Sou de carne, sangue, calor, ira, amor. Sou de vidro, papel, sou de barro, assim sou. Um ser cheio de defeitos, complicações, medos, mentiras. Sou um pouco do vazio que trago no peito;
Sou feita de emoções, que fazem meus pêlos saltarem. Sou inútil, amada, invejosa, odiada, sou assim. Um corpo pequeno, com uma alma pequena. Feita para prazeres, loucuras e vontades. Feita para o amor, ódio e fins. Coberta de capas, que não permitem me enxergar. Não deixam a verdade penetrar. Prende tudo que sou, penso que algo sou. Mentiras, somente isso que sobrou;
Sou uma ilusão num coração. Sou a paixão em tantos mil. Sou única, verídica, incompatível. Me torno a cópia, falsificação de tantos outros olhos. Nesse jeito de menina, com cabeça de mulher. Sou invisível para um mundo, que não me vê, só me corrompe, sangra e quer;
Sou um segredo que cem chaves tentam abrir. Sou o medo de perder. Me espanto com minhas feições, tão estranhas para um espelho que não reflete. Um espelho que mente, absorve, não deixa eu enxergar. Percebi que meus olhos são de plástico, opacos, sem motivos para brilhar;
Amanda F.
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