terça-feira, 6 de novembro de 2018

Da traição


Ela está cansada. Não é a primeira vez que alguém vai embora. Dias atrás ela aceitou um pedido. Chorou e ligou para mãe contando a novidade. Estava tudo indo bem. Maldito seja os esquecimentos de livros! Ela o viu com outra. A dor não pode ser medida. Ela está fria. Os dias passam e ela os deixa passar. Ela só espera por algum motivo. Seja nos palpáveis ou além dos sentidos. Seja de dentro ou de fora da sua bolha mental. Ela só quer esquecer o ocorrido. Precisa de companhia, mas ninguém liga. Não existe memes capazes de deixá-la feliz. Ela cansou de verdade. Não é a primeira vez, mas é a última. Ela quer só ir dormir. Anestesiar a lacuna que ele deixou em seu peito, e ela preencheu de dor. Dormir. Esquecer o que um dia foi perfeito. Pegar suas memórias e de uma vez por todas sumir. De si. Dele. De qualquer um. Ela não precisa de opinião. Ela só quer sossego para sua alma. Só quer se preservar de sentir coisa alguma. A traição é sempre dura, tal qual a lápide em que ela emoldura seu corpo inerte. Assim, que ela durma e só levante quando valer a pena voltar e se permitir amar outra vez.

A.F.

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