sábado, 19 de março de 2022

Reflexões da madrugada



Nessa madrugada não consegui dormir, estava refletindo sobre minha vida até aqui. Que coisa mais louca ter suas próprias coisas, resolver seus próprios problemas e lidar com as contas que chegam uma atrás da outra.

Pensei sobre minhas escolhas, as consequências delas, as dores e os risos que elas me trazem. A vida é passageira, e eu que dirijo tudo mesmo sem carteira. 

É uma vibe tão gostosa saber que tudo que eu tenho foi conquistado por mim, pelas minhas próprias decisões. Inclusive as ruins. Tenho que aprender a lidar com tudo. Às vezes dói. Mas na maioria do tempo é bom. E sigo assim.

A chuva ali fora me trás tantas lembranças. Algumas eu sei que nem deveria recordar, mas é mais forte que eu, e vira tudo um misto de sentimentos. No fim, eu gosto de pensar que tudo que passei me trouxe até aqui. As conversas, os lugares, as pessoas e todas as canções. O combo de sensações. A bomba de emoções. Tudo me tornou essa mulher de hoje.

Costumo dizer que não quero muito, e na verdade nunca me deram tanto. Então sim, eu quero tudo. Quero o melhor de todos. Quero o calor. Quero o amor. Quero o bem estar. Quero o conforto. Quero sentir que tenho o mundo. Um mundo cheio de bons sentimentos recíprocos. No fundo é só isso.

Não consegui dormir, mas me vejo nesse sonho acordada. Criando uma cena comum de um futuro que estou correndo atrás. Minhas pessoas comigo, meus amigos, minhas coisas, meus bens imateriais. Tudo que chorei pra ter. Tudo que lutei. Aquilo que acreditei. Em mim. Por mim. Ali, tão perto.

Penso que a alegria genuína é amar sem cobrar. Sentir mesmo sem tocar. Chorar e ainda ser tão forte. Se amar na mesma medida que se ama o outro. Viver sem vergonha. Sorrir sem medo de parecer idiota. E mesmo na dor não se deixar vencer. 

E mesmo agora, ouvindo um música antiga, saber que tudo aconteceu do jeito que deveria ser. Agradecer tão somente. Abrir os braços e se permitir voar sobre o novo. Arriscar. Tentar. Superar. Conquistar e compartilhar. A insônia nos faz pensar sobre tantas coisas, né?


A.F.

terça-feira, 1 de março de 2022

Platônica


De mãos atadas. É assim que me sinto quando te olho. Seu ar misterioso me intriga. Me faz querer saber mais sobre você. Me faz pensar como seria te ter aqui comigo agora. Fico imaginando tanta coisa. Fico com vontade. Bate o desejo. Mas você não me nota. Simplesmente sou invisível pra ti. É como se eu te desse tudo e você nada. Não me parece justo gostar assim. Enquanto eu te venero, você nem sabe que eu existo. Me sinto uma adolescente. É ridículo. Sou adulta, bem resolvida, independente e pago minhas contas em dia. Eu não deveria sonhar acordada. Não deveria. É engraçado como tudo dá errado. Quando eu chego, você vai embora. Quando eu saio, você entra. Parece que o mundo está me mandando um sinal gigantesco de que não é pra eu alimentar nada. Mas eu estou tão gorda de sentimentos por você que vou explodir. Que raiva de mim! Que raiva dessa ideia de amar alguém que não me reconhece. Você nem deve saber meu nome. Sabe? Eu sei tudo sobre você. Tudo que é possível saber. Você odeia segundas feiras e musicais. Você adora sorvete de chocolate e menta. Sorri fácil pra uma criança e brinca por horas com ela também. Você é doce, atencioso, amável e tem um bom coração, mas não posso te dizer isso. Não ousaria. Sou uma idiota, essa é a verdade. Vou idealizando nós dois, mas não tenho coragem nem de te dizer um oi. Parece patético, e é. Vou seguindo nessa de não ser correspondida e quem sabe algum dia você perceba que estive sempre aqui esperando uma chance minúscula de te fazer me conhecer...


A.F.