terça-feira, 30 de junho de 2020

Sou uma longa historia


Eu sou uma longa historia.
Preciso de alguém disposto à ler.
Entender cada verso, cada vírgula.
Alguém que goste de dramas.
Que aprecie a arte da literatura.
Um livro sempre aberto, essa sou eu.
Um rascunho da minha versão.
A versão original dos meus rabiscos.
Uma poesia antes nunca recitada.
Versos que me traem.
Palavras que me desmentem.
Uma historia que vem sendo escrita minuciosamente.
E o leitor precisa querer continuar.
Estar livre pra mergulhar.
Se afogar e me salvar.
Alguém que possa me amar, me ler.
E me enxergar de um jeito que ainda ninguém foi capaz.


A.F.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Covardia


Pra onde eu deveria ir?
Estava tudo certo.
Nossos planos.
Nossas metas.
Nossos objetivos de vida.
Tudo certo.
Não tinha defeito.
Já estava feito.
Não tem como acabar assim.
Cada um seguindo em frente.
Cada qual com seu papel.
Malas feitas.
Cama separada.
Sem olhar nos olhos.
Sem sentir o afeto.
O beijo e o afago.
Os lábios jurando amor sem fim.
E findou!
Não, isso não faz sentido.
Você prometeu.
De joelhos me propôs eternidade.
E agora seguiu sem mim.
Sem nós.
Sem os planos.
Sem as metas.
Muito menos sem os objetivos.
Todos jogados fora pela janela.
Fui tirada de um sonho.
Arrancada do seu coração.
É covardia da tua parte.
Prometer o céu, o sol e toda a Terra.
Me deixando no frio dessa solidão.


A. F.

domingo, 21 de junho de 2020

O término do que não começou


Passei esse sábado todo pensando naquelas palavras. As últimas palavras que sairam da nossa boca. Não consegui comer direito. O meu filme preferido passou na tv, mas eu não quis assistir. Não tive vontade de nada. Não consegui, simplesmente. Pensei em tanta coisa. Minha mente foi ocupada por tantos pensamentos diferentes. Acreditei nas malditas mentiras? Ou são verdades que precisavam sair? Tudo não passou de uma historia que eu mesma escrevi. Minha criatividade foi tanta assim? Menti para mim mesma e estou aqui deitada e pensando sozinha? Você nunca se importou então. Você saiu e calou meu peito. As palavras ecoam ainda aqui. Elas me ferem toda vez que recordo da cena. Seus olhos opacos e meu peito apertado. O barulho da chuva e o clima frio. Não, éramos nós. Tudo era gelado e a gente pensava estar aquecidos? Qual a temperatura certa pra definir o clima do amor? Abaixo de quantos zeros está essa relação? É bem óbvio, na verdade. Falar é mais difícil. Expor tudo e arrancar essas feridas ainda me afetam. O mundo nunca fez sentido pra mim, mas quando você apareceu me deu vontade de viajar ele todo. De mãos dadas e olhando cada pôr-do-sol. As palavras voltam com força e esse tipo de sentimento nostálgico se afasta e vou perdendo as forças. Sou tomada pela dor que corta mais do que sua língua. Estou sangrando você não vê? Estou partida ao meio e não me parece certo ficar aqui e te esperar. Aguardar que uma hora dessas você perceba e sinta minha falta. Não, eu sei que não sente. Algum dia você sentiu? Será que alguma vez você me amou? Essa dúvida me corrói por completo e meu peito arde à cada batida e o sangue seca e me deixa dormente. E no fim nunca houve um nós e só um vazio que eu tentei preencher com sua companhia física. O que é real, verdadeiro e palpável não nos ocorreu. As palavras me consomem e já não sou mais nada, além de alguém que chora encolhida no sofá da sala e espera o inverno da consciência própria, ignorada por simples ambição de ter alguém que nunca foi seu.


A.F.

sábado, 20 de junho de 2020

Auto-desejo


Eu quero que seus dias sejam coloridos. Que você possa ver algo bom naquela situação ruim. Que alguma coisa possa valer à pena, mesmo que ninguém saiba ou apreciei essa sutileza. Quero que aprenda com os outros e consigo mesma. Que erre sem medo de errar. Que acerte e sinta-se bem, aliviada e confiante. Quero que olhe seu reflexo com admiração e respeito. Que saiba a hora de parar de insistir em algo ou alguém que não te enxerga como deveria. Que seus dias nunca percam o brilho. Que você tenha tempo de dizer as palavras que fazem falta no dia à dia. Que seus pensamentos sejam leves e seu coração transborde uma essência jamais esquecida. Que a vida te sorria e que você sorria para a vida. Que o milagre do amor recaia sobre seus dias. Que nenhuma dor dure pra sempre. E que todo dia você tenha a bênção de iluminar os lugares mais obscuros dentro ou fora do seu peito. 
A.F.

O mundo pode acabar



Meus lábios molhados.
Meu vestido no chão.
Nosso olhar conversando.
Fizemos um terremoto aqui.
Sua pele suada por cima da minha.
Você sorrindo pra mim.
Nossa conversa sem palavras.
A música tocando no quarto.
O clima perfeito.
Suas costas arranhadas.
Minhas pernas ainda fracas.
Nossa respiração em falta.
Um sopro de fôlego.
A cama é nosso altar agora.
O perfume da minha pele na sua.
A mistura dos nossos sabores.
Lentamente me levanto.
Pego o sutiã do abajur.
Você me segue.
Sua mente não mente.
Você é transparente.
Fácil de ler que me quer.
Ainda me quer ali.
Ainda quer me ouvir gemer.
Quer mais do que nunca quis.
Eu quero.
Não precisa pedir.
Eu já li tudo mesmo.
Sei do que precisa.
Do que ainda não sabe.
É muito fácil.
É a conexão mais forte.
Meu cabelo estou tentando prender.
Mas você chega e me abraça.
Você sussurra insaniedades.
Era tudo que eu precisava.
Jogo o broche pro ar.
Me seguras e me eleva.
Você me puxa pra mais perto.
Morde minha boca levemente.
Você me convence outra vez.
Estou atrasada, eu sei.
Mas não me importo.
Não olho pro relógio.
Que o tempo pare.
Por mim tudo pode explodir.
Só preciso do seu tato.
Nós no ato.
E o mundo pode finalmente acabar.

A.F.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Meu lar


Mais um dia doze no calendário. Aqui dentro sinto que o inverno foi embora. Os dias passam e o desejo de ser sua pra sempre só aumenta. Foram dias tristes outrora. Antigamente costumava falar mal dos casais nas ruas. Dos presentes trocados nessa data. Besteira minha. Era inveja branca. Era dor de cotovelo. Nada é tão clichê e confortante. Nada é tão simbólico. O amor é essa coisa exagerada que todos cantam por aí. Amar é se entregar e não pensar em devolução. Estar apaixonado é um eterno sonho. Ninguém toca no chão. Estou no céu. Quando vejo seu sorriso, sou a imensidão azul. Quando nos beijamos sou brisa. A serenidade do seu olhar, o toque das suas mãos... Tudo que sempre esperei e agora posso provar. Posso desfrutar com prazer constante. Todos os dias são nossos. Os dias doze não passam. Eternos namorados. Eternos amantes da nossa vontade. Cúmplices. Confidentes. Somos assim. Nada parece ser capaz de me segurar. Sinto que posso voar. E se caso eu caia, sei que será sempre nos seus braços de amor, de paz. Você se tornou meu lar. Quero sempre todo dia em você morar.

A.F.