terça-feira, 1 de outubro de 2013

Manhã de domingo

Acordei debruçada em seu peito. Exalei seu perfume de homem. Excitei-me relembrando da noite passada. Você que não fazia o tipo radical. Atrás dos seus óculos de grau, você me surpreendeu. Sai devagar, que é pra não te acordar. Sinto vontade de tudo, estou disposta até para cozinhar, mas fazer nosso café já serve. Vou até sua cozinha, muito organizada por sinal. Busco os ingredientes, me sentindo uma chef de cozinha francesa. Meu sorriso me acompanha, ele me condena. Sim, eu fiz amor. Não foi só mais um cara, não foi só mais uma noite, tão pouco foi uma ressaca. Foi com você, com o alguém que me faz sentir como se eu pudesse correr uma são silvestre de salto, e ainda sim não reclamar de dor, de nada, pelo simples fato de fazer isso com imensa alegria de competir. Não sei exatamente o porque, mas depois de você passei a ter ideia idiotas, tipo nós dois de mãos dadas no pedalinho, ou nós dois brigando pelo controle da TV. Em tudo que penso,  o nós já virou obrigatoriedade. O café está quase pronto, não ouço nenhum barulho vindo do seu quarto, ou como gostamos de chamar, do nosso refúgio do amor. Faço tudo com cautela de iniciante, não é mentira quando digo que não sei fritar um ovo sequer, realmente não nasci com essa disposição culinária, mas daí de repente eu acordo querendo ir para a cozinha, fazer o seu café, passar requeijão no seu pão, preparar um suco de uva, que é o que você mais gosta. Estou usando a sua blusa, e ela virou minha roupa favorita, e segundo você me deixa ainda mais sexy. Entretida nos meus pensamentos viciados em seus olhos, mãos e sorriso, mal percebo quando você chega por trás. Está usando seu samba-canção preto e nada mais. Viro-me para beijá-lo imediatamente. Sinto que você está realmente animado com meu bom dia, mas me afasto porque não quero enlouquecer antes de tomar café. Você faz um beiço que me deixa com uma enorme vontade de jogar tudo pro ar, e se divertir ali mesmo. Mas consigo me controlar, buscando forças não sei de onde, e nos sentamos na mesa como pessoas civilizadas e desfrutamos do café super fraco que eu consegui fazer. Você repete pela terceira vez que está tudo muito gostoso, mas seu rosto diz outra coisa. Não consigo ficar zangada, e dou risada da sua tentativa frustrada de ser gentil comigo. Resolvo que sentar no seu colo é mais interessante, e você resolve que tirar sua blusa que me cai tão bem é ainda melhor. Quando nos vejo, somos os selvagens da noite passadas, porém mais fortalecidos pelo tempo de sono, que ainda conseguimos ter. Você é tão lindo, com seu braço que envolve meu corpo, com tanto carinho, como se eu fosse de porcelana. Você que é tão delicioso ao repetir meu amor, quero você toda pra mim, e que com os mesmos lábios que recitam versos apaixonados, morde minha pele, suga minha essência, deixa-me completamente em êxtase de eloquência. Respirar. O que é respirar? Falta-me consciência. Você que sempre esteve comigo, foi meu melhor amigo, será meu futuro marido, pois é, já criei nossos filhos e tudo mais.  Romantismo até a raiz. Faz parte de mim ser essa completa estranha, extravagante e complexa na arte de amar. Faz parte de você ser o único em minha vida. Tudo faz parte quando se trata de nós. Você me carregou dois minutos atrás, jogou-me no seu sofá, olhou-me com um
olhar voraz, e depois fez com que eu me sentisse a mulher mais feliz desse mundo. Completamente realizada. Amor, não sabia se poderia, se ousaria dizer ou sentir tal sentimento. E é assim que iniciou nossa manhã de domingo. Você deitado e eu como de costume, debruçada em seu peito.


Amanda F.

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