sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

1813


Era para ser mais um mero poema.
Quando li, era tortura pura.
Não que fosse culpa sua.
Jamais duvidara da sua inocência.
Mas me prestava a sentir
Minha súplica incoerência
De vê-la e mentir.
Mentir pra mim, pro meu coração.
Que fora carência, passageiro devaneio.
Sentei meu corpo naquele chão.
E vaguei, pensando em tudo.
Seria estranho se não fosse amor.
Mas como poderia ser?
Não nos tocamos, não lhe escrevi.
Até agora.
E estava alucinado, pairando nos seus lábios.
Em como eles eram beijáveis.
Em como tudo era sublime.
De soslaio, sua postura de dama.
De mulher que era, de donzela.
Era 1813, e não me permitia.
Eram várias as barras de vestidos.
Mas só a dela, só queria aquela...
Menino que era, pudera,
Enrroscado nos seus cabelos lisos.
Que ironia, tão lindos e finos.
A doce ilusão de amá-la.
E escrever era mais fácil que falar.
Quando lerias?
Não soube afirmar.
Esse pobre e infeliz
Só queria, fitá-la,
Encorajado pelo desejo,
Apenas que fosse rápido,
Um beijo, e assim morrer.
E era pra ser um poema,
Perdoe-me, mas é tão avassalador,
Contagia minha alma,
Contagia o que em mim se salva.
Se de fato soubera, teria a evitado.
Mas não se manda no destino,
E ele a colocara em seu caminho,
E viu-se fadado a ama-la
Por toda uma vida.

Ad nama

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