domingo, 1 de março de 2020

Prisão


Restaram as palavras soltas.
As poesias sem métricas.
As rimas desengonçadas.
Uns versos rabiscados.
Eu era poeta.
Você a inspiração.
A melodia de toda minha música.
A canção por fim cessou.
E o silêncio veio e ficou.
É inverso aqui.
Paralelo da solidão.
O inverno que congela meu peito.
O inferno que me condenou.
Prisioneira sou.
Perpétua de ausências.
Do gosto bom do teu cheiro.
Da canela do seu beijo.
Das flores dos cachos seus.
E sou refém pra sempre.
Da agonia de não sermos um.
Da imensa dor de não ser tu, meu poema.

A.F.

Nenhum comentário:

Postar um comentário