quinta-feira, 30 de abril de 2015

Minha


Além de água na boca
Dei-me um gole de vinho tinto.
Sente e ouça desse vinil.
A voz masculina não o quer.
Fale sobre como não sentir o mesmo.
Das andanças e dos poemas.
Daquelas noites e dos pedidos.
Recorde do anel que já empenhei.
Não tente descer o vestido.
Já não sou sua.
Apenas deleite-se da companhia.
Da mulher que teves um dia.
O sal nos adoçou outrora.
Falamos de amor sem saber conjugar.
Agora é tão fácil rir de tudo.
Sentar ao seu lado. Te olhar.
Não me afeta nem um pouco.
Sei do passado e desse jantar.
Ainda o desejo, mas não passa disso.
Fugazmente passará.
Por isso, dei-me goles de prazer,
Amanhã nada disso mal me fará.
Acordarei minha,
Sem você no meu lugar.

A.F.

Um devaneio


Levemente me olhas,
Molhando os lábios em brasa.
Suas mãos fecham a porta,
Na pele desliza a toalha.
Os números do relógio estão confusos?
Ou de fato são meus sentidos que evaporam,
Quando sua língua invadiu de mansinho...
O tempo parecia um só.
Na surdina ouvia-se um gemido.
O suor aromatizava seu corpo nu.
Mais belo quadro já visto.
Você e seu quarto azul.
Passaria ali vinte horas do dia.
O resto usaria para descansar.
Cada músculo meu já sabia,
Do momento de não cessar.
Uma espécie de poesia,
Carregada, montada e escancarada.
Senti teu gosto no ar.
Sorria e permitia,
Do amor, sem amor, até despertar.

A.F.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Segundos

No relógio o ponteiro o acusa.
Demorou tanto tempo.
Quando ele era ao nosso favor,
Você ignorou.
E meu coração está tão atrasado.
Tão manchado pela chuva.
Essa que cai dentro de mim.
Estou no mesmo lugar.
E você ainda não chegou.
O caminho é o mesmo.
Não mudei.
Mas você mudou.
Veja, ainda não desisti.
Latente meu peito me acusa.
Ansioso como os ponteiros do relógio.
Ao te esperar lembro daquele dia.
Quando viemos aqui.
Você sabia de cór.
E agora parece ter esquecido.
Não se engane, sei mais do que você.
E vou te conhecendo em cada segundo.
Por falar em segundo, olho pro tempo passando,
Mas nada, nada de você.
No fim vou me conformando.
Sigo nessa insensatez.
Perdendo e ganhando.
E não é a primeira vez.

A.F.