quarta-feira, 30 de setembro de 2015

De praxe


Falar sobre relacionamento sempre foi muito difícil. Vivê-lo ainda mais é.
A coerência gramatical, emocional, psicológica. Tudo vira um tumulto de interrogações.
E as respostas? Foram todas falsamente respondidas. Outro amor, outras dúvidas.
Inconstantes momentos. Filosofias baratas. Canções melosas. Falhas, e mais um pouco.
Nada do que se foi dito, será de fato solucionado. Cada pessoa tem seu brilho.
Cada coração tem seu motivo. Alguns mais, outros menos. Porém, todos em prol de alguém.
Amor. Melhor nem começar aprofundar isso. Levam horas do dia, da semana, do mês, do ano, da vida do ser humano.
Pulamos isso, encobrimos aquilo. Engolimos outros, forjamos alguns. Desmentimos diversos.
Aceitamos os fatos. Brigamos do nada. Reconciliamos em prantos de juras eternas.
E no fim nos beijamos, e estamos novamente nessa fase da vida.
Relacionamentos complicam nossa mente, mas é de praxe dizer que precisamos disso.
A paciência é uma dádiva, mas nos casos os caos são extremos, e não existe isso quando se perde o que não se tem.
Admitimos, erramos, e também acertamos, porém, nos limitamos.
Daí, acontece que não amamos, nos renegamos e nos debruçamos por outros, e nos esquecemos de nós.
Quando acordamos, nos ligamos do que perdemos.
De fato, se relacionar não é pros fracos.
Mas é necessário, então, não percamos a chance de nos conhecer.
É bom e faz bem, deixar marcas na vida de alguém.

P.S

Carta coringa


Estavam todos reunidos, e ele a viu. Aqueles cabelos azuis eram inconfundíveis. Ela parecia bem, feliz. Ele se sentiu mal. Ela segurava outra mão. Dessa vez não era ele ali. Foi trocado. Não bem assim. Ele teve a oportunidade, a dispensou. Ela não iria esperar todo tempo do mundo. Ela ansiava por alguém que a entendesse. E olha lá, ela o encontrara em outro homem. Ele fingiu não tê-los visto, cumprimentou à todos ali. Na vez dela, apenas acenou com a cabeça. Ela entendeu o sinal, retribuiu com um sorriso acanhado. Em seguida, ela viu quando ele a puxou e roubou um beijo da ex-mulher da sua vida. Tempos atrás eles estavam viajando em uma moto, sem rumo, sem muitos planos em vista. Apenas o desejo de conhecer o mundo. Ele não queria deixar pra depois, mas ela com o tempo quis uma família. Ela mudou seus conceitos, suas escolhas, seus horizontes. E quando ele deu por si, estava em cima de uma loira peituda. Ela na porta, as lágrimas dela no dia que ela pegou as malas e partiu. Esses momentos passaram rápido em sua mente. Ela agora estava com uma aliança, e as fotos da sua filha estavam todos os dias sendo atualizadas no instagram. Ela arranjara a família que pretendia ter. E ele? Estava seguindo, conhecendo outros lugares. Mas o lugar que ele mais amava, não era mais dele.  Um dia sentindo aqueles cabelos azuis em seu peito e o sussurro de uma saudade, desejou. A realidade era um espinho, e ele ficou ali, aguentando firme, o reencontro com sua dor. E o sangue foi escorrendo em seus olhos, a cada aconchego, a cada beijo e a cada desejo dos olhos dela por outro homem. Não é mais por ele. Não será como foi tempos atrás. E ele gemeu uma dor contida em sua mente. Ele chorou, e da sua dor só ele podia falar. Mas ele não falou. E tudo ficou do jeito que era pra ser. No final, se despediram, e tudo permaneceu como tudo começou. Cada um na sua vida, cada um na sua escolha. Errada ou não. Colhem-se efeitos, vivenciam-se situações. A vida é essa, sem nenhuma carta coringa.

P.S

terça-feira, 22 de setembro de 2015

À sua espera


O beijo veio naquele silêncio que surgiu logo depois do tapa na sua cara. O fogo logo cedeu, e no meu corpo vi sua tara. As mãos e os pés, confundidos em um trêmulo momento. Arrepio que subiu em nosso beijar. Aquele contato, que antecedeu o ato. As palavras, insuficientes. Supérfluas. Desgastantes. Tudo era pouco perto do insano desejo que cresceu em nós. O tempo que encurtou, e aqueles segundos que duraram horas, não saem do meu pensamento.Revivendo nosso beijo ainda estou. Não o vi desde ontem, e a saudade começa a latejar. Você segurava minha cabeça, e descia o polegar. O mundo subia, e o chão era o meu ar. Gostei do que dissestes, que não se importaria em ficar. Espero que ligue logo, esse anseio me deixa assim. Feito uma inocente. Desesperada. Não me importo em esperar você, enfim.

P.S 

Ninguém leu


Com tanta coisa acontecendo, esqueci de mim.
Auroras boreais, flores silvestres
A cor daqueles olhos, o mar refletindo assim.
Escrever no céu da boca.
Sussurrar.
Equilibrar um senso antigo.
Os corpos que não mais se uniram.
Sensações invertidas, e a pele.
A pele que quer suar.
Um gosto antes doce.
A textura da língua de outrora.
Um livro de capa dura.
As páginas já amareladas.
O mofo do armário limpo.
Os nós do cabelo amarrado.
Um querer silencioso.
E o tempo de calar.
São partículas que me incorporam.
Dessa matéria me fiz eu.
Na completude do íntimo,
Das coisas que passam,
Lembrei do que era meu.
Da fruta que mordi,
Do sangue que desceu.
O beijo que afogou,
As poesias que ninguém leu.

P.S

Das dores que não contei



Ela faz o melhor miojo que já provei em 25 anos. E toda vez que ela solta o cabelo preso, após uma ducha, aquele cheiro fica no ar e eu sonho. Sonho que talvez eu deixe de ser um completo babaca, e evite coisas pequenas que são capazes de destruir coisas grandes como essa. Sonho que ela veja em mim um homem suficiente, alguém pra quem ela corre, por quem ela chora, aquele alguém especial. Todo mundo tem alguém assim, quem me dera se o dela fosse eu. Logo eu, mal consigo ficar em um emprego durante um ano. Sabe, ela é maravilhosa. Aquele sorriso, aqueles lábios, e os olhos... São duas esmeraldas que cintilam para ele. Esqueci, sou apenas mais alguém. Um dia ela achou que seria legal me convidar pra sair, eu fui. Eu to saindo com ela, mas ela não está mais tanto assim. Ela vem aqui em casa de vez em quando. Já estou a esquecendo, mas ela volta e todo aquele redemoinho de confusos "eu te amo" voltam. Depois de mais um dia chato no trabalho, chegar em casa e saber que ela está me esperando, isso é um sonho. Sonhar me tira o sono. Não aguento mais essa incerteza, de ir e vim. Ou ela fica, ou eu vou embora. Mas volto, quando ela ligar pra mim.

P.S

domingo, 20 de setembro de 2015

Planos

Existem milhares de palavras, sabe.
Nenhuma ainda descreveu isso aqui.
Sabe, quando o peito padece
De tanto amar, de tanto querer?
Sabe, quando anoitece
E minhas mãos procuram
O toque que vem de você?
É assim, o sentimento.
A felicidade em sentir o amor.
Tudo vira desespero
Se você não está por perto.
Quero pular as etapas.
Minha ânsia só aumenta.
Meu desejo me escraviza.
E isso me sustenta.
Ao mesmo tempo que suaviza.
Quero logo estar contigo.
Em noites, em tardes nubladas.
Em casas na fazenda.
Em alpes, em morros, nas estradas.
Só nós dois, em qualquer lugar.
Diante do que me consome,
As palavras são poucas.
E o desejo, interminável.
Ah, quero levar o teu sobrenome.
E despreocupada, andar de mãos dadas.
Planejar as festas, os encontros em família.
Quero um futuro ao seu lado, agora.
E acabar de uma vez com essa agonia...

P.S

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Miudeza


Aquele seu enorme prazer de me ver caída, jogada, iludida, não o terás.
Ah, e aqueles livros que eu te dei, devolva-me.
Entregue aquele disco, daquele cantor, com aquela canção.
Não pense por um segundo que me tinhas, eu me tive.
Até aquele momento que disse que não mais me queria.
E fui-me, sumi da vida desse que um dia amei.
O resto pode ficar.
Sobrou pouco daquela sombra que chamavas, amor.
E as lágrimas, secaram todas no dia fatídico do luto.
Ainda luto, mas a cena não foi embora.
Somente eu, que tenho a sensação
Que já vou tarde, por hora...

P.S

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Pseudônimo do amor



Ele chegou muito perto dessa vez, antes de tropeçar nas palavras, sorriu e acenou. Ela não viu, mas ele corou, e decorou tudo que estava prestes a dizer, mas não foi dessa vez. Ela não reparou nas vezes que ele a protegeu, quando todos diziam que ela não passava de mais uma garota mimada, ele a defendia e dizia sem hesitar que ela era fantástica no que fazia. Ele sabia, ela tinha aulas particulares de segunda à sexta, mas forjava estar doente para não frequentar. Ao invés disso saía com amigos, totalmente fora do ciclo que ele podia imaginar em conversar. Ela fazia mais o tipo popular, mas ainda o olhava e retribuía os acenos e os bom dias que ele gaguejava. Ele fazia mais o tipo tímido, mas não nerd, ele tirava alguns dez, mas a maioria era nove ou sete. Ele falava sobre coisas como o sistema solar, e de como tudo que ela usava parecia ter sido feito sob medida. E ela frequentava a academia, mas escrevia poemas e publicava usando um pseudônimo. Como ele sabia? Ele a viu escrevendo debaixo de uma árvore um dia, e aquela visão o deixou curioso e encantado. Aquela menina que agora ele estava apaixonado, quase soube de verdade o que ele sentia. Quase, mas não dessa vez. Ele não conseguiu iniciar um diálogo, mas ele treinava todo santo dia. Sonhava com aqueles cachos dourados, e a pinta que ela tinha perto dos lábios. Imaginar falar de todo aquele sentimento o deixava em agonia. Mas quem sabe um dia ele teria coragem. Pensou em escrever uma carta, mas achou muito piegas. Arriscou uma canção, mas ainda sim achou brega. Então, decidiu entrar no blog dela, e foi comentando em cada poema, em cada desabafo daquela escritora. Ela foi correspondendo, e quando viram estavam se entendendo de uma forma inspiradora. Ele prometeu dizer quem era, se ela também quisesse mostrar sua real identidade. Ela parecia confusa, estava tão segura que estava sendo ela de verdade. O anonimato dos dois foi desfeito em um encontro no parque do bairro "tal". Ele não sabia como reagir, mas ela o olhava com um ar de surpresa e desaprovação. Então quebrou o silêncio, dizendo seu nome e que era dela o seu coração. Ela abriu para ele um sorriso tímido, o qual jamais tinha visto e era mais outra coisa pelo que se encantar. Ela disse que sabia seu nome, e que há muito tempo esperava para ele se apresentar. Na cabeça dele, ela jamais o esperaria, jamais saberia quem seria o "fulano de tal". Mas na cabeça dela, ela aguardara o dia para dizer olhando em seus olhos, que não imaginava a sorte que tivera. E ela era tão dele, quanto ele era dela. O amor tem dessas coisas, e eles dois souberam que se têm o melhor quando se espera. Agora o dia chegou, e ele disse o que tanto clamava o seu coração, e ela repetia que o amava, mas que tinha temor da desaprovação. Eles riram juntos, e o som de suas risadas ecoaram nos poemas dela. Ele finalmente provou do gosto daquela boca, que por horas imaginou a sensação, e que agora nada chegaria perto de tamanha emoção. Os dois seguiram juntos, de mãos dadas até a livraria mais próxima, onde ele jurou um dia comprar o primeiro exemplar do livro de sua poetisa amada. E os planos foram surgindo, alguns sonhos e viagens à vista, e o amor saiu da sombra, a paixão ganhou cor e neles se faz viva.

P.S

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Além da vida



No rádio uma música qualquer, a melodia envolvia os corpos nus no sofá, aquilo era mais um sábado normal. Ela não sabia que ao sair daquele apartamento, não mais o veria. Foi atravessar a rua, pensamento longe, certamente nele, e pimba!
Ela o viu de cima, ele estava atordoado, debruçado em um corpo inerte no chão. Ele gritava, ela não o entendia, mas sabia que estava em prantos. Olhou fixamente aquele corpo deitado, era ela. Mas como?
Demorou dias, meses e anos. Ele não era mais o mesmo. Antes um jovem rapaz sorridente, e agora não sorri mais, não é tão jovem assim.
Outra noite jurou tê-la visto, usava o mesmo vestido florido daquele dia infeliz. Lembrou de como ela era linda, e de como suas covinhas eram charmosas. Ela o olhava, e seu olhar dizia que tudo ficaria bem, mas ele não queria viver sem ela.
Na mesma noite saiu do apartamento, nos olhos lágrimas amargas, que secavam com o vento que envolvia aquele temporal de outubro. Pensando nela, e em como tudo deveria ter sido, e outra vez pimba!
Profundo foi seu sono. Acordado, viu a sentada ao seu lado, ela o encarava preocupada. Suas mãos coladas, e ele sussurrou que a amava. Ela sorriu e correspondeu com suas lágrimas, um beijo doce lhe deu, e juntos viveram o outro lado da estrada.

P.S

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Choices


"Se não quer demorar, não finja.
Se não quer gemer, não forje.
Se não quer apanhar, não incite.
Se não quer fazer, não amole.
Se não me quer, não me iluda.
Não demonstre e depois suma.
Não acende a fagulha,
Caso tenha medo de se queimar.
A vida é feita de escolhas.
Não me olhas.
E só não sinta.
Dói demais não fingir te amar."

P.S.
                      

Start


Eu vejo flores.
Mas você poderá ver folhas secas.
Meus olhos sorriem.
Os teus repudiam.
Clareza e leveza.
Dureza e escuridão.
Ela está enganada, dizes.
Sorrindo discordo.
Podemos não concordar com tudo.
E tudo bem, não concordar é normal.
Anormal é denegrir.
Vejo experiência.
Podes ver um fim,
Mas é o começo para mim.
É tudo um começo para nós.

P.S.