quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Válvula de escape

Deixe que minhas lágrimas falem por nós dois.
Não quero te ouvir.
Porque já ouvi o suficiente de uma vida.
Fechei meu peito também.
E agora a válvula de escape é a lágrima.
 Ela desliza e me adormece.
Não fale mais nada.
Só me deixa soluçar á vontade.
Calei meus pensamentos.
É no choro que recito as minhas verdades.


Amanda F.

Querer não é poder

Quero ter três filhos com você.
Um cão para brincar com as crianças.
Uma banheira para tomar banho contigo.
Um carro para nos levar daqui pro futuro.
Quero ter um futuro ao seu lado.
Quero viajar até o fim do mundo e além.
Quero isso tudo com você.
Quero cozinhar pra você.
Quero fazer amor só com você.
Quero meus dias inteiros preenchidos com seus beijos.
Quero toda manhã te olhar ao acordar.
Quero te realizar.
Quero uma vida feliz ao seu lado.
Mas você não quer.
E então, ficarei só na vontade...

Amanda F.

Amor, ah o amor...

Descobri no desamor o que é o amor. O amor é isso de você dar, sem ao menos desejar retribuição necessária. É esse negócio de estar em corda bamba dançando lambada e adorando a sensação de quase morte. É o frio na barriga, o suor, a ansiedade misturada ao detalhismo. A agonia de ver a pessoa amada. É tudo isso de se expor sem medo de vaias ou de tapas. É a coragem além do que se pensa ter. É um turbilhão de dúvidas, de temores, mas carregado de desejos, de anseios, de vibração interna. O amor é aquilo que nos ataca, nos rende e não tá nem aí se isso fere ou mutila. É essa loucura esquizofrênica de vivenciar em um sonho cotidiano. É a arte desenhada nos sorrisos. É quando os olhos enxergam além dos corpos e apreciam a alma um do outro. É quando não há necessidade de banda, de voz, de tumulto, só a brisa do ar sussurrando aos ouvidos, confessando que o amor é impecável quando se ama e é amado. O amor é isso.  O amor é além disso, o amor é aquilo que não se explica, sente. No amor encontra-se um abrigo ou um desamparo eminente. Vejo no amor um segredo, um enigma. Amor é vida, é morte em vida, é o delírio de viver para morrer de tanto amar.
Amanda F.

Fotografia

Olhei para sua foto e sorri.
Sua imagem emoldurada no retrato do meu peito.
Reviveu, como a muito tempo.
Revi suas feições de anjo.
Olhando-me com extrema ternura.
Suas covas ao sorrir.
Tudo bem ali.
Na foto que segurava.
Sua fotografia guardada.
Não só no fundo de minha gaveta.
Mas no íntimo da minha memória.
Reviver-te parece engraçado.
Mirar-te e me apaixonar outra vez.
Inevitável.
Olhar-te com devoção espontânea.
Mas os pesares ainda estão em mim.
São cicatrizes que não saram.
E o pior é que eu tentei.
Rasguei suas cartas, queimei suas fotos.
Exceto uma.
A minha favorita.
Foi no dia do seu aniversário.
Você usava a camisa que te dei.
Estava lindo sorrindo, descontraído.
Eu o fazia rir das minhas besteiras.
Naquela época eu nem desconfiaria.
Para nós era eternidade.
Mas hoje só resta uma fotografia.
Que em mim desperta essa saudade.


Amanda F.

sábado, 21 de setembro de 2013

Olhos

Só sei que te olhei. Aquilo foi o fim para mim. Para alguma coisa que eu pensei em ser na vida. Qualquer porcaria serviria. Mas quando te olhei percebi que não. Eu tinha que ser melhor. Tinha que dar meu melhor. Almejar algo maior. Só por você. Depois daquela vista, não vejo outra saída. Seus castanhos me enlouquecem, desfalecem e me umedecem. Vou perseguindo a luz do seu olhar. Querendo sempre mais, tudo por ti. Não sei até quando será assim, mas que seja até o fim. Esse fim que não se acaba. Nosso eternizar. Quando te olhei não tinha nada. Se hoje sou alguém, foi por culpa do seu olhar.

Amanda F.

Basorexia

Encosto meus lábios lentamente nos seus. Provo do seu gosto como uma serpente, silenciosa, pronta pra atacar. Lambuzando nossos desejos de saliva. Sou dominada por ser dependente. Pior que qualquer droga, é você pra mim. Sua boca tem algo que me faz querer o infinito do amor. Me faz ficar assim, incontrolável. Quando dou por mim, estou por cima. Tirando os botões da sua camisa preta. Arranhando suas costas, dominando seu quadril vil. Estou a mil e não desgrudo dos lábios que me envenenam. Cada suspiro que sinto, são como os sons do êxtase desse amor. Você me embriaga com seus lábios alcoólicos. Sinto que não sou mais eu, somente vou guiada pela incontrolável desejo de te beijar. Beijar cada pedaço carnudo da sua boca de homem. Beijar cada espaço desse nosso céu. Somente beijá-lo até não mais existir dor. Nossos dedos entrelaçados. Nossos corpos banhados de suor. Meu cabelo no seu peito. Meus seios em suas mãos masculinas curiosas, safadas, provocantes. Delicio cada segundo que sinto-te em mim. Pois não sei do amanhã, não sei do vir. Sei que do momento real. Do agora e até o final. De tudo que você me mostrou. Tudo começou com um beijo, insano beijo que nos faz ceder aos íntimos segredos do amor.

Amanda F.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Teu esmero

Você me fez se arrumar.
Quando queria me jogar na cama e dormir.
Você me tirou o ar.
E não pude mais sair.
Estou presa à você.
Com a vontade e o querer.
Fica, só não some.
Brinca e me ama por me ter.
Soa, se joga e me leva contigo.
Você me fez acreditar no amor.
Quando ele mais me castigou.
Você me fez ser alguém que nunca pudera.
Você modificou o que eu era.
Estou condenada.
Meu servir é somente teu.
Sou tua escrava, teu esmero.
A que morre aos toques teus.
Você me fez um favor.
Quando nem se quer te pedi.
Você trouxe o amor, me salvou.
Sou eternamente grata à ti.


Amanda F.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Doentio

Na bolsa um pouco de tudo.
Sua mente virou um tobogã.
Escoa como água as coisas que viveu.
E como água transborda no rosto o que perdeu.

A famosa citação lhe ocorreu.
Lugar errado, pessoa errada, hora erada também.
Restos de sangue ainda em suas  mãos.
Restos de restos que tornou-se então.

Resolveu fugir, se esconder.
Por trás de sua angélica feição.
Da memória a eterna ilusão.
E o corpo estirado no chão.

Culpa o mundo, culpa o outro.
Culpa a todos, culpa o desespero.
E tudo vira um jogo de sete erros.

Sua última cartada foi a final.
Tirou a vida por uma coisa banal.
Arriscou-se, enfeitiçada pela vingança.
E hoje é condenada por seu eterno carma.

Não vale a pena, sussurrou a mente pequena.
No espelho outra figura que a reflete.
Um olhar sombrio a persegue.
Olhar doentio de alguém que não parece.


Amanda F.

Precipício


Não troco minha insensatez por nada.
Prefiro os olhares de reprovação que vem das ruas.
Prefiro me atirar completamente nua.
Saciando minhas mais nova jornada.

Espero que isso dure um pouco mais.
Só pra encaixar tanto querer assim.
Chega a transbordar demais.
Isso que vem de você pra mim.

Faço da vida um poema.
Com esses versos que antes não tinha.
Foi por tê-lo completamente meu.
Que hoje sou essa rima.

Tantas coisas que perdi.
Ausências que provoquei.
Juras que nem sequer pensei em fazer.
Vazios que preenchi.

Hoje isso não me importa.
Se tenho esse céu que é seu olhar.
Nada disso me sustenta.
Se é por você que deixei de me preocupar.

Sua veste que me veste.
Sua boca que me alimenta.
És a essência do meu viver.
Não existe um eu sem um você.

Depois de ti não existem outras vias.
Sigo consciente.
Sempre em frente.
Até onde você estiver.

De mãos dadas, um compromisso.
De vendas, seguindo o instinto.
Pois esse amor virou meu precipício.
Onde atirei-me sem medo de voar.


Amanda F.