Larguei suas mãos, e com os lábios ainda molhados te pedi pra sair. Você me encarou por exatos 5 segundos, pegou suas coisas e abriu a porta do quarto. Segurei uma lágrima, o coração desfarelado chorava. Voltou até mim, alisou meu rosto, imparcial. Beijou minha testa e disse adeus. Aquilo não. Aquilo já era tarde demais. O agarrei com as mãos, impedindo sua partida. Entre lágrimas e gemidos fizemos amor. Você me comia com a voracidade familiar, eu me deliciava com seu apetite infinito. Agimos como de costume. Depois, cochichou que me amava. Aquilo não. Aquilo já era tarde demais. O fitei calada. Os seios pra fora, seus dedos esmagava-os. Me concentrei na sua última palavra. Amor. O que era o amor? Olhei seus lábios roxos, suas costas arranhadas, e entendi. Amor é a mutilação, é a própria ruína. O que não se pode ver faz do amor um sentimento. De fora ele é vulgar. É inexplicável por dentro.
A.F.
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