quinta-feira, 19 de maio de 2016

TOP = Fôlego (7º)

Esses olhos âmbar vão refletindo a nudez do meu corpo, e já não posso negar que o amo. Seu olhar tateia minha pele, e em cada centímetro sinto o calor que emana de ti. Não cansas de admirar minhas curvas? Questiono-te já sabendo a resposta. Você sorri com os olhos, depois sorri com as mãos, que vão vagarosamente deslizando por minhas coxas. Prendo a respiração. Tortura-me com essa lentidão, porque amas ir devagar, sem pressa, até o mundo acabar. Amas deixar-me louca de prazer, mordes minha nuca, antes de beijar-me com veracidade absoluta. Tudo precisa ser do seu jeito. Não questiono mais. Aquele olhar me come de costas, na posição que convém. Depois você me puxa e novamente tira-me o ar. Não preciso disso mesmo pra viver! Tenho você, o que é a mesma coisa. Ou até mais. Você usa e abusa da carne, mesmo ela sendo fraca, você a testa. Não aguento mais... Finalmente abre a boca e sussurra suas palavras favoritas "eu quero você". Agora sou eu que o torturará, que tal? Desço o zíper de seu jeans e você  começa a respirar descompassado. Somos disciplinados, somos selvagens, somos mestres na arte de amar. Você comigo é perfeito, não tem outro jeito. Preliminares a parte, joga-me contra a parede do seu quarto, entorpece minhas estruturas e permite nossa ida ao paraíso. Onde nos embriagamos, nos desvirtuamos, e depois nos embalamos nas órbitas desse amor.

Amanda F.

TOP = Poesia vadia (8º)

Não abra os olhos.
Deixa eu te guiar.
O quarto é nosso.
Eu sua pra sempre fui.
Não precisa de pressa.
Não vou a lugar nenhum.
Sinta o que eu posso oferecer.
Leia o meu corpo de poesias rasuradas.
Você é meu boêmio apaixonado.
Versos que descem e sobem.
Confundimos as línguas.
Tantas são as letras.
Misturadas por um desejo extra.
Vê-se que não é de hoje
Que sabes rimar.
Arranque minhas estruturas textuais.
Preencha aquelas lacunas sexuais.
Entorpeça todas as expectativas possíveis.
Venha, não tenha medo de se expor.
Não tema o agora, nem se preocupe com o amanhã.
Viva comigo essa poesia vadia.
Á toa e viciante.
Não quero deixar passar mais nada.
Se é você o escolhido.
Se somos dois predestinados.
Sozinhos nesse quarto alugado.
Assuma a sua posição em minha vida.
E nunca mais deixe-me partir.
Não que eu não viva sem você.
Mas é que você não vive sem mim.
E isso eu sei...

A.F

Corre


Antes que o resto se expire.
Corre que dá tempo.
As minhas mãos suam, e eu piro só.
Toda aquela pretensão antiga,
Foram tolices sentidas.
E minha cabeça já nem tenta
Absorver ideias e palavras ditas.
E eu repito para mim, sou sua.
Fui tola e imatura.
Volta, que sem ti nem sei seguir.
E os dias não passam.
As dores só aumentam,
E tudo é nada.
Todos aqui, e me sinto desamparada.
São imagens que não me saem.
A sua roupa amassada, e os cabelos nos dedos.
Mensagens apagadas, e dias sem fim.
Tudo é soturno, e
No meu peito fica mudo.
Só ouço minha voz repetindo,
Vagarosamente,
Sou tua e não sei ser de mais ninguém.

A.S

terça-feira, 10 de maio de 2016

Enevoado


Entre tantas palavras para dizer,
Não me vem sequer uma,
E fico muda diante de você.
Como queria ser mais ousada.
Olhar em seus olhos e falar,
Tudo que carrego em mim.
Anos de mentiras e verdades.
Uma irrealidade.
A culpa é toda minha, sim,
Não negarei jamais.
E a dor de amar e não ser amada,
É a que me imobiliza mais.
A boca seca, a garganta engasga,
O pulso acelerado,
E meu peito angustiado.
E o resultado?
Você em outros bracos, mas
Nos meus pensamentos embriagados,
De um amor enevoado.

A.S.

Vile


Em volta de ti, sinto-me mais.
A delícia de ter seu corpo,
De sentir seu cheiro no meu cabelo,
De amar de manhã,
E acordar exausta.
É mania de você,
Que invade minha lucidez.
E vence a insensatez.
Do sabor que acaricia meus lábios.
Um torpor delirante que vem.
E dou-te de mim o que tens.
Não sendo mais dona do que era.
Estou e sou inteiramente tua.
As loucuras, e quisera,
Ser e permanecer em teus braços.
Com as pernas e os laços,
Em torno do seu quadril.
Beijar e ser beijada docemente,
Em mil maneiras vil.

A.S.

Sobre as pedras


Talvez nao tenha entendido direito,
No contexto exato que se deveria sentir.
As pequenas sensacoes do prazer,
Dos amores que perdi.
E nos dedos cabem exatos quatro, cinco,
Ou alguns, quem sabe apenas um.
Dos instintos que me excluem de mim.
E talvez entendi tao bem,
Que continuo nessa de fingir,
Guardando o que tenho só para o fim.
Um pouco do que resta,
É muito para o amor.
Se amar for o que nao despreza,
E persiste mesmo na dor.
E mesmo que me tirem as arestas.
Retas e curvas que me guiam, eu vou.
Em sentido contrário do que já passou.
Por viver o que me tem sido dado.
Nao para sofrer, mas sim ser perdoado.
E se já estou no fim,
O mesmo que é tao aguardado.
Finjo que sorrindo ganho,
Mesmo em lágrimas derrotado.

A.F.