E cá estou em frente a outra folha em branco tentando dizer o que ainda sinto, o que ainda não consegui esquecer. Cá estou, debruçada sobre um mesa de bar, tomando um vinho caro, fingindo me importar. E lá está ele, olhando para minhas pernas, roçando a barba no copo, me chupando mentalmente. E não vou, pois não quero mais uma vez acordar ao lado de um anônimo que em uma noite jura amor eterno, só para realizar seus desejos que duram a mesma noite. E aqui vou, mergulhar de cabeça nos livros amarelados, lendo coisas do passado, coisas que antes era fácil escrever. E não estou nem um pouco preocupada com quem me encontra nesse estado de torpor, com essa cara de ressaca e o mesmo copo de vinho caro. E pra onde vou já não faz mais tanto sentido, se meu destino foi escrito e arrancado como papel, ou manchado pelas minhas lágrimas que por hora não caíram, mas que irão. Não sai uma palavra, não sai uma rima, uma combinação de vogais, não sai. Estou tentando, foi isso que planejei, tentar e tentar outra vez, mas não é fácil escrever quando não há inspiração, quando não se tem pra quem ler.
Amanda F.
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