quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
O sol
O céu cintilante.
Invejava o beijo do luar.
Queria com ela estar.
Seu lindo brilho sentir.
Vestir seu sorriso.
Luzir.
Queria dançar com ela.
Percorrer os dedos naquelas costas.
Sussurrar palavras aleatórias.
Que fizessem algum sentido.
O céu bem que pedia.
Um pouco de calor.
O florir do dia.
Aah como ele queria!
Seu sol das manhãs de dezembro.
A única luz que o guiara.
O motivo da paz e tormento.
A estrela cadente mais rara.
Da verdade o gosto.
Do gosto a liberdade do sentir.
Sensações que percorrem
Seu corpo toda vez que ela sorri.
A.F.
A culpa é minha
Existem linhas em branco na nossa história. Você mais do que eu sabe. Na verdade você sempre soube que isso acabaria mal. Mal deu tempo de começar. Antes era tudo mais fácil. Você me dava alguns sinais. Na verdade você sempre foi óbvio. Meu coração fingia não saber. Era tudo mentira. É incrível que você sabia disso tudo. Veja bem... A dor sempre vem. O problema é dar valor. Que seja imparcial a minha dor. Algumas vezes só queria esquecer tudo que dissemos. Apagar da memória tuas palavras bonitas. Fazer de conta que nunca existiu um desejo. Que tudo que sempre fomos é apenas o que somos. É mais difícil do que se imagina! Só de pensar em disfarçar, me dói a cabeça, o peito e a garganta se fecha. Preciso controlar meu corpo e minha mente. Ás vezes só queria mesmo era te contar que hoje entendo. Que demorei para perceber que foi tudo culpa minha. Essas lacunas que nos afastaram são minha sina. Sinto muito, mas obrigada por ainda existir na vida minha.
A.F.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
Abismo
Doce sabor dos teus lábios nos meus.
Gostosa sensação do teu suor em mim.
Profundos toques e desejos inflamados.
Tal qual um fogo que não se pode apagar.
E quado me pegas pelo cabelo,
Seu toque firme e exigente me faz calar.
E dentro de mim o calor emana em sussurros,
Em gemidos e súplicas que me fazem ficar.
Não consigo me desfazer do seu amor.
Das loucuras que ele me obriga a cometer.
Simplesmente sou fraca quando se trata de você.
Me resta somente acatar os teus caprichos.
Dizer sim em alto e bom som para o teu querer.
Nadar nas águas do teu rio.
Mergulhar e me afogar em você.
O teu cheiro que em mim fica.
Dois ou três dias.
Quando o que nos resta é amar.
Muito melhor é ceder.
Fechar os olhos e se permitir pular.
Diante desse abismo que me faz te querer.
Grito seu nome e peço pra contigo sempre estar.
A.F.
Lembrança fria
Esqueci seus costumes e manias.
Simplesmente foi sumindo.
E você já não faz mais parte.
Lembro que pensei que fosse morrer.
Era terrível imaginar uma vida sem você.
Acordar sem sua companhia.
Sem aquelas palavras que me confortavam.
Mas as coisas mudam.
O amor nunca é eterno.
Talvez para alguns poucos.
Nós não tivemos essa (in)felicidade.
Ao meu ver, a vida continua a mesma.
Faço o que sempre fiz.
Vou aos mesmos lugares que antes íamos.
Nada disso mais me afeta.
Lembro que me faltava o ar.
Mas hoje respiro tranquilamente.
Vejo que seguiu seu caminho.
Igualmente a mim, vives!
E essa lição é o que me permite acreditar.
Talvez não tivemos a maldita sorte,
Mas isso não é o fim.
Sempre tento coisas boas enxergar.
Dos nossos dias uma lembrança fria.
Do futuro uma expectativa,
Pra quem sabe um belo dia
Poder escrever sobre o amor
Que não sabe o que é acabar.
A.F
domingo, 19 de novembro de 2017
Estranha verdade
Queria me afogar nessas luzes.
Ondas que lambem minhas pernas.
Deixe que dure até o final.
Essa estranha vontade.
A estranha verdade.
Quero que isso me consuma.
Que meu corpo transborde
Todo o calor que emana de ti.
E que nua, tudo frutifique em mim.
Sou uma árvore frondosa.
De raíz profunda.
Do adocicado perfume.
Das imperfeições que me definem.
Quero, por um momento,
Escutar teu coração batendo.
E que você me queira...
Como ainda não me quis,
Mas como irá um dia querer.
Essa é a minha ideia.
Fazer valer tudo a pena.
Inspirar e ao mesmo tempo ser.
Dentro do meu irreal.
Dos planos que escrevi sozinha.
Só por hora,
Umidecer meus lábios nos teus.
Olhar para teus olhos.
Me enxergar neles.
E sonhar que tudo foi assim.
Diante da face do agora.
Você, melhor parte de mim.
Cigana
Muitas vezes olhei para atrás.
Mas tudo que eu precisava
Estava bem na minha frente.
Diante dos meus olhos de cigana.
Um pouco oblíqua,
Porém muito dissimulada.
Tentei por minhas mãos.
Estraguei tudo.
Não era novidade.
Mas tentei, várias vezes!
Pois acreditava que seria melhor assim.
Naquela idade, as coisas eram simples.
Pensei que tivesse tempo.
Mas o tempo nunca pensou em mim.
E me perdi nas minhas raízes.
Tolas e frágeis tentativas.
Talvez por acreditar demais,
Ou por duvidar de menos.
De toda as minha feridas.
Tudo que acumulei por esses anos.
Decepções, amores, conflitos.
Um turbilhão de sensações.
Tudo dentro da pequena mulher.
Dos olhos de ressaca, marejados...
Que escreve muito,
Mas sente ainda mais que um bocado.
A.F.
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
É tudo mentira
Nunca foram ditas verdades mais sinceras.
O homem é uma fera,
Diante dessa carnificina que nos sujeitamos.
Os muros são altos,
Maiores que qualquer empatia.
Os olhos são grades,
Enferrujadas e opacas.
Tudo nessa vida é mentira.
Quando se tem, não se tem nada.
Quando se ganha, a perda é fatal.
As mãos calejadas que sangram,
Em busca de um mísero real.
Tudo aqui foi combinado.
Sempre acreditei que sabia de algo.
No fundo eles mentem,
A gente aceita as migalhas,
E sorri sem dentes.
Porque tá faltando pão na mesa.
Remédios para essa gente.
Para pelo menos nos entorpecer.
Melhor do que viver,
É morrer tentando acertar.
Não sei bem o que,
Mas faria sentido arriscar.
Que se dane o que pensam de mim.
Pelo menos nessa merda aqui,
Tô consciente de nadar.
A.F.
Das casualidades da vida
Ela disse que não queria nada. Ela estava mentindo para si mesma. Era bem normal repetir que tudo era mentira, que aquilo ia passar logo e ela não sentiria nada por ele. Outra vez se enganou. Fingiu que estava tudo bem, e partiu para sua vida normal. Ela provou muitos sabores, mas aquele era especial. O beijo dele era carregado de um desejo insano, tão profundo que a fez suspirar. Antes mesmo que fosse possível raciocinar, ela estava caída aos pés daquele homem. Ele não tinha muita coisa, apenas planos e palavras gentis sussurradas ao seu ouvido. Aquilo foi suficiente para apaixonar-se. Ele só fazia o que ela gostava. Ele só falava o que ela queria ouvir. Ele sabia como deixá-la eufórica ou paralisada. Mas isso era capricho, era vontade, desejo e prazer. Jamais foi amor, jamais foi além do que deveria ser. Ela prometera esquecer. Borrar as boas lembranças. Os dias que passou deitada em sua cama vendo tv. As noites que rolaram debaixo de lençóis, suados e cheios de tesão. Ela prometera. Não cumprira. Ao contrário, mentiu para si mesma. Mentiu e sorriu para ele, agradecida pelos íntimos desejos revelados, pelas fantasias realizadas e loucuras despertadas. Tudo não passara de uma aventura. Daquelas que ela só provou uma vez, e pensou que poderia ter para sempre. Não. Ela nunca poderia ter o afeto singelo daquele homem. Eram bons amantes. Eram até amigos. Porém, nunca mais do que isso. Ela memorizou seu corpo, aproveitou cada último instante antes de ir. Melhor partir antes que o estrago seja maior dentro de si. Antes que ela não consiga mais sair da vida dele, de onde jamais poderia ocupar um lugar desejado. Ela foi, mas prometeu que assim que ele quisesse, ela retornaria de bom grado. Quando se está apaixonado tudo é um absurdo, é tudo muito fácil. O orgulho não fica, ele vai. Fica apenas o querer inflamado de ter mais e ser mais para o outro. E como ela queria que tudo fosse verdade, nada casual. Que ele a enxergasse com outros olhos, mas não. Ela precisava enfrentar a realidade, e aceitar sua condição. Que o amor é diferente da paixão. Que ele nunca prometera nada além do que oferecia. E a vida tem dessas coisas. Ela nos dá, mas quando é chegada a hora, ela nos tira.
A.F.
O findar
Melhor deixar ele lá.
Com os planos e palavras.
As histórias engraçadas.
As fotografias e as cartas.
Melhor que se finde.
O quanto antes.
Por favor!
Que é pra dor passar logo.
Antes que tudo em mim se vá.
Antes que seja tarde
Pra recomeçar.
Melhor que cutucar feridas,
É cicatrizar e cuidar para não infeccionar.
Inspecionar para que não se repita.
Para que fique melhor e pronto.
Pois já não resisto o pranto.
E realmente é tanto,
Que não suporto mais.
Prefiro esquecer.
Jogar tudo por cima.
Enterrar de vez.
As músicas e melodias.
As letras e rimas.
Do que ir junto.
Morrer e me perder de mim,
Por causa de você.
A.F.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Ela é leonina
Ela não tem paciência.
Bem verdade.
Ela gosta de olhares,
Aplausos por onde pisa.
E por falar em pisar,
Ela não se poupa.
Pisa menos, por favor!
Ela gosta de falar.
Gosta de dominar.
Ela sabe que pode.
Mas, ela escolhe.
Ela não tem meio termo.
Ou é ou nem precisa ficar.
Ela ama ter por quem se arriscar.
No fundo é romântica nata.
Recita versos, declara, excita
Canta e se entrega intensamente.
Ah, ela não mente.
Costuma ser sincera consigo e com os outros.
Ela é simplesmente.
Não tinha como ser diferente.
Ela faz do melhor seu alvo.
Ela nunca espera por ninguém.
Quando já se viu,
Ela está plena e observando tudo.
Ela é felina e sabe como atacar.
Ela é doce, mas sabe ser amarga.
Ela vicia e deixa sua marca.
Uma mulher tão menina.
Um vulcão em forma de gente.
Ela é leonina.
Fogo puro e envolvente.
A.F.
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Lamento
Engraçado.
Você ali forçando uma situação.
Estranho.
Ouvir tanta besteira assim.
Pensei que conhecia um pouco,
Esse alguém que na minha vida passou.
Enganada.
Totalmente enganada pela sua capa.
Não parecia tão errado antes.
Hoje sinto que fui eu.
Acreditei nas verdades.
Esqueci das mentiras.
Alimentei um sentimento.
E hoje está tudo muito claro.
Lamento
Por esquecer de mim
Para preservar você.
Mas isso chegou,
E hoje quem ri sou eu.
É o fim.
Do que nem era para acontecer.
A.F.
sábado, 21 de outubro de 2017
Ato II
Depressa minhas mãos percorrem seu corpo.
Nosso fogo está em todo lugar.
Não interessa a hora, onde e como,
Desde que estejamos juntos,
Queremos nos entregar.
E como eu gosto da forma que tu faz.
Como me delicio do gosto que tens.
Minha pele arrepiada está,
E você chega perto e me faz bem.
Nossos corpos são um,
Você vai deixando tudo por mim.
De repente tudo muda,
E já sou eu que fico ao seu dispor.
Fecha minha boca.
Muda.
Me revira e me traz seu calor.
Pega meus cabelos, minhas mãos,
Deixa atiçado meus pêlos.
Você sabe como me transtornar.
Grita, geme, arfa ao meu ouvido
Me deixa louca e por fim,
Me faz transbordar.
Nesse fluxo que nos balança,
Nessa sintonia gostosa,
Nos damos muito bem.
Deixa-me em frenesi.
Não dê sossego para mim, não.
Que te recompenso com tudo de mim,
Que o ato nos desfaz dos nós,
E somos livres nessa paixão.
A.F.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Ato I
Nosso corpo está em chamas agora.
Estamos nesse transe insano por mais de horas.
É que nosso desejo nos eleva,
Nessa nova realidade que nos interpreta.
Deixo que me domine ao seu querer.
Deixa que me sinto à vontade com você.
Todas as preocupações já se foram.
E nos resta essa entrega sem desaforo.
Pois não existe vergonha ou timidez.
A gente se conhece e se entrega de uma só vez.
Quando nos damos por si
Somos apenas um corpo.
Misturados e molhados em todo nosso sufoco.
Nessa obra de arte que nos refazemos.
No teu corpo por cima de mim,
Desfalecemos.
O prazer nos reativa, motiva e deixa fluir.
E antes de mais nada,
Nos entregamos ao sentir.
Sentir o gosto nu do seu toque.
Sentir seu querer inflamado.
Sentir o desejo nos transbordando.
Sentir que nos permitimos ao ato.
A.F.
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
Seven
Fome de você.
E isso beira a necessidade.
A depravação, a loucura, o querer.
Um instinto feroz de devorar seu corpo,
E me lambuzar na sua pele.
Provar da tua língua,
E satisfazer sua febre.
Apenas sei que não te troco.
Não posso te deixar escapar dessa vez.
Excessivamente me exponho,
E procuro seu toque.
Não me recomponho, me jogo.
E tiro tua gravata com a boca,
Passando meus dedos no seu peito.
É quando fico louca,
E um fogo anormal invade.
Consumida por essa sensação mortífera,
A ira da nossa satisfação.
O calor que aquece e deixa queimar.
Não existe nada capaz de nos parar.
E quando você me morde
Sinto a insana vontade
De olhar nosso reflexo no espelho
Admirando nosso retrato em devaneio.
É quando o ápice desse amor me faz gritar.
Saio de cima do seu corpo a arfar.
A partir dai só quero relaxar,
Te ouvir falar sobre seu dia,
Acariciar seu rosto em frenesi.
Torcer para que a inveja perca o gosto,
E só o doce sabor desse querer nos faça sorrir.
A.F.
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Nós dois e o prazer
O relógio acusa que o dia já tá nascendo.
Mas aqui nesse quarto nós não sabemos.
A minha roupa tá no chão do teu banheiro,
E o seu corpo está em mim, me aquecendo.
Melhor veste não há,
Sua pele é veneno.
A carícia é sem parar.
Minha boca te mordendo.
O teu suor já misturou com o meu.
Nesse fluxo insano,
Só me importa o que aconteceu.
Da história de antes,
Pra essa que nos reescreveu.
Linhas tortas e rabiscadas,
Faz parte do que é você e eu.
Mas deixa que se finde,
O dia ou a vida antes de nós.
Deixa que se perca,
As horas e os cheiros nos nossos lençóis.
Me interesse o agora,
A sua mão no meu quadril e o movimento.
Me importo com o seu hálito quente,
Sussurrando besteiras e os gemidos nesse apartamento.
Toda preocupação está lá fora.
Aqui dentro é só nós dois e o prazer.
Adoro quando perdemos as horas,
E fazemos nosso próprio tempo acontecer.
A minha garganta em chamas,
Rouca de tanto chamar o teu nome.
O seu sorriso safado e a satisfação
De saber que só você é o meu homem.
A.F.
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
Renovation
Naquela tarde te encontrei.
Quisera não te-lo visto.
Mas minhas mãos grudaram nas tuas.
E tudo que existia em mim se desfez.
Foram teus olhos profundos.
Teus lábios carnudos nos meus.
Aquela paixão entorpecente.
Onde faltam palavras, e sobram arrepios.
E tu renovou a vida que em mim morrera.
Fez-se dia meu coração tão escuro.
Mas seria muito melhor esquece-lo.
Sim, pois tenho medo.
Medo de algum dia acordar,
Encarar essa realidade tão fria.
Sou covarde, que seja!
Sou egoísta e só te quero pra mim.
Sinto que não poderei mais negar,
É amor, e sempre foi.
Quando pensei que resistiria,
Já tinhas me ganhado.
Resta apenas me entregar.
Completamente tua, entregue ao teu querer.
E que suas mãos estejam nas minhas,
Com nosso enlace de amor.
Por toda nossa infinita brevidade,
A felicidade nos encontrou.
A.F.
terça-feira, 1 de agosto de 2017
Mudam-se
Nada será como ontem.
Nem mesmo o sol que nasce toda manhã,
As folhas da árvore alta,
Os pássaros no imenso azul do céu.
As coisas sempre mudam,
E eu também mudei.
O amanhã pertence só a Ele.
E dEle sou.
Mas os dias, as pessoas, todo o resto é uma inconstante.
Só permanece quem quiser,
Só fica quem puder.
E que seja sempre assim.
Coisas novas serão bem vindas para mim.
O amor, a doçura, o abraço e o olhar.
Que antes eram de um jeito,
Podem mudar e ser ainda melhores.
O tempo impulsiona a mudança necessária.
O tempo é uma dança que não tem fim.
Mudam-se os pares,
Mudam-se os ritmos.
Mas a melodia permanece, e ele quer sempre bailar.
Que tudo continue mudando.
E que o amor antes mencionado,
Seja de fato eterno, dentro dessa onda,
Que leva dor e traz a paz.
A.F.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Nosso mundo
Onde estamos desde então.
Nós sabemos o motivo.
Nós queremos desse jeito.
Talvez meio sem jeito,
Mas ainda assim nosso.
Damos o nome que quisermos dar.
E por ser nosso, nos acolhemos lá.
Sim, existe muito amor.
Não podia ser diferente.
Em nuances alguns nos dizem
Que somos mais do que dissemos ser.
No fundo importa o que sentimos.
O que nos tornamos e criamos.
Esse mundo inteiro pra nós,
Onde nos eternizamos.
A.F.
terça-feira, 18 de julho de 2017
Completa e nua
Completamente nua.
Nua dos meus devaneios completos.
Da burrice da minha mente.
Mentalmente incompleta,
Mas nua das loucuras de tempos atrás.
Sigo nessa de completar meus vazios.
Vazios estes que despiram-me.
E prefiro esse libertar de vestes,
De mentes e de mentiras.
Que só me levaram para longe de quem era.
Da mulher que fui um dia.
Completa e nua.
Sinto-me inteira por fim.
Uma vez sentida,
Hoje sentida por mim.
Despida e transvestida de ideias novas.
De novos ares e colares.
De mentes e mensagens.
Do que posso ainda conquistar.
É isso que anseio dentro de mim.
Um corpo nu, idealizado
Porém moldado por meus olhos,
Revestido de sutilezas
Permitindo-me sempre transformar.
A.F.
Se é
Não vim falar da chuva
Ou da primavera dos seus olhos.
Do riso que paralisa minh'alma.
Das noites frias que me aquecem.
Vim falar da sensação inebriante.
Quase intocável e plena.
Do amor que reconhece-se antes de se conhecer.
Antes mesmo de dizer meras palavras.
Antes do sinos tocarem,
E tudo perder ou fazer sentido algum.
Do sussurrar dos ventos de outono.
Da época que não se sabia o que é ser.
E que agora se é, simplesmente!
E como se quer ser por amor ao outro.
Não, isso transcende um poema.
Uma homenagem ou gratidão, quer pense.
Isso é o improvável sendo possível aos olhos
Dos que enxergam com o coração.
A.F.
terça-feira, 4 de julho de 2017
A loucura
Queria ter aquela coragem.
De sair falando dos sentimentos,
Das dores do meu peito pequeno,
Das metamorfoses que passei.
Sentiria o de menos,
Ou demais das vezes que tentei,
Da vida que em mim busquei
Nos olhos escuros que perdi.
O verbo que um dia rasguei,
As brigas pelas quais evitei
Dores psicológicas que omiti.
Talvez, só talvez, seria mais fácil.
Menos dolorido falar sobre o amor,
Que vez ou outra me faz relembrar.
Passar dias ou horas refletindo,
Meditando diante de mim mesma,
A loucura que me fez te deixar.
A.F.
terça-feira, 27 de junho de 2017
Fez bem
Imediatamente pensei naquela música.
Do ponto final que daríamos juntos.
Não do fim e sim do começo.
E tudo mudou.
O beijo ficou sem sabor.
A dor virou rotina.
Você me mostrou coisas.
E eu já não sentia a mesma emoção do início,
Das descobertas e dos encantos mil.
Fiquei assim, esperando mais e mais.
E quando vi você tinha ido.
Fiquei apenas com aquela música no ar.
E tudo que aprendi não servia.
As coisas faziam sentido,
Mas eu não sentia.
Estava assim, por longos segundos.
Um ano virou dias,
E o calendário era diferente em mim.
Fez bem.
Foi tudo lição.
E se hoje posso falar disso sem chorar,
Foi por que a vida me ensinou
A viver o amor sem rancor,
Mas com gratidão das lições que vivi.
A.F.
Sobre certas coisas que não sei explicar
Não quero mais olhar pra trás.
O novo me seduz sempre.
Um pouco e um tanto mais.
E é doce em meus lábios.
Desce quente e saboroso.
Sinestésico é meu sentimento.
E tudo se faz melhor.
Antes estive esperando.
Não sei bem o que.
Não sei bem quem.
Mas já não mais preciso.
O tempo é agora.
E meus olhos querem esse novo luar.
Um abraço e um aconchego.
O beijo na testa ou na boca.
A inocência ou a malícia.
Quem sabe os dois juntos.
Quero essa nova interpretação.
E transbordar dentro de mim.
Emocionada e com outra visão.
Sobre os outros, a vida e sobre o amor.
Sentido ou não.
A.F.
segunda-feira, 26 de junho de 2017
Sempre foi nós
A gente pensa que não é,
Mas já tinha sido antes de ser.
Imaginamos mil coisas,
Nunca é aquilo, é mais.
As expectativas são em vão.
Nada é comparável.
O finalmente chega e mostra tudo.
O oculto do que tínhamos escondido de nós.
As vezes estava na cara.
Mas complicamos e tudo muda.
Da rota e da rotina.
As coisas se transformam,
E mutuam as muitas verdades.
Só o que resta são especulações.
Minhas e tuas.
Do amor que agora ousamos falar.
Da vida que faz tudo girar.
Do tempo que nos trouxe aqui,
Para sermos um do outro
Nesse eterno repensar.
A.F.
domingo, 18 de junho de 2017
Door
Quando pensei que não mais te amava,
Ouvi dos seus lábios um adeus.
Aquilo me pegou desprevenida.
E eu precisava fazer alguma coisa.
Não queria mudar de vida,
Já estava acostumada.
Aquela nossa rotina,
Nossas tardes no café.
Os cinemas, as comidas.
Tudo era perfeito para mim.
Valorizei até nossos erros.
Insisti que deverias repensar.
Que o amor oscila, mas não termina.
Tarde demais.
Você tinha traçado uma nova vida.
Era novos lábios, um corpo jovem.
E aquele maldito cabelo longo.
Outra vez uma surpresa.
Porém, agora uma decepção.
Pensei que tinhas consideração.
Pensei que ainda restava respeito.
Alguma chama de paixão.
Fui enganada e me senti culpada.
Mas passou.
Tudo passa.
E as coisas acontecem como precisam.
As dores podem ser portas,
Que permitem novas chances, novas acertos.
A.F.
terça-feira, 30 de maio de 2017
Relacionar-se
Relacionamentos são complicados, e quem disser o contrário está mentindo ou nunca teve um de fato. São duas cabeças totalmente diferentes, opiniões, gostos e manias que divergem em algum ponto. E cá entre nós, é tudo muito lindo no começo. Aqueles livros de romances com aqueles ingleses maravilhosos nem chegam perto. A gente fica nas nuvens, tudo parece mais bonito, é o começo de algo novo. Existe uma série de coisas que vamos conhecendo no outro, vamos dividindo, compartilhando as coisas boas que temos a oferecer. Exatamente, só as boas, as ruins, os defeitos eles aparecem com o tempo. Nunca é de cara. Aquele velho clichê. E as músicas? São tantas as canções que nos fazem pensar naquele alguém. As letras começam a fazer sentido, e tudo vai parecendo mais azul no seu mundo branco e preto. Até ai tudo bem, mas e quando chega a primeira briga? O primeiro término? (sim, por que eu duvido que existe algum casal que nunca terminou, nem que seja por algumas horas). E aí? Bom, é nessa hora que você vai de fato sacramentar sua relação. Nas flores é fácil sorrir, quero ver na horas dos espinhos manter-se firme. Relacionamento nunca será fácil, vai por mim. Mas é maravilhoso saber conversar, passar por cima do orgulho, aprender com os erros, ajudar o outro, dividir momentos, compartilhar sonhos. O importante mesmo é se tornar uma pessoa para todos os momentos. Ter alguém parceiro ao seu lado, que você sabe que pode desabar o seu mundo, mas ele vai fazer questão de ajudar a reconstruí-lo contigo. Encontrar no outro um amigo, acima de tudo. Entender que vocês dois são livres, mas que essa liberdade envolve confiança, respeito e amor. E não venha com esse papo de que ciúmes é errado, por que para um bom amante uma dose certa de ciúmes é essencial. Relacionar-se envolve duas vidas que querem ser uma. E o meu desejo verdadeiro é que todos possam encontrar sua parte inteira. Isso mesmo, por que o amor não é feito de duas metades, e sim de dois inteiros que se transbordam.
Amanda Freire
terça-feira, 23 de maio de 2017
Dores e Desejos
Está de noite lá fora,
E aqui dentro já nem sei.
Meus pensamentos são um misto
De dores e desejos.
De sonhos e realidades cruéis.
A música que antes ouvia,
Hoje é apenas um zumbido.
E o peito é um risco negro.
Eu tive chances, tive sim.
Poderia ter sido diferente.
Mas nada é tão simples
Quando se trata da gente.
E o frio que insistia em entrar,
Invadiu de vez e ficou em mim.
Lá fora algum casal prometeu amor eterno,
Pude ouvi daqui da janela, e sorri
O amor é só isso?
Palavras bonitas em noites estreladas?
Ou é essa ferida que aperta todo dia?
Já nem sei mais.
Sei apenas que você não apareceu.
Meus olhos percorrem a rua, tão vazia...
Os raios avisam: amanheceu!
São eles minha única companhia.
A.F
quarta-feira, 26 de abril de 2017
Dos dias sem fim
Tinha tanto o que falar.
Agora vejo que não.
As palavras não saberiam julgar,
Os diversos sentimentos em mim.
Nasci de nua estrutura.
E o tempo me vestiu de sabedoria.
Não sou dona da razão e nem sua.
Sou dona da minha rima.
Das incertezas que optei descartar.
Das verdades que comecei a contar.
Sou um pouco da ruína.
Dos destroços que vieram.
Nenhuma dor é em vão, disseram.
E o recomeço sempre será opção.
Venho apenas olhar,
Não quero causar nenhum mal.
Nem a você e muito menos à mim.
Que fique o que de bom restou.
Afinal, houveram dias sem fim.
A.F
terça-feira, 18 de abril de 2017
Murmúrios
Não sei como vim parar aqui.
Somente estou.
Mãos geladas, peito palpitando.
Ouço tambores, buzinas e barulhos estranhos.
Todos vindo de mim; dentro de mim.
Sou uma em mil versões do que fui um dia.
Maldito dia que te vi.
Não sei ainda a razão de tanto alarde.
Era só um encontro, algumas palavras trocadas.
E ainda não era tarde para falar de sentimentos.
Mas existe a hora exata?
Existe algum pré-requisito?
Se existia, não o sabia, admito.
E falei das mentiras e das verdades.
Sentia que podia me abrir com alguém, outra vez.
Mas nem tudo é tão simples.
As vezes é muito pior.
Só que eu não sabia, e me envolvi sem temer.
E quando vi que não sentia o mesmo.
O desespero foi imediato, e os tambores soaram.
A gritaria em minha cabeça.
A insonia de madrugada.
Toda a merda já vivida,
Toda droga já sentida,
Toda raiva expressada.
Tudo voltara.
E o ressentimento foi crescendo,
Não me via mais aqui.
A dor virou refúgio,
E de novo sumi.
E o que resta são os murmúrios,
De bocas, de olhos, de coisas.
Qualquer coisa que dizem por aí.
Já não sou quem sempre fui.
Não é crime matar quem nunca vi?
A.F
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
TOP = Faixa do Djavan (6°)
Te devorei na primeira faixa do Djavan.
E se você demorasse, eu morreria.
O milagre de Deus, você em meus olhos.
Não pensei, apenas o vi.
Tudo fugiu de mim, tudo saiu do chão.
Não sei para onde fui, sei apenas que o mirei.
E não penso em mais nada, em mais nada.
Não quero outra vida, quero devorar-te.
Devorar cada beijo que seus lábios guardam.
E cada afago que seus dedos oferecem.
Tens sinais claros, e todos estão me convidando.
Convite dado ou não, quero mesmo você.
De mãos dadas no parque.Ou em um dia frio.
Nós em qualquer lugar, ao som daquela canção.
Sei que o vi, e depois de ti não sei mais de nada.
E se você demorasse, eu morreria,
Mas nasceria para te amar de novo, e de novo e outra vez...
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