Num belo dia você passa no mesmo lugar de sempre e esbarra com aquela pessoa que nunca viu, até agora. Ela é linda de uma forma que não consegue explicar, somente admirar. Mas isso acontece quando você está no seu quarto, quando toca aquela música que não sabe porque mas é a cara dela. Quando você volta para o lugar onde a viu pela primeira vez. Daí você percebe que está apaixonado, e que isso vai demorar a passar. Não tanto quanto o tempo para revê-la outra vez. Você se arrepende por não ter perguntado seu nome quando teve a chance. Se arrepende por não ter puxado um papo, qualquer coisa que fizesse ela falar. Volta pra sua casa, cabisbaixo, sem muita motivação. Entende que isso é coisa de filme, que amor a primeira vista não existe, e que nunca mais vai encontrá-la de novo. Então você olha pro dois lados antes de atravessar a rua, e lá está ela. O vestido amarelo que cai tão bem nela, as tranças negras por sobre o ombro, e como se não bastasse ela está sorrindo. A verdadeira imagem da perfeição, você pensa. Por dentro o coração bate mais rápido do que o normal, as mãos frias, no pensamento milhares de palavras e nenhuma coragem de chagar e conversar. Dai repara mais um pouco, e quando percebe tá no meio da rua, por sorte o sinal ainda está vermelho, volta e fica na calçada. Por um momento sua vida correu risco. É loucura, pensa. Não ia morrer por causa de alguém que nem conhece, ou será que ia? Ela está vindo em sua direção, se apavora. Mas não é bem em sua direção. Para antes na banca de revistas e puxa de lá um jornal. Além de linda é intelectual, suspira. Ela desfila naquela calçada, será que não percebe que é a mulher mais perfeita daquela cidade? Ou quem sabe do universo? Quando se dá conta diz oi. Assim no seco mesmo. Um oi que nunca pensou em dizer, sem estar acompanhado de tudo bem, ou quem sabe de uma piadinha sem graça que treinou em casa enquanto pensava nela. Ela vira o rosto, e seus olhos estão cintilando um verde água sufocante. Sua expressão é confusa, eu te conheço? Ela diz. É claro que não, ele pensa. Mas eu sim, repensa. Outro dia esbarrei em você, sua voz é fraca quase não sai. Ela parece confusa, mas abre um sorriso. Aé, ela diz. Ele sorri junto, mas é de nervosismo. Uma coragem que brota não sabe de onde o empurra, quer tomar um sorvete? Ele arrisca. A garota fica séria, e isso o assusta. Em seguida abre a boca e diz as palavras mais lindas que ele já ouviu. Por que não? É, por que não? Ele está nas nuvens, apesar de tocar o chão. Apesar de suar frio pelas mãos, de estar acelerado seu coração, por que não? Dai a história se desenrola, um cara, uma moça, um amor platônico, coisas do tipo. Coisas que a gente vê nos filmes na Tv, mas que acontecem com a gente, só que por medo, por questão de desapego, por fatores diversos deixamos passar. Nós temos todos os dias cenas de cinema em nossa vida. Somos os mais lindos livros, mas por preguiça de escrever nossa história ficamos no prólogo e é só. Absortos nas palavras que não nos fazem ser o filme, o livro, a canção mais perfeita de se ter, ouvir, sentir e viver.
Amanda F.
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