quinta-feira, 30 de abril de 2015

Um devaneio


Levemente me olhas,
Molhando os lábios em brasa.
Suas mãos fecham a porta,
Na pele desliza a toalha.
Os números do relógio estão confusos?
Ou de fato são meus sentidos que evaporam,
Quando sua língua invadiu de mansinho...
O tempo parecia um só.
Na surdina ouvia-se um gemido.
O suor aromatizava seu corpo nu.
Mais belo quadro já visto.
Você e seu quarto azul.
Passaria ali vinte horas do dia.
O resto usaria para descansar.
Cada músculo meu já sabia,
Do momento de não cessar.
Uma espécie de poesia,
Carregada, montada e escancarada.
Senti teu gosto no ar.
Sorria e permitia,
Do amor, sem amor, até despertar.

A.F.

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