Não sei como vim parar aqui.
Somente estou.
Mãos geladas, peito palpitando.
Ouço tambores, buzinas e barulhos estranhos.
Todos vindo de mim; dentro de mim.
Sou uma em mil versões do que fui um dia.
Maldito dia que te vi.
Não sei ainda a razão de tanto alarde.
Era só um encontro, algumas palavras trocadas.
E ainda não era tarde para falar de sentimentos.
Mas existe a hora exata?
Existe algum pré-requisito?
Se existia, não o sabia, admito.
E falei das mentiras e das verdades.
Sentia que podia me abrir com alguém, outra vez.
Mas nem tudo é tão simples.
As vezes é muito pior.
Só que eu não sabia, e me envolvi sem temer.
E quando vi que não sentia o mesmo.
O desespero foi imediato, e os tambores soaram.
A gritaria em minha cabeça.
A insonia de madrugada.
Toda a merda já vivida,
Toda droga já sentida,
Toda raiva expressada.
Tudo voltara.
E o ressentimento foi crescendo,
Não me via mais aqui.
A dor virou refúgio,
E de novo sumi.
E o que resta são os murmúrios,
De bocas, de olhos, de coisas.
Qualquer coisa que dizem por aí.
Já não sou quem sempre fui.
Não é crime matar quem nunca vi?
A.F
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