quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Remember?


Pego papéis amassados, coloco-os no bolso da minha camisola, abro a porta e vou atrás de você. Saio pela rua, quase nua, quase. Saio perseguindo seus rastros, tentando disfarçar a ansiedade. Engulo o choro, seguro firme em meu bolso, garantindo que nada de lá escape. Nós não precisamos terminar assim. Você disse que seria pra sempre, remember?
Meus olhos marejados, a sensação estranha na espinha dorsal, o cérebro congelado e pouco sangue, pouco espasmo. Meu corpo não me reconhece, é muito difícil respirar sem doer. Quero te encontrar, dizer das promessas, das malditas promessas. Falar daquela vez, da outra, mas talvez você já tenha pegado um táxi, talvez você já tenha entrado em um ônibus, daí seria tudo em vão. A dor seria por nada.
Tropeço nos meus pés, e o chão é meu alvo, Estou com um pouco de dor na cabeça agora, talvez o molhado só seja um pouco de sangue, um pouco de lágrimas, muitas delas. E a ardência em meus cotovelos, e os lábios só um pouco inchados. Deixa eu passar, gemia com quem passava... Deixa eu passar, por favor! Berrrava.
E meus cabelos estavam ao vento, aquelas cabelos que você adorava sentir, remember? Os velhos grampos que você colocava para aquietá-los, as fitas e os laços. Ah, tempos bons do amor, das cores e dos sóis que iluminaram nosso quarto em dezembro.
Outra vez as luzes nas casas, e o pesadelo volta, volta e me revolta a sensação de nada poder fazer. É natal outra vez, alguns ousam dizer, mas pra mim é só mais um dia, quando você partia meu coração e partia de mim, longe e tão longe que não me ouviu berrar teu nome, remember?

...

A.F

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