quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Pseudônimo do amor



Ele chegou muito perto dessa vez, antes de tropeçar nas palavras, sorriu e acenou. Ela não viu, mas ele corou, e decorou tudo que estava prestes a dizer, mas não foi dessa vez. Ela não reparou nas vezes que ele a protegeu, quando todos diziam que ela não passava de mais uma garota mimada, ele a defendia e dizia sem hesitar que ela era fantástica no que fazia. Ele sabia, ela tinha aulas particulares de segunda à sexta, mas forjava estar doente para não frequentar. Ao invés disso saía com amigos, totalmente fora do ciclo que ele podia imaginar em conversar. Ela fazia mais o tipo popular, mas ainda o olhava e retribuía os acenos e os bom dias que ele gaguejava. Ele fazia mais o tipo tímido, mas não nerd, ele tirava alguns dez, mas a maioria era nove ou sete. Ele falava sobre coisas como o sistema solar, e de como tudo que ela usava parecia ter sido feito sob medida. E ela frequentava a academia, mas escrevia poemas e publicava usando um pseudônimo. Como ele sabia? Ele a viu escrevendo debaixo de uma árvore um dia, e aquela visão o deixou curioso e encantado. Aquela menina que agora ele estava apaixonado, quase soube de verdade o que ele sentia. Quase, mas não dessa vez. Ele não conseguiu iniciar um diálogo, mas ele treinava todo santo dia. Sonhava com aqueles cachos dourados, e a pinta que ela tinha perto dos lábios. Imaginar falar de todo aquele sentimento o deixava em agonia. Mas quem sabe um dia ele teria coragem. Pensou em escrever uma carta, mas achou muito piegas. Arriscou uma canção, mas ainda sim achou brega. Então, decidiu entrar no blog dela, e foi comentando em cada poema, em cada desabafo daquela escritora. Ela foi correspondendo, e quando viram estavam se entendendo de uma forma inspiradora. Ele prometeu dizer quem era, se ela também quisesse mostrar sua real identidade. Ela parecia confusa, estava tão segura que estava sendo ela de verdade. O anonimato dos dois foi desfeito em um encontro no parque do bairro "tal". Ele não sabia como reagir, mas ela o olhava com um ar de surpresa e desaprovação. Então quebrou o silêncio, dizendo seu nome e que era dela o seu coração. Ela abriu para ele um sorriso tímido, o qual jamais tinha visto e era mais outra coisa pelo que se encantar. Ela disse que sabia seu nome, e que há muito tempo esperava para ele se apresentar. Na cabeça dele, ela jamais o esperaria, jamais saberia quem seria o "fulano de tal". Mas na cabeça dela, ela aguardara o dia para dizer olhando em seus olhos, que não imaginava a sorte que tivera. E ela era tão dele, quanto ele era dela. O amor tem dessas coisas, e eles dois souberam que se têm o melhor quando se espera. Agora o dia chegou, e ele disse o que tanto clamava o seu coração, e ela repetia que o amava, mas que tinha temor da desaprovação. Eles riram juntos, e o som de suas risadas ecoaram nos poemas dela. Ele finalmente provou do gosto daquela boca, que por horas imaginou a sensação, e que agora nada chegaria perto de tamanha emoção. Os dois seguiram juntos, de mãos dadas até a livraria mais próxima, onde ele jurou um dia comprar o primeiro exemplar do livro de sua poetisa amada. E os planos foram surgindo, alguns sonhos e viagens à vista, e o amor saiu da sombra, a paixão ganhou cor e neles se faz viva.

P.S

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