segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Unilateral



Decidi superar o que sinto.
Fingir que não causas em mim a euforia.
O inebriante desejo.
Ardência na nuca.
Suor que escorre lentamente.
Superar esses sentimentos.
Sentimentos que não deveriam existir.
Tínhamos um combinado.
A gente não poderia ultrapassar aquela linha.
A linha tênue da paixão.
Um amor unilateral não era o que queria.
Não foi como planejei essa aventura.
Eu tenho que ser forte.
Acreditar que existirão novos beijos.
Um novo olhar em mim.
Palavras sacanas sussurradas ao pé do ouvido.
Mãos que percorrem as costas.
Preciso acreditar que outros virão.
Alguém que esteja pronto.
Alguém que me aceite inteira.
Nos erros e nos acertos.
Nas loucuras do dia-a-dia.
No mal humor matinal.
Alguém que retribua meu afeto.
Que entenda o que nem eu sei explicar.
Enquanto ele não vem, vem cá.
Deita aqui outra vez.
Finge que sente, eu finjo que acredito.
Me beija como nunca.
Me faz gemer como sempre.
E diz só mais uma vez que eu sou tua.
Que a noite é tão curta pra nós.
Que lá fora o mundo é cruel.
E agora eu preciso mentir.
Enganar meu coração.
Mas no fundo, ele não se engana.
Eu sim. Eu me iludo.
Eu minto toda vez.
Eu te amo, mas você não.

A.F.

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