terça-feira, 29 de abril de 2014

Sensibilité


Se você se inclinar.
Dobrar os joelhos.
Afastar a cadeira para meu conforto.
Levantar para eu passar.
Se você dizer alguns versos.
Ou se por acaso você cantar.
Só se vier do coração.
Só desse jeito.
Um novo romântico, um moderno.
Se vieres com rosas.
Ou se elogiar o meu aroma delas.
Se perceber como estou triste.
Sem ao menos lhe dizer.
Se essa sensibilidade for real.
Se aquecer minhas mãos nos dias frios.
E se de todas as opções você me escolher.
Não irá muito longe.
Não saberia viver sem seu calor.
Tão pouco sem sua atenção.
Se vier devagar, planejando.
Não pense que esqueço.
Ao contrário, te chamo.
E você atraído pelo sentimento.
Dirá "Ah como eu te amo! ".

A.f.


Perdidamente


Não vejo um rumo sem seus vestígios.
Os quais me conduzem para o bem querer.
Seus passos guiam os meus.
Só quero estar onde você ficar.
Meu tempo é inteiro de você.
Sou sua sombra, seu paladar.
Quero respirar o mesmo ar.
Beijar seus lábios virou vício.
E ficar longe já não consigo.
As poesias são meras insinuações.
Quem quiser saber eu conto.
Quem não quiser também saberá.
O que de fato se evidencia.
Não preciso espalhar.
Está em tudo que faço.
Nos meus movimentos sutis.
No sorriso acanhado.
E sobre as canções, são nossas.
É claro, estou perdida.
Perdidamente apaixonada.
E as flores sabiam, a lua e o sol.
A natureza mãe.
Fazemos parte desse ciclo.
Onde nos unir era a verdadeira condição.
E estou ciente dos perigos.
Ciente das desventuras.
Mas não importa o clima,
Pro amor não tem tempo ruim.
E como já sou muito sua, és inteiro por mim.

A.F.


domingo, 27 de abril de 2014

O amor existe amor

Quando ele os olhou, sentiu em seu âmago que de fato existia o amor. Não foi livro nenhum que lhe mostrou. Ele simplesmente viu um casal de idosos em uma mesa perto da sua em um restaurante qualquer do centro da cidade. Trocando beijos e olhares. Rindo e brindando aquela felicidade. Ele andava meio desacreditado, tropeçando em suas relações. Toda semana dormia com uma mulher diferente. Mas aquela cena, que foi vista de pertinho. Dali onde ele estava dava pra quase sentir o amor que um pelo outro sentiam. Seus olhos antes opacos, reluziram por tamanha beleza. Ele literalmente estava boquiaberto. Pensou em tanta coisa, em tantas moças e em tantas outras cenas de amor que cansou de assistir nas telas de fantasias, mas nada era equivalente. Teve vontade de ir lá indagar se eles eram recém-casados, pois nos dias de hoje não mais existia casais assim, tão apaixonados, tão iluminados. Olhando e refletindo sobre aquele momento ele se viu ferido, mas curado. O amor é um doce veneno que ele pensara ter provado, mas só depois de contemplar aqueles jovens - sim jovens - enamorados foi capaz de entender que nunca havia amado.  
A.F.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sol


Sinto que sem ti sou insensível.
Gosto de ouvir o seu sussurrar.
Sonho em nós o infinito do amar.
Seus olhares que falam com os meus sorrisos.
Seus abraços que compreendem meu corpo.
Tu sabe, mais do que eu, o que preciso.
Tu faz melhor do que eu pensei que fosse.
Acima, ali por cima, deito sobre seu peito.
Da média, além da média você, suspeito.
Seus lábios brincam de me morder.
Os dedos que marcam, sabe bem o que.
Os meus dias escuros sem você.
Tornou-me um sol, cintilando o seu querer.

A.F.

domingo, 20 de abril de 2014

Sobre aqueles lá


Não iremos abandonar nossos sonhos.
Agarremos o manto cintilante na alvorada.
Que nosso rugido possa alcançar além das montanhas.
Que se faça presente toda sagacidade.
Que eles se curvem e observem,
Nosso triunfo reluzindo no horizonte.
Com essa espada e esse escudo.
Com a marca e com nosso sangue.
Poderemos gritar e nos ouvir entoar a canção da conquista.
Somos livres! Sim, somos donos de nós mesmos.
Intensa guerra interna.
Libertem-se enquanto existem motivos.
O amor por pouco não foi vendido.
Troca esse canal e assista o mundo real.
Nossos objetivos são nossos destinos.
Dentro de cada um existe um revolucionário.
Liberte o seu.
Represente a sua alma.
Denuncie o medo, a farsa e a hipocrisia.
Que hoje possamos ser exemplos.
Façamos parte de um novo capítulo.
Ergam suas rosas, seus livros e seus pincéis!
Louvando os deuses das letras.
O escritor é o rebelde dos milênios.
Sua artilharia pesada está em seus papéis.

A.F.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Sonhando


Segurou minhas mãos, me convidou para se deitar. Arrumou um lugar ao meu lado. Dois corpos que ocuparam o mesmo espaço. O corpo dele tão quente, ardendo de desejo. Meu corpo trêmulo, ansiando seus toques. Nada fez. Dormimos abraçados. Coisa de casal. Acordei cedo, levantei sem fazer barulho. Preparei nosso café. O acordei entre beijos, entregando meu corpo. Ele não sonhava, era real. A intenção da noite passada. Entreguei meus seios, meus cabelos, minhas pernas e mãos. Que ele fizesse de mim seu café da manhã. A cama era pequena pra tanto querer. Que ele fizesse de mim sua mulher. Na manhã sonolenta fizemos amor. As cortinas que permitiam a luz solar penetrar. As gaivotas que de longe gritavam. O som do mar, das ondas e das sereias. Os encantos daquele paraíso. Nos beijamos, nos vestimos e nos sentamos a mesa. Um olhar sereno, um amor intenso. Bom dia. Que dia! Nos pertencemos e não importava o momento. A timidez se transformara. As evidências eram claras, no seu colo era meu lugar. Com os lábios sujos de café, sussurei meu amor. Com os joelhos dobrados me fez um pedido. Dali pra frente passei a viver em um sonho. Até agora não acordei.

A.F.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Amor de Poesia



Olhos que devoram a carne.
Você insiste em demorar.
Siga seus instintos.
Deixa o desejo inspirar.
As roupas deslizam.
As canetas que vão nos rabiscar.
Poetas do prazer.
Escrevendo por seu peito.
Rasurando nas minhas coxas.
Envolventes rimas da luxúria.
A canção ecoa lentamente.
E sua língua encontra a minha.
Seus lábios sugam meus medos.
Entregue ao seu tremendo querer.
Lentidão que me atrai.
E vai... Você vai.
Vai ajustando meu corpo no seu.
Permitindo o êxtase da nossa literatura.
Que não é tortura.
Que as letras são curas.
E seus dedos são mágicos.
Nossos pecados expostos.
O passado excomungado.
E a única razão se faz absoluta.
Minhas unhas em seus braços.
Riscando em meus quadris seus rascunhos.
E o texto ainda está no começo.
A poesia não faz o poeta.
O poeta em nós, plantou poesia.
E a semente se faz crescente.
Libido sigiloso no âmago desse amor.
Prazer, escreve o que sente.
Sente em mim o que me escreve.
Deixa de lado a gramática insolente.
Engole esses goles de fulgor.
Que das palavras mais lindas.
Você me fez a intocável.
E os seus toques são meu céu.
Emoção indescritível.
São idas e subidas.
De costas e desce até meus seios.
Ali por tempos se debruça.
Clama as estrofes entoando,
Que os deuses não se perturbem
Mas toda fé do mundo está em mim.
E os gemidos na surdina.
Clamas por salvação.
Se das letras sou seu afago.
Das poesias és a minha inspiração.

A.F.

Estes


Insípido sabor das tuas pernas.
Incoerentes certezas daquelas vestes.
Tirastes sobre a mesa e me deste.
Despe o nu dos teus cabelos agrestes.
Mergulhada no cálido anseio.
Os corpos, teus e meus, difundidos.
As treze, vinte e trinta.
Os ponteiros insanos do inferno.
Brandos, acalanto, canto pra tu dormir.
Voltas e me revolta para não ir.
Ao puro ar que assombra meus pensamentos.
Estes todos teus, sabemos.
Destes os pedestais, os livros, e coisas más.
Canções que nelas cantastes o adeus.
Oh Deus! Ela é cigana, traiçoeira e divina.
Morri no dia que a vi.
Os ombros desnudos, os seios pequenos.
A espalda enlaçando meus devaneios.
Trouxestes os esmeros e os pecados.
Fizestes o que quero e negastes o meu passado.
Olho esmeraldado que me sorri.
No jogo do seu amor, meu rei perdeu.
Xeque-mate, em prol dela morri.
És rainha, e seu escravo sou eu.

A.F.


Dor, lo rosa


Rosa em seu leito.
Fronte leitosa.
Cheiro de morte.
És flor cheirosa.
Mata meus medos.
Planto essa prosa.
És meu deleito.
Dor, lo rosa.

A.F.

domingo, 6 de abril de 2014

Homenagem à José Haroldo - Nosso Eterno Guerreiro.


Ficará em nós uma saudade bonita.
Fostes e sempre será o nosso amigo.
O pai carinhoso, o filho amoroso.
O homem da justiça, de Deus e da vida.
Ficará em nós uma lembrança serena.
Daquele seu jeito tranquilo, paciente e único.
Das graças e das risadas.
Dos momentos felizes e marcantes.
Não mais questionaremos sua partida tão precoce.
Pois Deus tem seu plano, seu propósito.
Você, nosso amado Haroldo, cumpriu a sua missão.
Onde se ouvir seu nome, uma verdade se anunciará.
Que és o nosso herói, homem exemplar.
Do olhar cuidador, dos abraços tão ternos.
Estás junto ao Criador, e daí lhe pedimos:
Nos ajude a suportar essa ausência dolorida.
Bem sabemos que não lhe perdemos.
Um anjo hoje ganhamos.
Do sorriso quente, do coração gigante.
Das sábias palavras e infinita bondade.
Sabemos da dor, do imenso querer em por uma última vez lhe ouvir.
Do desejo de saber que poderemos ainda tocar e lhe sentir.
Mas Deus lhe ama tanto que lhe chamou.
E se Ele lhe quis ai é porque você já marcou.
Sua dignidade, seu caráter, sua postura.
Incontáveis qualidades, todas em um único ser.
Lhe amamos hoje e estaremos juntos até depois do fim.
No amor inexiste distância e tempo.
Ele se faz presente em qualquer momento.
Haroldo filho, irmão, pai, tio e amigo, o seu amor será eterno em cada um de nós.
Hoje podemos lamentar e chorar.
Nunca estamos prontos para a despedida.
Mas Deus vem nos consolar, e nos dizer
Que é um até mais, e repetimos:
"Até mais, nosso querido.
Dada a missão para o guerreiro,
Missão árdua, missão sofrida.
A missão foi lhe dada.
É como você sempre nos dizia,
MISSÃO DADA É MISSÃO CUMPRIDA!"

A.F.