segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Olhos de cigana


Meus olhos vazios.
Ainda se enchem ao vê-lo.
Despem sua pele e se lembram,
Do toque macio do teu beijo.
Ainda carregam essas memórias.
Mesmo vazia posso enchê-lo
Das minhas neuras e dramas.
Das minhas frases mal ditas.
Malditas!
São íris enganosas, são.
Elas refletem uma saudade.
Um desejo escondido.
Eu não quero isso!
Não preciso disso!
Só me falta juízo e razão.
A sensibilidade esta por todo meu corpo.
O desejo que não quer passar.
A vontade e o medo de te encarar.
Dizer simples coisas.
Permitir essa ânsia me dominar.
Meus olhos escuros gritam e gemem.
Só querem derramar frouxamente
As lágrimas que eu não deixei rolar.
Toda a mágoa que eu não me permiti expressar.
Sim, meus olhos refletem a alma.
É a janela obscura do meu ser.
Opacos, oblíquos e enganosos.
Uma cigana presa e livre a me enlouquecer.

A.F.

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