segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Sem arrependimentos



Sem arrependimentos. Prometi que seria assim a partir de hoje. Decidi que não mais me lamentaria. Não mais. A vida é curta e eu preciso desfrutar de cada segundo dela. Essa passagem custou caro e eu não vou desperdiça-la. Não mais. Quero beber cada taça de vinho e planejar viagens que irei realizar. Quero que cada plano saia do papel a partir de agora. Não quero viver de teorias bonitas. Quero realidades sentidas. Boas ou ruins. Eu preciso sentir cada brisa. Quero enlouquecer de amor ou ódio. Não estou podendo exigir. Não mais. Decidi que serei assim, gostem ou não. Gozem ou não. Vou simplesmente rasgar meus vestidos velhos, não quero mais acumular coisas que não me servem. Não preciso mais perder tempo buscando algo que eu nunca soube o que era. Quero apenas sorrir e relaxar. Sofrer as consequências. Chorar e gargalhar. Conhecer novas pessoas. Dá um fim em ciclos tóxicos. Beber um gim e falar mal dos homens. Sair pra dançar e chegar comendo tudo que tiver na geladeira. Sem arrependimentos. Esse é meu mantra. Minha mais nova religião. Serei devota. Obediente. Não vou mais me sentir menos eu. Não vou mais me comparar . Não mais. Vou abrir meus braços e envolver em meu corpo. Cuidar de mim. Me ninar. Vou dizer que me amo. Vou mostrar que posso mais. Não irei mais me sabotar. Não mais. Nunca é tarde pra recomeçar, arriscar e ver que sua beleza é rara e que o grande amor da sua vida sempre esteve ali na sua frente, no seu reflexo. 


A.F.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Início, meio e fim.

Sem querer te olhei.

E você me retribuiu o olhar.

Você me convidou pra dançar.

Suas mãos correram minhas costas.

A música no ar nos embriagava.

Ou era a fumaça.

Ou era a graça.

Sei que dancei.

A noite foi pequena.

Não foi suficiente pra nós dois.

Tive que pegar seu número.

No dia seguinte a gente marcou.

Jogamos conversa fora.

Nos revelamos.

Conectamos.

Como nunca o tinha feito.

Nos beijamos lentamente.

O mundo parou imediatamente.

E seguimos em frente.

Dias nos consumiram.

O calendário perdeu suas folhas.

As noites frias chegaram.

Os pensamentos profanos.

As cicatrizes.

As feridas.

A dor nos calou.

E a última lágrima caiu.

O amor nos deixou à sós.

Nos olhamos pela última vez.

Recordei a primeira.

Senti meu peito sangrar.

Engolimos o choro.

Não tinha mais o que chorar.

Nos despedimos.

Acabou.


A.F.

Entenda

Antes de tudo, não diga nada.
Não pensa que voltei.
Não foi por isso.
Foi por outros motivos.
Ainda vou inventar algum aqui.
Calma.
Alguém ainda vai aparecer.
Assim, talvez, você perceba.
Perdeu a mim. De vez. Pra sempre.
Então, não ouse pensar.
Nada aqui foi por ti.
Estou bem.
Feliz.
Completa.
Não preciso de você.
Não voltei pra recordar.
Não faz falta seu abraço.
O cheiro amadeirado no travesseiro ao lado.
Já esqueci do seu jeito.
Dos gostos peculiares.
Da sua mania boba de me irritar.
Não, eu não sonho contigo.
Nem choro.
Nada.
Apenas quis estar aqui.
Vim sem perceber.
Cheguei no seu endereço.
Chamei pelo interfone.
Foi o costume.
A rotina de meses atrás.
Foi só isso.
Entenda.

A.F.