quinta-feira, 9 de maio de 2019
Lugar
No suor um gosto peculiar,
E eu segui testando.
A língua suave perdida,
Na pele quente dele.
O peito trêmulo e o calor.
Em um cômodo apertado.
O cinza da cidade fria.
A caneca por cima da mesinha.
O cheiro amadeirado no ar.
Tu podias não me olhar,
Mas eu já te conhecia.
Era certo, não mais errado.
Não fora um engano.
Estava esperando por isso.
Por mim.
Por nós.
O teu suor ainda escorria.
E eu o sequei com meu beijo.
O puxei para o corpo pequeno,
E cochichei algo engraçado.
Queria te ver sorrir.
Quebrar a barreira da timidez.
Te enxergar além do pudor.
Saber que você me esperou,
E quer isso tanto quanto eu.
A língua seguiu um rastro.
Os teus pêlos e o cabelo molhado.
Um convite para continuar.
A sua boca macia em mim.
Teus olhos abertos dizendo sim,
"Pode entrar que o amor tem lugar".
A.F.
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