
Ame uma mulher que ame futebol.
Mulher assim gosta mesmo é da emoção, do sufoco, da torcida.
Mulher assim não é ligada nos jogadores mais bonitos.
Ela quer saber daquele cara goleador.
Ela quer cantar o hino do clube a puro pulmões.
Ela quer ir contigo no estádio.
Quer ser sua parceira nas farras de uma conquista de título.
Você será muito mais feliz.
Futebol e mulher.
Homem que ama essa combinação não precisará de outra coisa.
Ela será sua mulher no campo e fora dele.
Ela estará contigo independente da derrota.
Abrace essa chance, segure-a.
Aposte tudo no amor de uma mulher assim.
Mulher que entende e que é apaixonada por futebol.
Será uma mulher completa e você será completo com ela.
Simples como entender o que é um escanteio,
Que por um acaso ela sabe.
Faça esse gol de placa, e era irá driblar qualquer dificuldade.
Seja pra ela a emoção do time entrando em campo em uma final.
Que ela será pra você o gol aos 48 do segundo tempo em uma decisão.


Amanda F.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Inundada

No reflexo um corpo jovem e um coração velho. Uma farsa rodeada de verdades. Na mente uma fumaça azulada. Os olhos vagos brilhavam. Nos lábios um cigarro. Mais fumaça na cabeça. Tonta sem cair. Descrente da paz universal. Já decidida a apoiar os liberais. A estampa da camisa é o rosto de alguém que nunca viu. Carregava alguns medos na bolsa jeans. Seus passos incansáveis. Não desistiu. O amor é mentira, recitava. A vida é intuitiva, aceitava. Alisava suas mechas rosas, enquanto ouvia sua canção favorita. Esperava um ramalhete. Suas tulipas amarelas desejava. Olhava da vidraça as coisas que não possuía. Pendia de um precipício todo dia. Aprendeu sozinha a se esquivar. No punho algumas marcas do passado. Relembrar do passado a feria. Nos cadernos alguns versos. Beijava o céu e trepava na terra. Era o oposto do que sempre quis. O cintilante brilho do batom, instintivamente gritava. No quarto um homem sem as calças. 24 horas. Ela não mais contava. Perdeu-se no mundo onde não habitava. Cheirava, provava, renunciava, arrancava, por nada. Ordinária. Corpo juvenil, corpo vadio. Vende-se a alma. Mil mãos a tocavam. Nos olhos um sorriso vil. Eles a pagavam. Ela cobrava. Meretriz. Mera atriz. Infeliz. Não o quis. Renegada. Das ruas. Esquinas. Dos porões sujos dos navios encalhados. Inundada. Imunda. Mudada. Dada aos quereres de outrem. E nada mais.

Amanda F.
 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Alguém

Queria que tudo fosse real.
Que meu coração estivesse comigo.
Que ele batesse sozinho.
Que ele fosse algo meramente fisiológico.
Mas sei que não é fácil.
Ele não está aqui.
Ele continua perdido.
Escondido.
Procurando por alguém.
Alguém que supra seus anseios.
Alguém que o queira inteiro.
Alguém que não o trate como brinquedo.
Por alguém que tenha no mínimo respeito.
E ele está por aí.
Vagando à procura desse alguém que não veio.
Só que mais cedo ou mais tarde ele cansará.
Voltará cabisbaixo, sorrateiro.
Fingindo estar bem, pulsante, ligeiro.
Mas sou eu quem sentirá o nó no peito.
Será em mim que ele chorará.
E as consequências serão feias.
A frustração de vagar a vida inteira.
E não achar amor que te queira.


Amanda F.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Desabafo de uma mulher diferente

Não existe palavras pra descrever o que sinto hoje. Acordei disposta, e isso não é algo comum. Noite passada ele me amava, mas o amor não vale de nada. Ele disse que queria um tempo, precisava respirar novos ares, tinha que se decidir. E a minha cara foi ao chão com tamanha audácia. Quer espaço? Vá pra lua camarada. Quer oxigênio singular? Se joga de um penhasco e respira esse novo ar. Quer um tempinho? Enfia o relógio no seu nariz! Não acredito que foi pra isso que dediquei meus dias, minhas forças e meu amor. Que drama, pode alguém pensar. Você vai encontrar alguém melhor. Vou mesmo, por que não posso considerar ele como alguém a nível suficiente de comparação. Fiquei cega, e a culpa foi toda minha. Acreditei nas promessas, e enquanto ele falava sobre um futuro ao meu lado, eu suspirava apaixonada. Enxuguei cada lágrima derramada, acreditando que finalmente ele mudaria. Que estúpida ilusão, e que grande covardia. Ele parecia calmo quando saiu do meu apartamento. Não vacilou antes de fechar a porta e sair da minha vida. Não deve ter nem se virado e suspirado alguma dor. Não teve consideração nenhuma e me deixou na mão. Não minto quando digo que chorei. Chorar não é bem o nome. Acho que morri. Aos prantos fiquei, dias e noites. Foram longas noites. Mas hoje tudo parece mais calmo e claro como nunca. Revivi em outro eu. Acordei e abri meus olhos para o que sempre esteve na minha cara. Eu sou linda, sou mais do que ele poderia imaginar. Ele não foi nada. Só uma frase que rabisquei no meu diário. Ele foi embora, e eu fiquei. Fiquei mais forte, mais corajosa e mais determinada. De certa forma todo fim tem seu lado bom. E se por algum acaso ele retornar da puta que o pariu, estarei aqui onde ele me deixou. Vestida de flores, carregada de novos amores e me sentindo bem melhor. A vida nem sempre é gentil, mas ela sabe o que faz. E graças a Jah ela me livrou desse mal que um dia pensei ser amor.


Amanda F.

Só existe você

Mostra pra mim que perdi tempo.
Mostra a tempo essa loucura.
Me deixa ansiando outra vez.
Puxa meu corpo contra si.
Desce os olhos até meus atributos.
Passe seus lábios e me vicie.
Mostra que era pra ser assim faz tempo.
O absurdo foi não termos tentado antes.
Algo nos afastou, mas isso já não importa.
Só deixa acessa a nossa luz.
A porta meio aberta.
A música no ar.
O clima a nos envolver.
Deixa que o que tem que ser será.
E será se de nós depender.
Pra mim não existe outro.
Só existe você.

Amanda F.

Na alma

Quero encontrar-te e dizer-te coisas mil.
Beijar-te e acariciar sua pele lentamente.
Cantar-te minhas letras de amor.
Ouvir-te e sorrir por finalmente ver-te.
Sentir cada contato e fazer o tempo parar.
Não quero perder nada.
Não posso imaginar perder-te outra vez.
Resvalar nos seus sorrisos de menino inocente.
Olhar-te com devoção infinita.
Ter-te, simplesmente.
Mirar-te e contemplar seu sol.
Os seus olhos reluzindo o meu amor.
A vida sendo gentil finalmente conosco.
Quero imaginar-te sem medo do futuro.
Preciso acreditar que não mais partirá.
Não pretendo assustar-te,
Mas é que preciso dizer-te
Que se for para ir, leve-me contigo.
Não tenho medo de nada se estás comigo.
Leve-me no seu colo.
Não preciso de nada além do seu amor.
Quero tocar-te na alma.
Reviver-te onde quer que eu for.


Amanda F.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Inspiração

E cá estou em frente a outra folha em branco tentando dizer o que ainda sinto, o que ainda não consegui esquecer. Cá estou, debruçada sobre um mesa de bar, tomando um vinho caro, fingindo me importar. E lá está ele, olhando para minhas pernas, roçando a barba no copo, me chupando mentalmente. E não vou, pois não quero mais uma vez acordar ao lado de um anônimo que em uma noite jura amor eterno, só para realizar seus desejos que duram a mesma noite. E aqui vou, mergulhar de cabeça nos livros amarelados, lendo coisas do passado, coisas que antes era fácil escrever. E não estou nem um pouco preocupada com quem me encontra nesse estado de torpor, com essa cara de ressaca e o mesmo copo de vinho caro. E pra onde vou já não faz mais tanto sentido, se meu destino foi escrito e arrancado como papel, ou manchado pelas minhas lágrimas que por hora não caíram, mas que irão. Não sai uma palavra, não sai uma rima, uma combinação de vogais, não sai. Estou tentando, foi isso que planejei, tentar e tentar outra vez, mas não é fácil escrever quando não há inspiração, quando não se tem pra quem ler.


Amanda F.

sábado, 26 de outubro de 2013

Só falar de amor

O amor é um doce meio amargo. Uma bebida forte, que desce quente, e depois te dá uma ressaca fatal. Uma rua vazia florida, um mundo pequeno e universal. É um pão de queijo gostoso, saboreado em um dia de sol chuvoso. Não sou fã dos livros, só leio alguns pra dizer que já li alguns. Não sou idiota, então não me apaixono por nenhum. E quando começo falando de amor, é porque termino não sentindo nada. Não sou boa de seguir conselhos, mas dou um bando deles. Não sou irônica, porque no fundo o que digo é pra doer mesmo, sem brincadeira. Sou cara de pau, sou uma piada, um pouco de tudo que foi renegado do mundo. Roubo atenções, forjo sorrisos, enceno amores, destruo corações. Sou uma vadia, uma mãe, uma amiga retardada, uma freira, e sou pecadora. Quando tiro, retiro o resto também. Não economizo, ostento minhas alegrias. Quando vejo um muro, picho. Faço do contrário minha experiência de tropeços. Caio de salto, mas subo com elegância particular. Arrumo minha saia, ajeito meu cabelo, passo mais um pouco do vermelho nos lábios. No coração um segredo. Nos olhos uma serpentina. Nas mãos, a cobiça. No peito as coisas que não foram ditas. Na língua a malandragem de ser mulher. Não tenho certeza, ou melhor, só sei que morrer não é opção. O amor antes citado com decência, não é o mesmo a ser vivido. O amor não está ao lado. Está mais pra onde judas perdeu seus sapatinhos. Se dou risada da minha desgraça, imagina o que eu faço quando se trata de um inimigo. Não sei do amanhã, mas garanto que ele não será pior do que já foi. Palmas pra mim. Palmas para minha tolerância e paciência. O amor é um sabonete, que escapa das minhas mãos sensíveis. O amor é algo teórico, que ainda não pus em prática. Leio em livros sobre o mesmo, mas amar como se ama não sei. Por isso essa camuflagem de autonomia, de resistência, de defesa pessoal. Por isso prefiro somente falar de amor, e jamais morrer por tal.


Amanda F.

Se chegue

Não só me olhe.
Segure minhas mãos.
Não só me encare.
Me puxe pra perto e sinta minha respiração.
Estou esperando.
Você finge não entender.
Mas você sabe do que preciso.
Você só não consegue chegar.
Eu deixo você me ganhar.
Eu quero ver você me domar.
Quero sentir seu dominar.
Sem saliência, sem inocência, sem clemência.
Só deixa esse fogo nos queimar.
O amor está nos lábios.
Você os beija, eu o beijo.
Deixa queimar esse desejo.
Não tente ler minha mente.
Simplesmente pergunte o que penso.
Não espere sentado.
Se levante e venha até mim.
Estou a sua espera.
Não apenas me fite de longe.
Me traga pro seu mundo e me ensine a sua língua local.
Me mostre seu outro lado que desconheço.
Me envolve em suas conversas.
Só não me deixa aqui, sem você.
Me leve pra onde for.
Mesmo que você só fique em casa.
Quero estar com você.
Quero que tente, que vença esse medo.
Não precisa temer.
Tudo que precisa e se chegar.
Chegar devagar, chegar e mimar.
Só chega dessa fria sensação.
Só chegue e se aconchegue em mim.
Que assim você me ganha fácil.
Que só assim o amor não tem mais fim.


Amanda F.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Subconsciente

Quando nos despedimos.
Ouvi o sino.
Ou era o meu peito?
Lá se vai.
Dizia meu subconsciente.
Lá se vai, e você deixa!
Porque deixa?
Deixo sim.
E daí?
Já passou.
Engraçado.
O que?
Não é o que o seu coração diz.
Ele tá chamando.
Ele tá gritando.
Ele ainda tá amando.
Não.
Não duvido da razão.
Consciência limpa.
Coração manchado.
Pode deixar, o tempo cura.
E o tempo?
Passou...
Ainda o sinto.
Em cada beijo, tem seu beijo.
Em cada cheiro, tem seu cheiro.
Bem que me avisei.
Me avisei, e me neguei.
Resolvi ocultar.
E agora?
Quem está apagada, invisível, nula sou eu.


Amanda F.

Logo ela

Ela que gosta de sorvete de flocos, gosta de andar descalça, gosta de fazer bolhas de sabão. Ela que gosta tanto de ver seu time em campo, gosta de rir sem vergonha, gosta de fazer carinho e de receber. Ela que tanto admira o pôr-do-sol, que se encanta com as gentilezas, com o cavalheirismo, com os poemas de Gonçalves. Ela que ama viajar, conhecer gente nova, preparar e comer chocolate até enjoar. Ela que se alegra com alguma canção antiga, com a risada de um bebê, e se diverte como criança assistindo algum desenho na TV. Ela que adora ir ao cinema, ou fazer um cinema em casa. Gosta muito de sonhar, e principalmente de correr atrás de seus sonhos. Ela que não é de levar desaforo pra casa, e que chora quando se desaponta com alguma nota baixa. Logo ela meu Deus, que gosta tanto de tudo, não gosta de mim. Logo eu que dedico todas as minhas energias a amá-la como se ela fosse uma espécie rara, como sei que ela é. Logo ela meu Deus! Gosto tanto dela, mas ela nem tanto assim.


Amanda F.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Minhas férias de verão

Só vim avisar que já vou. Mas não, não tô indo pra padaria. Não tô indo para voltar. Tô indo para longe. Para onde você não poderá me encontrar. Vou refrescar a mente. Pensar um pouco mais em mim. Relaxar minha alma, que eu sei, é condenada à te amar até o fim. Vou para as montanhas, para as águas dormentes e me banhar. Vou para o obscuro, o distante, o inimaginável mundo, para outro planeta, tudo para de ti escapar. Escapismo. Levar uma vida mais amena. Ouvir os cantos dos passarinhos amarelos. Sorrir por sorrir. Pintar o céu de cores mil. Assobiar e rodar, igualmente uma juvenil. Ser livre de mim mesma. Das correntes que me prendem à você. Serei por alguns segundos só eu mesma, sem mais depender de alguém. Vou agora, sem demora, porque o trem sai às dez. Vou nos trilhos, vou sem vindo, para que assim eu me encontre outra vez. E se por acaso você sentir saudade, não demore e me siga. Que eu ainda te amarei, mesmo que de longe, pois o amor não some em vida. Não importa onde eu pise, onde eu esteja, lá estará você. Só que decidi que tenho que tentar viver, com ou sem esse desejo. Só vou embora, mas isso eu já deixei bem claro. É que eu preciso saber, que lá no fundo você ficará sem amparo. É que eu preciso sentir que de mim sentirá falta. No fundo irei só de corpo e alma. No fundo do meu ser, não existe férias desse amor. Só avisei previamente pra saber sua reação. E é ainda mais triste te olhar e perceber que isso já não faz diferença pro seu coração.


Amanda F.

Só orgulho

Não queria que isso virasse uma batalha.
Só queria deixar você me vencer.
Vencer esse meu orgulho.
Essas minhas teimosias.
Essas minhas feridas que ainda sagram sem querer.
Não queria te ver partindo.
Sem ao menos me dar satisfação.
Eu que nunca te pedi nada.
Só desejava um pouco de sua atenção.
Essa guerra não foi eu que travei.
Nunca quis ser essa intolerância.
Você que sempre soube da minha insensatez.
Tomou pra si as coisas e deixou com a distância.
Coisas essas que hoje não mais preciso.
Não mais preciso por não mais querer.
Acho que foi bom essa briga.
Dois corações ferozes,
Nunca darão o braço à torcer.


Amanda F.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Foi-se o tempo

Desacostumei sem o teu olhar.
Aprendi a andar sozinha.
Mesmo cambaleante.
Danço.
Ressurgi das cinzas.
E as feridas cicatrizaram.
Sorrir já não é mentira.
Respiro mesmo com você por perto.
Não tremo mais ao seu toque.
Não vacilo quando falam de você.
Me vêm na cabeça aquelas coisas.
Coisas que não consegui esquecer.
Mas isso não é te querer.
Isso é valorizar a memória.
E depois, eu não preciso mais.
Foi-se o tempo.
Antes não era possível.
Não era capaz.
Não acreditava mais.
Mas agora é diferente.
Você que corre atrás.
É você que tenta mais.
Mas, eu é que não quero.
Sou eu que acordei.
E se hoje sou feliz comigo.
Foi você que da forma mais dolorosa me ajudou.
E isso pode ter dois lados.
O bom é que foi eu quem superou.


Amanda F.

Coma

Preciso me encontrar. Me perdi nessa estrada que por tanto tempo venho trilhando. Meus passos são vagos, sem rumo. Não são placas, não são memórias que me farão recordar. No passado não quero mais estar. No presente não sei onde estou. O que faz de mim alguém, não é o que me faz acordar. Acordar. Preciso aumentar as pupilas. Preciso de tanta coisa. No momento não sei se existe alguém que também de mim precisa. Preciso de um abraço, um toque, um olhar sincero. Preciso dos meus tesouros, os amigos, as loucuras, os sorrisos. São coisas que me foram tiradas. Foi minha estupidez que me suicidou. Estou morta por dentro, e ninguém parece se importar. Sou inútil. Sou alguém que se perdeu por vontade própria. Não quero mais reviver, quero mais que isso dure, até o fim dos tempos. Acordei em outro pesadelo. Visto minhas armaduras, umas risadas, umas brincadeiras, alguns clichês, por que não estou bem. Decidi que tanto faz como tanto fez. Decidi que só irei seguir, mesmo que sem rumo, mesmo com aviso prévio de demolição. Isto aqui dentro não vai durar muito tempo. Estou pra explodir, e tudo será mais fácil. Com certeza
será. Ouvir algumas músicas melosas não me faz melhorar, mas me conforta, e é isso que preciso, de colo. Não existe amor dentro de mim por mim. Existe amor por ele. Existe um vazio depois que tudo acabou. Eu me acabei junto, estou me acabando até agora. E no fundo eu acho que sempre soube que isso aconteceria. Minhas dores são tão naturais, e mesmo que eu diga que isso vai passar, eu sei que não vai. Porque eu nunca precisei disso, nunca. Não precisei me expor, nem ofuscar, nem mentir. Mas agora quando digo que preciso me encontrar, é porque não aguento, mas tolero esse tormento que veio me fazer companhia. Minha mente não quer me obedecer. Ultimamente ando no automático. E até que não apareça alguma saída, alguém que me mostre que isso aqui ainda não é o fim, ou que eu realmente comece a me amar, estarei em coma.

Amanda F.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Por enquanto

Enquanto você for de plutão, que nem planeta é mais considerado. Enquanto você for do Alasca, totalmente distante e gelado. Enquanto você sorrir sem brilhar, com os olhos fadigados. Enquanto você insistir em ocultar, o seu vazio estampado. Enquanto você deitar sua cabeça, inocente e culpado. Enquanto você fingir que entende, o meu desespero calado. Enquanto você aguarda algo que de mim foi tirado. Enquanto você for a viagem, pro lugar mais longe que o passado. Enquanto você não falar das coisas que estão ao seu lado. Enquanto você lê, e ainda continua desinformado. Enquanto você mantiver essa dimensão, de um planeta inanimado. Enquanto as cores não refletem o seu azul ensolarado. Enquanto você preferir inventar do que viver o eterno ao meu lado. Você será uma rima vazia, um copo meio cheio, uma comida mal cozida, um assunto sem recheio. Você será o meu passado mais presente. Enquanto eu me importar, essa poesia desenrola. E depois que eu te deixar, você não será nunca mais o mesmo que era outrora.

Amanda F.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Manhã de domingo

Acordei debruçada em seu peito. Exalei seu perfume de homem. Excitei-me relembrando da noite passada. Você que não fazia o tipo radical. Atrás dos seus óculos de grau, você me surpreendeu. Sai devagar, que é pra não te acordar. Sinto vontade de tudo, estou disposta até para cozinhar, mas fazer nosso café já serve. Vou até sua cozinha, muito organizada por sinal. Busco os ingredientes, me sentindo uma chef de cozinha francesa. Meu sorriso me acompanha, ele me condena. Sim, eu fiz amor. Não foi só mais um cara, não foi só mais uma noite, tão pouco foi uma ressaca. Foi com você, com o alguém que me faz sentir como se eu pudesse correr uma são silvestre de salto, e ainda sim não reclamar de dor, de nada, pelo simples fato de fazer isso com imensa alegria de competir. Não sei exatamente o porque, mas depois de você passei a ter ideia idiotas, tipo nós dois de mãos dadas no pedalinho, ou nós dois brigando pelo controle da TV. Em tudo que penso,  o nós já virou obrigatoriedade. O café está quase pronto, não ouço nenhum barulho vindo do seu quarto, ou como gostamos de chamar, do nosso refúgio do amor. Faço tudo com cautela de iniciante, não é mentira quando digo que não sei fritar um ovo sequer, realmente não nasci com essa disposição culinária, mas daí de repente eu acordo querendo ir para a cozinha, fazer o seu café, passar requeijão no seu pão, preparar um suco de uva, que é o que você mais gosta. Estou usando a sua blusa, e ela virou minha roupa favorita, e segundo você me deixa ainda mais sexy. Entretida nos meus pensamentos viciados em seus olhos, mãos e sorriso, mal percebo quando você chega por trás. Está usando seu samba-canção preto e nada mais. Viro-me para beijá-lo imediatamente. Sinto que você está realmente animado com meu bom dia, mas me afasto porque não quero enlouquecer antes de tomar café. Você faz um beiço que me deixa com uma enorme vontade de jogar tudo pro ar, e se divertir ali mesmo. Mas consigo me controlar, buscando forças não sei de onde, e nos sentamos na mesa como pessoas civilizadas e desfrutamos do café super fraco que eu consegui fazer. Você repete pela terceira vez que está tudo muito gostoso, mas seu rosto diz outra coisa. Não consigo ficar zangada, e dou risada da sua tentativa frustrada de ser gentil comigo. Resolvo que sentar no seu colo é mais interessante, e você resolve que tirar sua blusa que me cai tão bem é ainda melhor. Quando nos vejo, somos os selvagens da noite passadas, porém mais fortalecidos pelo tempo de sono, que ainda conseguimos ter. Você é tão lindo, com seu braço que envolve meu corpo, com tanto carinho, como se eu fosse de porcelana. Você que é tão delicioso ao repetir meu amor, quero você toda pra mim, e que com os mesmos lábios que recitam versos apaixonados, morde minha pele, suga minha essência, deixa-me completamente em êxtase de eloquência. Respirar. O que é respirar? Falta-me consciência. Você que sempre esteve comigo, foi meu melhor amigo, será meu futuro marido, pois é, já criei nossos filhos e tudo mais.  Romantismo até a raiz. Faz parte de mim ser essa completa estranha, extravagante e complexa na arte de amar. Faz parte de você ser o único em minha vida. Tudo faz parte quando se trata de nós. Você me carregou dois minutos atrás, jogou-me no seu sofá, olhou-me com um
olhar voraz, e depois fez com que eu me sentisse a mulher mais feliz desse mundo. Completamente realizada. Amor, não sabia se poderia, se ousaria dizer ou sentir tal sentimento. E é assim que iniciou nossa manhã de domingo. Você deitado e eu como de costume, debruçada em seu peito.


Amanda F.

Surda


Suas reações contradizem o que sente.
Você me diz um oi vazio.
Por dentro está aos gritos.
Não consigo te ouvir, infelizmente.
Você diz que não me lê.
Você sabe dos meus escritos melhor que qualquer um.
É você o único que me ouve.
É com você que vou pedir colo.
E você com carinho imenso não nega.
Não escrevo à toa.
Escrevo de você.
Você que me diz um até logo.
Com intenso desejo de ficar.
Você que não mais ri comigo.
Somente me observa se afastando.
Você que milhares de vezes me trouxe pra perto.
Me disse o que seu coração queria dizer.
Não consigo te ouvir, infelizmente.
Você não consegue me esconder mais nada.
Sei quando mente, sei quando sente.
Não sei quando parou.
Acho que ainda não acredito.
Mas tudo bem, aceito.
Você que não sabe qual é a minha.
Justamente porque eu não sei qual é também.
No fundo só sei que lá estará você.
De braços abertos, fiel.
E aqui estou eu.
Surda para os sentimentos seus.
Infelizmente.


Amanda F.

Astrologia

Quero que ouse em descabelar meus pêlos atiçados.
Quero que sussurre algo bem safado.
Quero sentir você abusando da minha carne.
Você pode fazer o que sempre quis comigo.
Quero que ouse em rasgar minha roupa nova.
Quero que você me olhe assim.
Totalmente feita para seu encaixe.
Vamos para o céu?
Dispa seus anseios, e se entrega por mim.
Deixa de fora as conversas, e venha pro ato.
Não estou aceitando desculpas.
Se não ousar, eu o faço.
Posso satisfazê-lo sem mesmo te tocar.
Você confia em mim?
Quero que me descubra.
Quero que me desenhe na pele.
Queime nossas almas impuras no paraíso.
Nos envolva em um transe interplanetário.
Hoje entenderei sobre astrologia.
Veremos estrelas, meu bem.
Deixa o celular no silencioso.
O meu eu já desliguei.
Deita da cama, no chão, na cabeceira...
Vamos nos unir como jamais fizemos.
Quero ver-te ousando, usando-me.
Quero ser sua, e contemplar seus delírios em mim.
Só por hoje não vou me preocupar.
Porque quero fazer de você meu homem.
Quero violar as regras, só dessa vez.
Você pode fazer parte desse crime.
Quero saciar os seus desejos.
Ouvir nos gemidos uma canção perfeita ecoar.
Quero que dure até as pernas fraquejarem.
Quero que ouse em me afogar de luxúria.
Não preciso de socorro.
Quero morrer nos teus braços.
E acordar para começar tudo de novo.


Amanda F.

Cobra

A vida cobra, daquelas venenosas, simpáticas, de sorriso fácil. A vida é uma serpente maliciosa, que te dá um beijo quente e não tem pressa. Ela cobra, e usa do feitiço da coral, que embeleza os olhos. Abusa da artimanha antes de dar o bote. Ela deixa a melhor sensação do mundo te entorpecer, um delicioso gosto de pudim nos lábios, e aí quando você acredita estar bem, ela o surpreende com os dentes. A serpentina da vida, rastejando em busca de algum sonho, mas é ardilosamente fria e estupidamente atraente. Ou você corre atrás, ou a vida cobra te dá o bote fatal. Manter os olhos bem abertos, não é o suficiente. É preciso mais do uma retina escancarada, uma íris pintada, uma noite de insônia. Ela naja entre seus pés, e é questão de postura, de coragem, de disposição para não cair no golpe do revés.


Amanda F.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Válvula de escape

Deixe que minhas lágrimas falem por nós dois.
Não quero te ouvir.
Porque já ouvi o suficiente de uma vida.
Fechei meu peito também.
E agora a válvula de escape é a lágrima.
 Ela desliza e me adormece.
Não fale mais nada.
Só me deixa soluçar á vontade.
Calei meus pensamentos.
É no choro que recito as minhas verdades.


Amanda F.

Querer não é poder

Quero ter três filhos com você.
Um cão para brincar com as crianças.
Uma banheira para tomar banho contigo.
Um carro para nos levar daqui pro futuro.
Quero ter um futuro ao seu lado.
Quero viajar até o fim do mundo e além.
Quero isso tudo com você.
Quero cozinhar pra você.
Quero fazer amor só com você.
Quero meus dias inteiros preenchidos com seus beijos.
Quero toda manhã te olhar ao acordar.
Quero te realizar.
Quero uma vida feliz ao seu lado.
Mas você não quer.
E então, ficarei só na vontade...

Amanda F.

Amor, ah o amor...

Descobri no desamor o que é o amor. O amor é isso de você dar, sem ao menos desejar retribuição necessária. É esse negócio de estar em corda bamba dançando lambada e adorando a sensação de quase morte. É o frio na barriga, o suor, a ansiedade misturada ao detalhismo. A agonia de ver a pessoa amada. É tudo isso de se expor sem medo de vaias ou de tapas. É a coragem além do que se pensa ter. É um turbilhão de dúvidas, de temores, mas carregado de desejos, de anseios, de vibração interna. O amor é aquilo que nos ataca, nos rende e não tá nem aí se isso fere ou mutila. É essa loucura esquizofrênica de vivenciar em um sonho cotidiano. É a arte desenhada nos sorrisos. É quando os olhos enxergam além dos corpos e apreciam a alma um do outro. É quando não há necessidade de banda, de voz, de tumulto, só a brisa do ar sussurrando aos ouvidos, confessando que o amor é impecável quando se ama e é amado. O amor é isso.  O amor é além disso, o amor é aquilo que não se explica, sente. No amor encontra-se um abrigo ou um desamparo eminente. Vejo no amor um segredo, um enigma. Amor é vida, é morte em vida, é o delírio de viver para morrer de tanto amar.
Amanda F.

Fotografia

Olhei para sua foto e sorri.
Sua imagem emoldurada no retrato do meu peito.
Reviveu, como a muito tempo.
Revi suas feições de anjo.
Olhando-me com extrema ternura.
Suas covas ao sorrir.
Tudo bem ali.
Na foto que segurava.
Sua fotografia guardada.
Não só no fundo de minha gaveta.
Mas no íntimo da minha memória.
Reviver-te parece engraçado.
Mirar-te e me apaixonar outra vez.
Inevitável.
Olhar-te com devoção espontânea.
Mas os pesares ainda estão em mim.
São cicatrizes que não saram.
E o pior é que eu tentei.
Rasguei suas cartas, queimei suas fotos.
Exceto uma.
A minha favorita.
Foi no dia do seu aniversário.
Você usava a camisa que te dei.
Estava lindo sorrindo, descontraído.
Eu o fazia rir das minhas besteiras.
Naquela época eu nem desconfiaria.
Para nós era eternidade.
Mas hoje só resta uma fotografia.
Que em mim desperta essa saudade.


Amanda F.

sábado, 21 de setembro de 2013

Olhos

Só sei que te olhei. Aquilo foi o fim para mim. Para alguma coisa que eu pensei em ser na vida. Qualquer porcaria serviria. Mas quando te olhei percebi que não. Eu tinha que ser melhor. Tinha que dar meu melhor. Almejar algo maior. Só por você. Depois daquela vista, não vejo outra saída. Seus castanhos me enlouquecem, desfalecem e me umedecem. Vou perseguindo a luz do seu olhar. Querendo sempre mais, tudo por ti. Não sei até quando será assim, mas que seja até o fim. Esse fim que não se acaba. Nosso eternizar. Quando te olhei não tinha nada. Se hoje sou alguém, foi por culpa do seu olhar.

Amanda F.

Basorexia

Encosto meus lábios lentamente nos seus. Provo do seu gosto como uma serpente, silenciosa, pronta pra atacar. Lambuzando nossos desejos de saliva. Sou dominada por ser dependente. Pior que qualquer droga, é você pra mim. Sua boca tem algo que me faz querer o infinito do amor. Me faz ficar assim, incontrolável. Quando dou por mim, estou por cima. Tirando os botões da sua camisa preta. Arranhando suas costas, dominando seu quadril vil. Estou a mil e não desgrudo dos lábios que me envenenam. Cada suspiro que sinto, são como os sons do êxtase desse amor. Você me embriaga com seus lábios alcoólicos. Sinto que não sou mais eu, somente vou guiada pela incontrolável desejo de te beijar. Beijar cada pedaço carnudo da sua boca de homem. Beijar cada espaço desse nosso céu. Somente beijá-lo até não mais existir dor. Nossos dedos entrelaçados. Nossos corpos banhados de suor. Meu cabelo no seu peito. Meus seios em suas mãos masculinas curiosas, safadas, provocantes. Delicio cada segundo que sinto-te em mim. Pois não sei do amanhã, não sei do vir. Sei que do momento real. Do agora e até o final. De tudo que você me mostrou. Tudo começou com um beijo, insano beijo que nos faz ceder aos íntimos segredos do amor.

Amanda F.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Teu esmero

Você me fez se arrumar.
Quando queria me jogar na cama e dormir.
Você me tirou o ar.
E não pude mais sair.
Estou presa à você.
Com a vontade e o querer.
Fica, só não some.
Brinca e me ama por me ter.
Soa, se joga e me leva contigo.
Você me fez acreditar no amor.
Quando ele mais me castigou.
Você me fez ser alguém que nunca pudera.
Você modificou o que eu era.
Estou condenada.
Meu servir é somente teu.
Sou tua escrava, teu esmero.
A que morre aos toques teus.
Você me fez um favor.
Quando nem se quer te pedi.
Você trouxe o amor, me salvou.
Sou eternamente grata à ti.


Amanda F.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Doentio

Na bolsa um pouco de tudo.
Sua mente virou um tobogã.
Escoa como água as coisas que viveu.
E como água transborda no rosto o que perdeu.

A famosa citação lhe ocorreu.
Lugar errado, pessoa errada, hora erada também.
Restos de sangue ainda em suas  mãos.
Restos de restos que tornou-se então.

Resolveu fugir, se esconder.
Por trás de sua angélica feição.
Da memória a eterna ilusão.
E o corpo estirado no chão.

Culpa o mundo, culpa o outro.
Culpa a todos, culpa o desespero.
E tudo vira um jogo de sete erros.

Sua última cartada foi a final.
Tirou a vida por uma coisa banal.
Arriscou-se, enfeitiçada pela vingança.
E hoje é condenada por seu eterno carma.

Não vale a pena, sussurrou a mente pequena.
No espelho outra figura que a reflete.
Um olhar sombrio a persegue.
Olhar doentio de alguém que não parece.


Amanda F.

Precipício


Não troco minha insensatez por nada.
Prefiro os olhares de reprovação que vem das ruas.
Prefiro me atirar completamente nua.
Saciando minhas mais nova jornada.

Espero que isso dure um pouco mais.
Só pra encaixar tanto querer assim.
Chega a transbordar demais.
Isso que vem de você pra mim.

Faço da vida um poema.
Com esses versos que antes não tinha.
Foi por tê-lo completamente meu.
Que hoje sou essa rima.

Tantas coisas que perdi.
Ausências que provoquei.
Juras que nem sequer pensei em fazer.
Vazios que preenchi.

Hoje isso não me importa.
Se tenho esse céu que é seu olhar.
Nada disso me sustenta.
Se é por você que deixei de me preocupar.

Sua veste que me veste.
Sua boca que me alimenta.
És a essência do meu viver.
Não existe um eu sem um você.

Depois de ti não existem outras vias.
Sigo consciente.
Sempre em frente.
Até onde você estiver.

De mãos dadas, um compromisso.
De vendas, seguindo o instinto.
Pois esse amor virou meu precipício.
Onde atirei-me sem medo de voar.


Amanda F.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Desventura de amor


Provo do seu sexo lentamente.
Com preguiça de terminar.
Deliciando seus ombros desnudos.
Acarinhando você dentro de mim.

Sinto seu corpo junto ao meu,
Sinto a pulsação de sua fresta,
Fico com você nesse quarto,
Feito dois insanos,
Feito dois amantes pecadores.

É de nossa natureza.
Afogar os desejos entre beijos e suspiros.
Sentir os riscos de tudo que nos permitimos

Ir do céu ao inferno pelo amor em sigilo.

É de nosso amor assim sigiloso que te amo ainda mais,
Minha doce mulher,
É desse amor assim doce e ao mesmo tempo quente,
Igual flamejante labaredas incandescentes.


É no tal amor que busco consolo.
O amor dos amantes que sonham.
Sonhemos que um dia quem sabe,
Sem depender de mais nada, seremos um só.


Um só corpo,
Uma só carne,
Uma só alma,
Feito dois insanos que na noite se amam,
Feito pecadores que somos,
Perdendo-nos no pecado insano.

A insanidade é nosso tripé.
Desventura gostosa que nos embala nessa valsa.
É meu príncipe das madrugadas.
Levanta-me e debruça-me em sua espada.
Saboreando assim nossa felicidade amargurada.

Saboreando nosso amor frustrado,
Saboreando um ao outro.
E nos delírios corpóreos eu possa me alimentar dessa paixão,
Possa senti-la se roçando em meu corpo nessa cama.

Por tola melodia que sussurra o amor,
Uma sombria e tenebrosa verdade nos retrai.
De noite loucos amantes,
Em chamas de voluptuoso desejo.
De dia dois desconhecidos e indiferentes,
Que anseiam infinitamente por um último beijo.
O beijo que não nos permitimos jamais.


 Amanda Freire & Kaype Luigi (Pekay Gilui)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Conquisté

Ontem fazia planos para mim.
Deixei de lado o meu sono.
Mergulhei na realidade.
De verdade essa é minha lei.
Segurei calada.
Gritei ouvindo.
Sofri isolada.
Sorri dormindo.
Acordei em boa hora.
Desfrutarei dos desejos.
Despertados comigo.
É pra ontem.
Fiz ano passado.
Um passo a frente.
Um olhar diferente.
Um gesto inovador.
Uma sutileza ao recitar.
Dos sonhos o gostinho de realizar.
Da realização a felicidade de conquistar.


Amanda F.

domingo, 18 de agosto de 2013

Mórbido desejo

Não foi do jeito que deveria ser.
Mas foi do jeito que foi.
Foi brusco.
Foi sanguinolento.
Tirastes seu coração e me entregou.
Não fez canções.
Não fez melosas insinuações.
Só arrancou e me deu.
Não foi o que imaginaria que fosse.
Não foi figurativamente como pensei que seria.
Você está caído na minha frente.
Seus olhos frios, escuros me fitam.
O coração jogado ao lado.
Ao lado de meu pé.
Uma faca na mão esquerda.
Não teve anestesia.
Tirastes seu coração por mim.
Para que eu acreditasse de uma vez.
Que ele sempre fora meu.
De mais ninguém.
Não foi assim que planejei.
Mas meu mórbido desejo o aplaude.
Aquilo em meu rosto foi sim um sorriso.
Não era nada igual ao que pensei.
Mas por hora foi exatamente o que me satisfez.


Amanda F.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Poema mal escrito

Dos versos um beijo sereno para acalmar minha'alma cansada de todo esforço mundano. Bebo agora minhas ilusões que cheiram álcool puro, que me embriagam lentamente, pois quero morrer assim. Imaginei que fosse um erro, acertei. Nunca deveria ter visto suas pegadas, culpa do destino, culpa do maldito caminho. Agora faço-me de inocente, desiludida, torta, amargurada. Esperando a sua volta, a sua implora, a sua hora. Rimando algo que nem existe. Criando palavras que não se vendem. Sendo um poema mal escrito, mas existe poema mal escrito? Poema sou, das rítmicas prosas cancioneiras. Dos versos que deliciosamente rompem meus lábios, que me tentam, que me despem. Você era, não é mais. Era o último de todas as opções. Negaria três vezes, cuspiria em seu prato, rebelaria minhas excêntricas preposições. Mas seus passos atrativos ecoaram em minha mente. Se hoje sou uma linha dormente, foi pela ausência do amor que não vive e tão pouco senti. Foi pela insistência boba em alguém que mal sabe me ler, quanto mais escrever em mim.


Amanda F.

Coitad'amor

Estou sendo embalada pelas nossas canções.
Aquelas que você um dia cantou para mim.
Nos tempos bons do amor.
Sou levada lentamente a seu encontro.
E parece que foi ontem.
Nós dois, duas crianças inocentes.
Não sabíamos de nada.
O amor era um doce que mastigávamos.
Seu sabor foi ficando amargo.
Não cumprimos o que prometemos.
E a canção está no final.
As batidas são desse som ou de meu peito?
Sem diferenciar nada, lágrimas rolam.
É inevitável, você foi meu primeiro.
O amor costumava ser uma árvore alta.
E de repente nós a cortamos pela raiz.
Os dois, os mesmo que juraram eternidade.
Acabaram antes mesmo de começar.
E aqui se vai minhas últimas lágrimas por nós.
Não mais ouvirei uma canção de amor sequer.
Só hoje compreendo que todas foram nossas.
Não mais cantarei para outro.
Pois minha voz se foi, juntamente com sua partida.
Se hoje sou essa letra sem melodia,
Devo tudo ao desamor.
Ao fim daquilo que pensei ser eterno.


Amanda F.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um porre

Ao som de Caetano nos embebedamos.
Murmúrios estranhos enquanto nos perdemos.
Viajando nesse gozo de amor.
Desfrutando e despindo medos.
Bailando no inconsciente.
Além do que se pensa.
Permitindo o desconhecido.
Se permitindo somente.
Arrancando vestes e gemidos.
Anestesiados do mundo.
Pois o paraíso se faz presente.
Enquanto isso for o alimento da alma,
Vivo e renasço dessas nossas loucuras.
Não existe perfeição maior.
Seus dedos nos meus.
Tudo de mim em nós.
Restam apenas os infelizes.
Aqueles que não provaram a bebida.
Essa bebida que nos traz vida.
A mesma que nos deixou assim.
Um porre de amor, por favor.
Quero me acabar nesses goles.
Beba-me por inteira.
E não tenha pena de se embriagar.
Caetano continua a nos seduzir.
Envolvidos por fim pela melodia e pela bebida.
Venha, vamos nos permitir.
Simplesmente pelo prazer de se saborear.


Amanda F.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Por eles

Cuida dele, porque ele odeia ser segunda opção. Quando ele quiser sair, vá com ele. Ele gosta de carinho, de mimo, de coisas do tipo. Gosta de atenção. Mas também é alucinado em um espaço, um tempo só pra ele. Então respira fundo e deixa ele respirar também. Ele não é muito de ler esse livros de ficção, de romance, essas coisas que nós adoramos. Ele é mais fã de TV. Louco por comédia, por desenhos, por futebol, um louco afinal. Então se tiver na casa dele, naquele mesmo sofá onde passei tardes com ele, deita ao seu lado, faz cafuné e assiste o futebol que ele tanto ama. E se você não é dessas mulheres que gosta de futebol, uma pena, ele iria vibrar por dentro, assim como fez comigo, quando me viu e me ouviu. Segure suas mãos com zelo, beija seu pescoço, arranha suas costa devagarzinho, deixa ele arrepiado, ele gosta disso tudo. Desse negócio de ser inocente antes de agir feito selvagem. Não é fácil, mas você o aguenta, porque você o ama. Ele não é o melhor do mundo, mas é o melhor pro amor de vocês. Ele faz cagadas, muitas vezes que superam as suas, mas você perdoa ele, porque o amor é feito de generosidade, de gentilezas, de respeito. Quando for sair com ele não use seu short mais curto, não. Use seu vestido mais florido, porque ele não suporta a ideia de outros te admirando, assim como faziam comigo. Não que eu me importasse, mas é que meu jeito afetou seu ego, não cometa o mesmo erro. Não tô dizendo pra você deixar de ser quem é, só que melhore por vocês, o faça feliz, ele merece, apesar de tudo, ele merece.


Amanda F.

Normal pra mim.


Gosto de inventar meus amores.
Gosto de acreditar que no fim o bem vence o mal.
O amor derruba o orgulho, e finalmente existe a gente.
Existe alguma coisa que antes fazia sentido.
Gosto de imaginar como as coisas seriam.
Como já foram e como serão...
Gosto de pensar que mais cedo ou mais tarde tudo melhora.
Tudo supera, tudo transforma.
Gosto de ouvir os murmúrios das ruas tão vazias de amor.
Gosto de vestir fantasias, enquanto assisto ela desfilar ao seu lado.
Onde antes, tempos remotos, era eu.
Aquela que acompanhava sua sombra.
Por isso, gosto de fingir estar superando.
Aliviando o soco na boca do estômago quando te vejo.
Gosto de amar sem ser amada.
E isso é algo puramente normal, pra mim.


Amanda F.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

De quando se renova a esperança

Quero escrever toda fúria que guardei.
Manchar de vermelho meu coração.
Não é sangue, é veneno.
Deixe que transborde nesse chão.

Quero gritar toda injustiça que passei.
Marcar em carne viva meu coração.
Não é vida, é escravidão.
Deixe que molhe por que chorei.

Quero acabar com isso de uma vez.
Arrancar toda falsidade do coração.
Não é minha, veio de você.
Deixo os restos em sua mão.

Vou pra onde não deveria ter saído.
Para o templo de minha paz espiritual.
Não é por um momento, é pra sempre.
Não saio mais do meu normal.

Vou para onde a ternura me levar.
Carregada no colo pela positividade.
Embalada feito criança.
Sem nenhum medo de sonhar.

Não levaste de mim a bondade.
A ira é momentânea, passará.
Convicta de que o amor não é o culpado.
Por não saberes me amar.

Não sonhastes os meus sonhos.
Posso tê-los sem mais esperar,
Alguma coisa que vem de você.
Alguma coisa que nunca mais virá.

Quero cantar toda felicidade que existe em mim.
Pintar as estrelas que me encantam.
Não mais sofrer pelo fim.
Renascer da própria esperança.

Quero brindar essa nova chance.
Não embebedar a consciência cansada.
Lúcida dessa vez seguirei,
Com a fé sempre renovada.

Quero o sim de uma vez,
O sim para a igualdade, para o amor.
Um sim de verdade,
Que transpareça seu valor.

Não há fim, há recomeço.
Não é morte, é renascimento.
É mérito, é vitória, contentamento.
Não é adeus, é agradecimento.


Amanda F.

Histórias que precisam ser escritas

Num belo dia você passa no mesmo lugar de sempre e esbarra com aquela pessoa que nunca viu, até agora. Ela é linda de uma forma que não consegue explicar, somente admirar. Mas isso acontece quando você está no seu quarto, quando toca aquela música que não sabe porque mas é a cara dela. Quando você volta para o lugar onde a viu pela primeira vez. Daí você percebe que está apaixonado, e que isso vai demorar a passar. Não tanto quanto o tempo para revê-la outra vez. Você se arrepende por não ter perguntado seu nome quando teve a chance. Se arrepende por não ter puxado um papo, qualquer coisa que fizesse ela falar. Volta pra sua casa, cabisbaixo, sem muita motivação. Entende que isso é coisa de filme, que amor a primeira vista não existe, e que nunca mais vai encontrá-la de novo. Então você olha pro dois lados antes de atravessar a rua, e lá está ela. O vestido amarelo que cai tão bem nela, as tranças negras por sobre o ombro, e como se não bastasse ela está sorrindo. A verdadeira imagem da perfeição, você pensa. Por dentro o coração bate mais rápido do que o normal, as mãos frias, no pensamento milhares de palavras e nenhuma coragem de chagar e conversar. Dai repara mais um pouco, e quando percebe tá no meio da rua, por sorte o sinal ainda está vermelho, volta e fica na calçada. Por um momento sua vida correu risco. É loucura, pensa. Não ia morrer por causa de alguém que nem conhece, ou será que ia? Ela está vindo em sua direção, se apavora. Mas não é bem em sua direção. Para antes na banca de revistas e puxa de lá um jornal. Além de linda é intelectual, suspira. Ela desfila naquela calçada, será que não percebe que é a mulher mais perfeita daquela cidade? Ou quem sabe do universo? Quando se dá conta diz oi. Assim no seco mesmo. Um oi que nunca pensou em dizer, sem estar acompanhado de tudo bem, ou quem sabe de uma piadinha sem graça que treinou em casa enquanto pensava nela. Ela vira o rosto, e seus olhos estão cintilando um verde água sufocante. Sua expressão é confusa, eu te conheço? Ela diz. É claro que não, ele pensa. Mas eu sim, repensa. Outro dia esbarrei em você, sua voz é fraca quase não sai. Ela parece confusa, mas abre um sorriso. Aé, ela diz. Ele sorri junto, mas é de nervosismo. Uma coragem que brota não sabe de onde o empurra, quer tomar um sorvete? Ele arrisca. A garota fica séria, e isso o assusta. Em seguida abre a boca e diz as palavras mais lindas que ele já ouviu. Por que não? É, por que não? Ele está nas nuvens, apesar de tocar o chão. Apesar de suar frio pelas mãos, de estar acelerado seu coração, por que não? Dai a história se desenrola, um cara, uma moça, um amor platônico, coisas do tipo. Coisas que a gente vê nos filmes na Tv, mas que acontecem com a gente, só que por medo, por questão de desapego, por fatores diversos deixamos passar. Nós temos todos os dias cenas de cinema em nossa vida. Somos os mais lindos livros, mas por preguiça de escrever nossa história ficamos no prólogo e é só. Absortos nas palavras que não nos fazem ser o filme, o livro, a canção mais perfeita de se ter, ouvir, sentir e viver.


Amanda F.