quarta-feira, 1 de abril de 2020

sobre os últimos dias da terra


Nessas manhãs sombrias, o rosto dele me iluminava gentilmente. É assim que se vive uma vez. Amando, permitindo-se errar e acertar. Foi para nós uma oportunidade de tentar nos achar, dentro de nossos corpos fechados e punhos cerrados. O orgulho não nos conteve. Nós vencemos juntos dessa vez. Mesmo diante de tantas notícias ruins. Criamos um escudo e só absorvíamos o que era útil e agregava. Deixamos pra trás toda mentira e briga à toa. Não era tempo pra isso. Desfrutamos do tempo que tanto pedíamos. Desfrutamos de nós dois. Que delícia viver assim. O mundo inteiro um caos, mas aqui dentro somos um e vencemos juntos. O amor é um sacrifício diário, mas parecia tão fácil com você. Você sorria meu coração. A vida se tornara outra. Mais leve. Mais especial. Mais contagiante. Queria que todos pudessem sentir aquilo que sentíamos. Queria poder gritar que nada mais me importava se o tinha ali. Você era minha força. Eu era a sua raíz. Nutríamos nosso jardim do amor. Tudo era novo e o renovo em mim era transcendental. Em tempos difíceis seguramos a mão um do outro e nos juramos amor eterno diante do findar dos dias na terra fria, esgotada e amarga. Prometemos um pra sempre, mesmo sabendo que ele não existia. Fomos contra tudo aquilo que acreditávamos. Nos reinventamos e passamos a viver a vida que tanto sonhávamos.
A.F.

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